21x14cm, 128 pages
Português language
Published Dec. 29, 2004 by Global.
21x14cm, 128 pages
Português language
Published Dec. 29, 2004 by Global.
Antero de Quental, homem de personalidade estranha, sombrio, niilista, mas também virtuoso, humilde, atormentado "pelo olhar da esfinge", segundo a expressão de Miguel de Unamuno, "um santo que era um gênio" (Eça de Queirós), foi o destino mais trágico da literatura portuguesa. Poeta e pensador, integrou a famosa geração de 70, que sacudiu a mesmice da vida portuguesa, procurando integrar o país ao mundo moderno. Antero era o centro dessa geração brilhante, da qual faziam parte um Eça de Queirós, um Oliveira Martins, um Ramalho Ortigão. Natural dos Açores, Antero (1842-1891) formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra (1864), onde sempre assumia a liderança nos conflitos entre o conservadorismo da instituição e o espírito de rebeldia dos estudantes. Durante essa fase escreve as Primaveras Românticas, só publicadas em 1872, os Sonetos (1861) e as Odes Modernas (1865), que traziam um frêmito novo à poesia portuguesa, pregando o progresso social e …
Antero de Quental, homem de personalidade estranha, sombrio, niilista, mas também virtuoso, humilde, atormentado "pelo olhar da esfinge", segundo a expressão de Miguel de Unamuno, "um santo que era um gênio" (Eça de Queirós), foi o destino mais trágico da literatura portuguesa. Poeta e pensador, integrou a famosa geração de 70, que sacudiu a mesmice da vida portuguesa, procurando integrar o país ao mundo moderno. Antero era o centro dessa geração brilhante, da qual faziam parte um Eça de Queirós, um Oliveira Martins, um Ramalho Ortigão. Natural dos Açores, Antero (1842-1891) formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra (1864), onde sempre assumia a liderança nos conflitos entre o conservadorismo da instituição e o espírito de rebeldia dos estudantes. Durante essa fase escreve as Primaveras Românticas, só publicadas em 1872, os Sonetos (1861) e as Odes Modernas (1865), que traziam um frêmito novo à poesia portuguesa, pregando o progresso social e cujo fundo o poeta sintetizou na frase provocadora: "a Poesia moderna é a voz da Revolução". Mas é nos Sonetos que se encontra a mensagem mais alta e pessoal, mais densamente humana de Antero, traduzindo os seus conflitos íntimos, a sua alta tensão espiritual, a angústia permanente de uma alma sedenta de luz ("Viva e trabalhe em plena luz: depois/ seja-me dado ainda ver, morrendo,/ o claro sol, amigo dos heróis!"). Depois de duas edições com um pequeno número de poemas, os Sonetos Completos, dos mais perfeitos da língua em todos os tempos, foram lançados em 1886, constituindo uma espécie de autobiografia de uma alma atormentada, ou "memórias de uma consciência" como observou um crítico. A arte, porém, não apaziguou o coração do poeta, que se suicidou, em 1891. Guerra Junqueiro, seu amigo, escreveu então que "mais bela ainda que os seus livros, a sua vida". Mais bela, talvez. Muito mais trágica, com certeza.
Sobre o Autor Nasceu em Ponta Delgada, Açores, em 1842. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1864. De índole revolucionária, foi o ideólogo principal da geração intelectual da história de Portugal, da qual participaram Eça de Queirós, Teófilo Braga, Oliveira Martins e Ramalho Ortigão. Desempenhou papel central na Questão Coimbra e nas Conferências do Cassino. Como prosador, deixou ensaios sócio-históricos e filosóficos. Como poeta, seu lirismo de temática filosófica concentra-se na defesa da Ideia Nova, consagrando- se na sua defesa. Cidadania e trabalho poético confluem assim desde um itinerário mais íntimo, envolvendo até mesmo uma dúvida religiosa, de sua formação ultracatólica, até o panteísmo de inspiração orientalista. Segundo os estudiosos, a autenticidade dolorida do seu lirismo apresentada especialmente em seus sonetos só tem comparação à lírica de Camões. Em 1891, suicidou-se em sua terra natal. Pela Global Editora tem a seguinte obra: Melhores Poemas Antero de Quental.