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reviewed Primaveras românticas by Antero de Quental (Clássicos da língua portuguesa -- no. 5)

Review of 'Primaveras românticas' on 'Goodreads'

3 stars

Nas Duas Palavras com que Antero de Quental prefacia esta obra, lê-se: “Se me perguntarem porque publico estes versos [...] cujo merecimento moral (salvo a moralidade íntima da intenção, a sinceridade no sentimento) é talvez ainda inferior ao merecimento literário — responderei: porque não me envergonho de ter sido moço.” Sabemo-nos assim diante não do Antero dos sonetos, do Antero que com justiça se tornou figura literária primeira no século em que viveu, mas do Antero moço que, como moço, deu azo à sua verve poética com um toque de elegância e savoir faire que prenuncia já o Antero que de renome nos ficou.

Todavia, e não só por ser moço, mas também por conta do espírito romântico de que estava tomado, alguns dos poemas têm um tanto de patético, dum querer colocar-se em bicos de pé literário, que, com franqueza, não valem o tempo que neles se gasta a lê-los. Fosse assim toda a compilação e o livro melhor ficaria na estante a ganhar pó, merecendo o pó que o cobrisse. Felizmente, e por ser Antero, aqui e além descobrem-se já várias pérolas, anunciando aquela que será depois a sua voz, numa justa demonstração de lucidez artística que assim lhe permite romper com o outro tanto de mediocridade juvenil.

Seja como for, e havendo tanto de tão boa poesia portuguesa para se conhecer, não é grande o prejuízo de se adiar a visita a estas Primaveras para outras primaveras que nunca virão.