Miguel Medeiros reviewed O caminho dos reis by Brandon Sanderson (Os Relatos da Guerra das Tempestades, #1)
Um épico que queima lento
Tive a experiência de ler essa obra sem saber absolutamente nada sobre, confiando apenas no talento do autor, que já conhecia pela trilogia Mistborn. Acho essa uma ótima experiência, então vou apenas apontar algumas coisas que podem te afastar ou aproximar dessa leitura.
Sanderson é um autor consagrado e best-seller, com ampla liberdade editorial. Esse livro reflete essa liberdade: são mais de mil páginas e um ritmo lento. Tem quatro começos, primeiro, 5 mil anos atrás; depois, 5 anos atrás; 8 meses atrás, e enfim realmente começando com os capítulos do Kaladin e Shallan. Além disso, há vários capítulos de interlúdio que simplesmente não se conectam de imediato com a história. Esse também é um livro pertencente a cosmere, o universo compartilhado do autor. Quem conhece esse universo sabe as implicações, quem desconhece não precisa se preocupar, essa parece ser uma ótima porta de entrada.
Essa é, pelo menos no …
Tive a experiência de ler essa obra sem saber absolutamente nada sobre, confiando apenas no talento do autor, que já conhecia pela trilogia Mistborn. Acho essa uma ótima experiência, então vou apenas apontar algumas coisas que podem te afastar ou aproximar dessa leitura.
Sanderson é um autor consagrado e best-seller, com ampla liberdade editorial. Esse livro reflete essa liberdade: são mais de mil páginas e um ritmo lento. Tem quatro começos, primeiro, 5 mil anos atrás; depois, 5 anos atrás; 8 meses atrás, e enfim realmente começando com os capítulos do Kaladin e Shallan. Além disso, há vários capítulos de interlúdio que simplesmente não se conectam de imediato com a história. Esse também é um livro pertencente a cosmere, o universo compartilhado do autor. Quem conhece esse universo sabe as implicações, quem desconhece não precisa se preocupar, essa parece ser uma ótima porta de entrada.
Essa é, pelo menos no primeiro momento, uma história carregada pelas necessidades imediatas de seus personagens. Não há Sauron, Tenebroso, O Inverno ou mesmo Senhor Soberano no horizonte. Szeth, Kaladin, Shallan e Dalinar tem cada um seus próprios problemas para resolver e que vão ao longo do livro mudar em decorrência das consequências dos seus atos. Isso pode passar a impressão que estamos em um Slice of Life sem um objetivo final. Sanderson faz a história no seu próprio ritmo e são planejados pelo menos dez volumes de “O Relato da Guerra das Tempestades”. Muita coisa já é preparada aqui, imagino que uma releitura retroativa de quem já leu as continuações seja muito reveladora. Mas não se engane, muita coisa acontece nesse livro, um mundo inteiro é apresentado e é ao mesmo tempo empurrado para frente.
Esse é um livro sobre um mundo completamente novo, geografia, fauna, flora, clima, cultura, tecnologia, economia. Não espere um simulacro de Terra-Média ou fantasia medieval convencional. Você vai ver muito da caracterização desse mundo, desde a leitura e escrita ser uma atividade feminina, o que eles comem, como se vestem, o passado e mitos de criação. Acredito que Sanderson sabe apresentar seu mundo, apesar das mil páginas e da exposição ao redor delas o autor sabe dosar bem e não estragar o ritmo da história, sempre guardando o momento oportuno para pincelar seu mundo.