nati noronha reviewed Desafia-me by Tahereh Mafi
Desafia-me a lógica da Geografia e da Lei da Gravidade
Content warning A resenha em geral, contém spoiler!
Seguindo a leitura da segunda trilogia de Estilhaça-me. Bem, Juliette assassinou 60 pessoas após uma crise além de ter ferido os próprios amigos antes de ser sequestrada no final do livro anterior. Na minha opinião, a situação só mancha a imagem de Juliette e a sua reputação.
Não importa o quanto Tahereh Mafi argumente sobre as supostas armações, aliás, mirabolantes quantos exageradas, toda a questão envolvida é inacreditável. Inexplicável, difícil de entender. Desta forma, eu tive que aprender na força do ódio em não levar a sério os acontecimentos recentes acerca do livro, os tratar como uma piada, um entretenimento muito ruim. Às vezes, tenho a impressão que os roteiristas da franquia Resident Evil (aqueles filmes horrorosos com Mila Jovovich) se juntaram ao lado de Walcyr Carrasco, e escreveram Desafia-me.
Desafia-me é, praticamente, uma novela escrita por Walcyr Carrasco. Mortes patéticas e revelações acima da hora, nenhum acontecimento te surpreende, talvez, lhe cause uma revirada de olhos ou expressões confusas, tipo, “Sério mesmo que isso está ocorrendo? Que horrível”.
A única coisa legal de Desafia-me é o ponto de vista do Kenji Kishimoto. Autora poderia ter seguido até nas últimas páginas deste livro com as narrações de Kenji, por que são mais interativas e intensas. Kenji é o meu personagem favorito, assim, ler o seu ponto de vista me deixou mais feliz, até mais curiosa. Juliette e Warner são narrações fáceis de confundir, eu confundi tanto que não fazia diferença alguma nas seguintes páginas, cheguei na conclusão que os dois eram a mesma pessoa apenas mudava os pronomes. É um casal chatinho, sinceramente, eu não ligava mais a existência da protagonista... Juliette ou Ella, na minha humilde opinião, a SuperGirl perdeu a própria identidade, não consegui mais identificar a garota que protagonizou a primeira trilogia com a atual, como J tivesse perdido todo o seu desenvolvimento pessoal, a sensação de que toda a sua história não se passava de um sonho estilhaçado. Tahereh estilhaçou a sua personagem principal com superficialidades e incoerências.
Acredito que, autora deveria ter dado uma narração mais característica, pessoal a Ella. Ter mantido alguns aspectos únicos como virmos nos primeiros livros, sabíamos quem era Juliette Ferrars, uma garota com traumas e transtornos mentais, vítima de tortura psicológica junto com a Síndrome de Estocolmo, ela foi manipulada na finalidade de se depender emocionalmente do próprio torturador, este que nunca se esforçou salvá-la... Ela que o salvou, infelizmente, uma vítima de maus tratos salvando o seu abusador, sendo então a cura do opressor... Um artifício misógino, bastante usado por escritores de fantasia. Essa garota vai ter um final supostamente feliz ao lado do garoto que a torturou e torturou a sua irmã mais velha por dois anos. Dois anos. Dois anos de crueldade e muita maldade, estranhamente, esse garoto não faz menções sobre, me ocorreu o pressentimento de que ele esqueceu, ainda, implicitamente, culpou a sua namorada por ter pedido a separação quando descobriu a verdade por trás dos seus crimes hediondos. Eu quase chorei ao ler a parte em que Ella pede desculpas ao seu torturador, Aaron Warner. E ele realmente acredita que ela lhe deve desculpas, que estava feliz com o pedido de perdão (?).
Tahereh Mafi, minha filha, Juliette Ferrars ou Ella Sommers, que seja, não tem culpa de nada. Não acredito que você fez uma garota de 17 anos, deprimida, machucada, destruída após a descoberta a respeito dos crimes de Aaron Warner e descoberto o próprio passado, pedir desculpas ao cara que quase escondeu a verdade, aliás, criminosa, SÓ por que ela terminou o relacionamento? A personagem terminou o relacionamento por que o cara não era uma pessoa boa, literalmente, torturou a sua irmã, Emmaline. Mas, por alguma razão, J pede para voltar... Foi uma cena bizarra, mais uma vez a escritora anulando o sofrimento da menina como meio de oferecer um final feliz a Warner. Fiquei chateada com a forma que autora trata a sua protagonista, eu no lugar dela, estaria surtando ao descobrir que a minha vida inteira foi um reality show, uma armação e que fui criada como uma arma, nem tempo teria para mimar um sociopata. Infelizmente, a personagem reage a situação como não fosse nada demais, esquece da sua irmã presa na água, morrendo, só pensa no homem que a torturou nem nos amigos ela se importa. Os seus pensamentos só centram no Aaron Warner, nada mais além disso, nem os vilões aparecem direito.
Saber que a vida de Ella e Emmaline Sommers foi planejada desde o começo me fez dar altas gargalhadas. Como um planeta Terra fosse um quintal, os continentes fossem apenas casas vizinhas, você sai de sua casa e dá uma passadinha rápida na Oceania, pedir uma xícara de açúcar. Tahereh Mafi é ruim em Geografia, ela também ignora as Leis da Física, há um momento do livro que eu tive fechar o livro e gargalhar por minutos prolongados, pensa numa gargalhada gostosa. Os personagens estão num avião prestes a cair, assim, a protagonista sugere para todo mundo pular, e eles pulam, os caras saem ilesos da situação quase a morte. Não perfuraram os pulmões nem nada, a Nazeera e Aaron voam com os seus companheiros... Mas, eles pularam sem paraquedas, numa situação real, todo mundo estaria morto. Pelo menos, em O Espetacular Homem-Aranha 2 as leis da gravidade foram respeitadas (choro).
Enfim, eu não entendi nada a respeito do plano dos vilões, tão mal explicado, horrendo. Emmaline nem aparece direito, o que me irritou, NADA ACONTECE NESSE LIVRO. Sendo então, um livro paradão.
Paris Anderson volta dos mortos. Sim, ele voltou dos mortos, não há explicação, talvez a explicação trazida era podre, vergonhosa demais a ser admitida. Ele adquire a habilidade de cura quando extrai DNA das gêmeas curandeiras... Porém, ele estava morto, mortinho da silva, lembrando que o seu corpo foi jogado no mar. Os peixes poderiam ter devorado as suas partes, também levou três tiros na cabeça. Significa que, ele não foi curado, simplesmente, se ressuscitou dos mortos, sem danos cerebrais. Mafi cheirou muita droga quando escreveu essa parte, ela como todos os escritores são obcecados por abridores de cartas.
OK. Como diabos, as gêmeas não relataram que foram usadas para experiências? Que furo. Ressuscitar Anderson foi tão Walcyr Carrasco.
Outra coisa que achei muito bizarro, é o fato de a Emmaline distorcer a realidade com a mente. É revelado que ela está distorcendo a realidade de um planeta inteiro (Ella fala como Emmaline fosse um deus). Contudo, os vilões alegam que ela está morrendo... Para mim, a personagem Emmaline já estava morta faz tempo se for analisar a sua situação, doze anos sendo mantida num tanque de água. Sei lá, autora cheirou muita droga, deve ter assistindo Wolverine e quis copiar a ideia mas a executou, horrivelmente.
Os vilões são horríveis... Os pais de Ella nem aparecem tanto, sei lá, se realmente fossem vilões de verdade, eles teriam usado o DNA dos não naturais para criar um exército de supersoldados. MAS NÃO, eles perdem tempo e DINHEIRO, todo o investimento em duas adolescentes. Tipo, como assim? E o pior que nem sei como surgiu as pessoas com superpoderes, por que não faz mais sentido, aliás, os pais da personagem principal alegam que foram eles mesmos que criaram os não naturais... Mas, sei lá, desisti de entender a lógica do livro, no primeiro livro é revelado que ocorreu uma explosão solar qual gerou habilidades poderosas... Agora fala que foi criação de laboratório.
Apagamento de memória... Uau, que criatividade. Tahereh queria justificar o amor repentino de Aaron por Juliette com argumento podre de que as suas memórias foram apagadas, mano, os flash backs tinham que ser em terceira pessoa, achei muito estranho uma criança narrando como um adolescente (ELES TINHAM 5 ANOS MAS JÁ USAVAM UMAS PALAVRAS DIFÍCEIS). Odiei essa forcação de perder a memória.
Coitada da Emmaline... Foi esquecida no churrasco.
Por fim, todo mundo morrendo, muita tortura sofrida, sua irmã foi esquecida no churrasco, Ella e Aaron transam mesmo ter chegado cerca de uma hora no Santuário, como nada tivesse acontecido. Aaron pede uma pirralha de 17 anos em casamento, sei lá, não entendo esse fetiche de querer se casar jovem e com pouco tempo de namoro... Eles mal se conhecem, e acho mais realista a Ella fazer terapia ou ocupar o seu tempo para ser uma boa comandante suprema, estudando Diplomacia e Administração Pública. Outro ponto que achei inaceitável, é o pessoal ter feito uma festa de aniversário para um torturador, o cara que matou muitos deles além de ter torturado, bem como traído o Ponto Ômega... Sério, eu ri de raiva, autora apagou de novo a memória de todos os personagens até do Ian? Tipo, que mer** está acontecendo? NÃO FEZ SENTIDO O MUNDO INTEIRO COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DO CARINHA QUE FERROU A VIDA DE TODO MUNDO! Seria melhor a Ella ter feito o bolo e comemorado o aniversário com ele, sozinhos. Não engoli essa cena de jeito nenhum... Parece uma fanfic do que um livro.
Os filhos dos comandantes nem foram explorados... Nada foi explorado. 90% resume flash back e 1% resume Walcyr Carrasco. Autora tinha que largar o romance Warnette e desenvolver logo o seu livro que NUNCA foi trabalhado, quem reclama que Estilhaça-me não tem romance, está lendo errado por que é o que mais tem... O livro gira ao torno de Warnette... Distopia do Paraguai.
Amém que o próximo já é o último.