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Miguel Medeiros

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"Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.". — Pórcia

Sou um leigo que se entrega à filosofia, literatura, história e ciência. Leitor de Philip K. Dick a Platão, ouvinte de Arctic Monkeys a John Coltrane, jogador de Red Dead Redemption a Deus Ex.

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Noam Chomsky: Quem Manda no Mundo? (Paperback, Planeta) No rating

O mais importante ativista intelectual do mundo oferece neste livro um aprofundado exame das mudanças …

A Coreia do Norte talvez seja o país mais louco do mundo; é um bom concorrente a esse título. Mas faz todo sentido tentar compreender o que se passa na cabeça das pessoas quando estão agindo loucamente. Por que se comportam da forma como se comportam? Basta imaginar-se na situação delas. Imagine o que significou, nos anos da Guerra da Coreia na década de 1950, ver seu país ser totalmente arrasado – tudo destruído por uma mastodôntica superpotência, a qual estava se regozijando com suas ações. Imagine a marca que isso deixaria. Tenhamos em mente que a liderança norte-coreana à época provavelmente leu as publicações militares públicas dessa superpotência explicando que, uma vez que tudo na Coreia do Norte havia sido devastado, a força aérea foi enviada para lá a fim de destruir as represas norte-coreanas, enormes represas que controlavam o abastecimento de água da nação – um crime de guerra, aliás, pelo qual pessoas foram enforcadas em Nuremberg. E essas publicações oficiais discorriam entusiasticamente sobre como era maravilhoso ver a água jorrando e arrasando os vales, e o corre-corre dos “asiáticos” em sua tentativa de sobreviver.[5] As publicações exultavam com o que isso significava para aqueles asiáticos – horrores além da nossa imaginação. Significava a destruição de suas colheitas de arroz, o que queria dizer fome e morte. Que magnífico! Não está em nosso banco de memórias, mas está no deles. Voltemos ao presente. Há uma interessante história recente: em 1993, Israel e Coreia do Norte caminhavam para um acordo no qual a Coreia do Norte interromperia o envio de todo e qualquer tipo de míssil e tecnologia militar para o Oriente Médio e em contrapartida Israel reconheceria o país. O presidente Clinton interveio e bloqueou o acordo.[6] Pouco depois, em retaliação, a Coreia do Norte realizou um teste de mísseis de pequena envergadura. Os Estados Unidos e a Coreia do Norte chegaram a um acordo estrutural em 1994, que interrompeu o programa nuclear norte-coreano e foi mais ou menos honrado por ambos os lados. Quando George W. Bush assumiu a presidência, a Coreia do Norte tinha talvez uma arma nuclear e comprovadamente não estava produzindo outras mais. Bush imediatamente lançou seu militarismo agressivo, ameaçando a Coreia do Norte (“Eixo do Mal” e tudo mais), de modo que os norte-coreanos retomaram seu programa nuclear. Quando Bush deixou a Casa Branca, a Coreia do Norte possuía de oito a dez armas nucleares e um sistema de mísseis, outra formidável realização neoconservadora.[7] No meio, outras coisas aconteceram. Em 2005, os Estados Unidos e a Coreia do Norte chegaram efetivamente a um acordo por meio do qual a Coreia do Norte cessaria todo o desenvolvimento de armamentos nucleares e de mísseis; em troca, o Ocidente – mas principalmente os Estados Unidos – forneceria um reator de água leve para suas necessidades médicas e daria fim às suas declarações agressivas. A seguir, ambos firmariam um pacto de não agressão e caminhariam para a conciliação. O acordo era muito promissor, mas quase imediatamente Bush o sabotou. O presidente retirou a oferta do reator de água leve e iniciou programas para coagir os bancos a pararem de realizar transações financeiras norte-coreanas, até mesmo as que fossem perfeitamente legais.[8] Os norte-coreanos reagiram retomando seu programa de armas nuclear. E é assim que a coisa vem seguindo. O jargão é bem conhecido. Qualquer um pode lê-lo na produção acadêmica norte-americana dominante. Sem meias palavras, o que se diz é: trata-se de um regime bastante louco, mas que segue uma política do olho por olho, dente por dente. Você faz um gesto hostil e nós responderemos na mesma moeda, com o nosso próprio gesto louco. Você faz um gesto conciliador, e nós retribuímos da mesma forma. Recentemente, o comando militar dos EUA e da Coreia do Sul realizaram exercícios militares de grande escala na península coreana, o que do ponto de vista do norte deve parecer ameaçador. Nós acharíamos ameaçador se manobras desse tipo estivessem acontecendo no Canadá, com armas apontadas para nós. Durante esses exercícios, os mais avançados bombardeiros da história, Stealth B-2 e B-52, simularam ataques de bombardeio nuclear bem nas fronteiras da Coreia do Norte.[9] Isso fez soarem os sinos de alarme do passado. Os norte-coreanos lembram-se de algo daquele passado, por isso estão reagindo de forma bastante agressiva e extremada. Bem, o que chega ao Ocidente é o quanto os líderes norte-coreanos são loucos e terríveis. Sim, eles são – mas isso está longe de ser a história completa, e é assim que o mundo tem caminhado.

Quem Manda no Mundo? by  (Page 167 - 170)

Noam Chomsky: Quem Manda no Mundo? (Paperback, Planeta) No rating

O mais importante ativista intelectual do mundo oferece neste livro um aprofundado exame das mudanças …

Em janeiro de 2006 foram realizadas eleições na Palestina, pleito que monitores internacionais consideraram livre e justo. A reação instantânea dos Estados Unidos (e, claro, de Israel), acompanhados de perto pela cortês Europa, foi impor duras penalidades aos palestinos por votarem errado. Isso não é inovação nenhuma. Está plenamente de acordo com o princípio geral reconhecido pelas correntes dominantes do pensamento acadêmico: os Estados Unidos apoiam a democracia se, e somente se, os resultados estiverem em consonância com seus objetivos estratégicos e econômicos – a pesarosa conclusão de Thomas Carothers, o mais meticuloso e respeitado analista erudito das iniciativas de “promoção da democracia”.

Quem Manda no Mundo? by  (Page 102)

Ralf Ludwig: Fenomenologia do espírito (Portuguese language, Editora Vozes) No rating

A obra mais famosa de Hegel foi a Fenomenologia do espírito, publicada no ano de …

O curso do raciocínio de Hegel alcança a seguir uma elevação virulenta. Partindo da definição de trabalho como desejo recalcado, ele conduz para a ideia fecunda de que o trabalho instrui e forma: não só o objeto, mas, pelo trabalho, também o homem trabalhador.

Quem lê o seguinte texto torna-se consciente de sua pregnância histórica. São as mesmas palavras que irá ler mais tarde um jovem estudante chamado Karl Marx. É dessas palavras que ele irá deduzir mais tarde o conceito de trabalho. Essas palavras de Hegel são a semente usada por Marx para sua proposta realmente revolucionária, segundo a qual, se o trabalho forma o homem, as condições de trabalho desumanas da sociedade industrial moderna acabam deformando-o. Posteriormente, Marx irá constatar que, por meio de seu trabalho, o trabalhador produz sua própria alienação!

Em Hegel, isso tem um tom positivo: “através do trabalho ela [a consciência] vem a si mesma”, e quiçá através da liberdade do senhor. Em virtude de seus interesses sociais, Karl Marx converte essa menção para o aspecto negativo: em virtude das condições desumanas de trabalho, o trabalhador jamais chega a si mesmo – acusando os detentores do capital numa crítica social inflamada.

Fenomenologia do espírito by  (Page 91 - 92)

Ralf Ludwig: Fenomenologia do espírito (Portuguese language, Editora Vozes) No rating

A obra mais famosa de Hegel foi a Fenomenologia do espírito, publicada no ano de …

O desejo da consciência-de-si pura, do senhor não conseguiu negar o outro a partir de si. Mas pela intermediação através do escravo ele conseguiu: a independência de uma coisa vem a ser através do trabalho de um dependente, que é ofertado ao senhor para seu gozo.

Fenomenologia do espírito by  (Page 89)

Catherine Price: How to break up with your phone (Paperback, 2018, Ten Speed Press, Penguin Random House) No rating

"Award-winning journalist Catherine Price presents a practical, hands-on plan to break up -- and then …

Se você está curioso sobre o status da sua relação com seu smartphone, experimente fazer o Teste de Compulsão por Smartphone, desenvolvido pelo Dr. David Greenfield, fundador do Centro de Dependência de Internet e Tecnologia e professor de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Connecticut. Basta circular as perguntas que se aplicam a você. 1. Você percebe que passa mais tempo no seu celular ou smartphone do que imagina? 2. Você se pega passando o tempo distraidamente olhando para seu celular ou smartphone? 3. Você parece perder a noção do tempo quando está no seu celular ou smartphone? 4. Você passa mais tempo enviando mensagens de texto, tuitando ou enviando e-mails do que conversando com as pessoas pessoalmente? 5. A quantidade de tempo que você passa no seu celular ou smartphone tem aumentado? 6. Você gostaria de se envolver um pouco menos com seu telefone? 7. Você dorme com seu celular ou smartphone (ligado) debaixo do travesseiro ou ao lado da cama regularmente? 8. Você se pega lendo e respondendo mensagens de texto, tweets e e-mails a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo que isso signifique interromper outras coisas que você está fazendo? 9. Você envia mensagens de texto, e-mails, tuítes, usa o Snapchat, o Facebook ou navega na internet enquanto dirige ou faz outras atividades semelhantes que exigem atenção e concentração? 10. Você sente que o uso do seu celular ou smartphone às vezes diminui sua produtividade? 11. Você se sente relutante em ficar sem seu celular ou smartphone, mesmo que por um curto período? 12. Você se sente desconfortável ou incomodado quando acidentalmente esquece seu smartphone no carro ou em casa, fica sem sinal ou tem um telefone quebrado? 13. Quando você faz as refeições, seu celular ou smartphone sempre faz parte da mesa? 14. Quando seu celular ou smartphone toca, emite um bipe ou vibra, você sente uma vontade intensa de verificar mensagens de texto, tweets, e-mails, atualizações e assim por diante? 15. Você se pega verificando seu celular ou smartphone várias vezes ao dia, sem pensar, mesmo sabendo que provavelmente não há nada novo ou importante para ver? Veja como Greenfield interpreta as pontuações das pessoas: 1–2: Seu comportamento é normal, mas isso não significa que você deva viver no seu smartphone. 3–4: Seu comportamento está tendendo ao uso problemático ou compulsivo. 5 ou superior: É provável que você tenha um padrão de uso problemático ou compulsivo de smartphones. 8 ou mais: se sua pontuação for maior que 8, você pode considerar consultar um psicólogo, psiquiatra ou psicoterapeuta especializado em vícios comportamentais. Se você é como a maioria das pessoas, acabou de descobrir que se qualifica para uma avaliação psiquiátrica. Quer dizer, qual é? A única maneira de tirar menos de 5 pontos neste teste é não ter um smartphone. Mas o fato de esses comportamentos e sentimentos serem tão universais não significa que sejam inofensivos ou que este teste seja muito drástico. Em vez disso, é um indício de que o problema pode ser maior do que imaginamos. Para provar, experimente este jogo: da próxima vez que estiver em público, pare um segundo para observar quantas pessoas ao seu redor — incluindo crianças — estão olhando para seus celulares. Então imagine que, em vez de olhar para seus smartphones, essas mesmas pessoas estivessem se injetando. O fato de metade das pessoas ao seu redor estar fazendo isso faria com que isso parecesse normal ou aceitável? Não estou sugerindo que smartphones sejam tão viciantes quanto drogas intravenosas. Mas acho que estamos nos enganando se não acreditamos que temos um problema. Considere o seguinte: • Os americanos verificam seus celulares cerca de 47 vezes por dia. Para pessoas entre 18 e 24 anos, a média é de 82. Coletivamente, isso soma mais de 9 bilhões de verificações telefônicas por dia. • Em média, os americanos passam mais de 4 horas por dia no celular. Isso equivale a cerca de 28 horas por semana, 112 horas por mês ou 56 dias inteiros por ano. • Quase 80% dos americanos verificam seus telefones meia hora depois de acordar. • Metade de nós verifica o celular no meio da noite. (Entre pessoas de 25 a 34 anos, esse número é superior a 75 por cento.) • Estamos usando nossos telefones tanto que estamos nos causando lesões por esforço repetitivo, como "polegar enviando mensagens de texto", "pescoço enviando mensagens de texto" e "cotovelo de celular". • Mais de 80% dos americanos relatam que mantêm seus telefones perto deles “quase o tempo todo durante as horas de vigília”. • Quase 5 em cada 10 americanos concordam com esta afirmação: “Não consigo imaginar minha vida sem meu smartphone”. • Quase 1 em cada 10 adultos americanos admite verificar o telefone durante o sexo.

How to break up with your phone by  (5% - 7%)

G. W. F. Hegel: Fenomenologia do espírito (Paperback, Editora Vozes) No rating

Esta tradução da Fenomenologia do espírito foi publicada pela Vozes em 1992 em dois volumes …

167-(Mit dem) Com a consciência-de-si entramos, pois, na terra pátria da verdade. Vejamos como surge inicialmente a figura da consciência-de-si. Se consideramos essa nova figura do saber o saber de si mesmo em relação com a precedente o saber de um tos foram ao mesmo tempo conservados: a perda consiste em que Outro sem dúvida, que este último desvaneceu: mas seus momen estes momentos aqui estão presentes como são em si. O ser visado da certeza sensível, a singularidade e a universalidade a ela oposta da percepção, assim como o interior vazio do entendimento. não estão como essências, mas como momentos da consciência de quer dizer como abstrações ou diferenças que ao mesmo tempo para a consciência são nulas ou não são diferenças nenhumas, mas essências puramente evanescentes. Assim, o que parece perdido é apenas o momento-principal, isto é, o subsistir simples e independente para a consciência. Mas de fato, porém, a consciência-de-si é a reflexão, a partir do ser do mundo sensível e percebido, é essencialmente o retorno a partir do ser-Outro. Como consciência-de-si é movimento: mas quando diferencia de si apenas a si mesma enquanto si mesma, então para ela a diferença é imediatamente suprassumida, como um ser-outro. A diferença não é, e a consciência-de-si é apenas a tautolo gia sem movimento do "Eu sou Eu". Enquanto para ela a diferença não tem também a figura do ser, não é consciência-de-si.

Para a consciência-de-sı, portanto, o ser-Outro é como um ser ou como momento diferente; mas para ela é também a unidade de si mesma com essa diferença, como segundo momento diferente. Com aquele primeiro momento, a consciência-de-si é como consciência e para ela é mantida toda a extensão do mundo sensível; mas ao mesmo tempo, só como referida ao segundo momento, a unidade da consciencia-de-si consigo mesma. Por isso, o mundo sensivel é para ela um subsistir, mas que é apenas um fenômeno, ou diferença que não tem em si nenhum ser. Porém essa oposição, entre seu fenômeno e sua verdade, tem por sua essência somente a verdade, isto é a unidade da consciência-de-si consigo mesma. Essa unidade deve vir-a-ser essencial a ela, o que significa: a consciência-de-si é desejo, em geral.

A consciência tem de agora em diante, como consciência-de-sium duplo objeto: um, o imediato, o objeto da certeza sensível e da percepção, o qual porém é marcado para ela com o sinal do negativo: o segundo objeto é justamente ela mesma, que é a essência verdadeira e que de início só está presente na oposição ao primeiro objeto. A consciência-de-si se apresenta aqui como o movimento no qual essa oposição é suprassumida e onde a igualdade consigo mesma vem-a-ser para ela.

168-[Der Gegenstand] Para nós, ou em si, o objeto que para a consciência-de-si é o negativo, retornou sobre si mesmo, do seu lado; como do outro lado, a consciência também [fez o mesmo]. Mediante essa reflexão-sobre-si, o objeto veio-a-ser vida. O que a consciência-de-si diferencia de si como essente não tem apenas, enquanto é posto como essente, o modo da certeza sensível e da percepção, mas é também Ser refletido sobre si; o objeto do desejo imediato é um ser vivo.

Com efeito, o Em-si, ou o resultado universal da relação do entendimento com o interior das coisas, é o diferenciar do não diferenciável, ou a unidade do diferente. Mas essa unidade é também, como vimos, seu repelir-se de si mesmo; e esse conceito se fraciona na oposição entre a consciência-de-si e a vida. A consciência de si é a unidade para a qual é a infinita unidade das diferenças; mas a vida é apenas essa unidade mesma, de tal forma que não é, ao mesmo tempo, para si mesma. Assim, tão independente é em-si seu objeto, quanto é independente a consciência. A consciência-de-si que pura e simplesmente é para si, e que marca imediatamente seu objeto com o caráter do negativo; ou que é, de início, desejo - vai fazer, pois, a experiência da independência desse objeto.

Fenomenologia do espírito by  (Page 135 - 137)

G. W. F. Hegel: Fenomenologia do espírito (Paperback, Editora Vozes) No rating

Esta tradução da Fenomenologia do espírito foi publicada pela Vozes em 1992 em dois volumes …

Chamemos conceito o movimento do saber, e objeto, o saber como unidade tranquila ou como Eu: então vemos que o objeto corresponde ao conceito, não só para nós, mas para o próprio saber. Ou, de outra maneira: chamemos conceito o que o objeto é em-si, e objeto o que é como objeto ou para-um Outro: então fica patente que o ser-em-si e o ser-para-um-Outro são o mesmo. Com efeito, o Em-si é a consciência, mas ela é igualmente aquilo para o qual é um Outro (o Em-si): é para a consciência que o Em-si do objeto e seu ser-para-um-Outro são o mesmo. O Eu é o conteúdo da relação e a relação mesma: defronta um Outro e ao mesmo tempo o ultrapassa: e este Outro, para ele, é apenas ele próprio.

Fenomenologia do espírito by  (Page 135)

Ralf Ludwig: Fenomenologia do espírito (Portuguese language, Editora Vozes) No rating

A obra mais famosa de Hegel foi a Fenomenologia do espírito, publicada no ano de …

Já acentuamos que aqui estão em jogo duas formas, duas configurações: a que é consciência-de-si como identidade absoluta, e a que deve ser apreendida como contraposição. Na distinção de si mesma, a consciência-de-si duplicou-se. Podemos expressar isso de forma ainda mais precisa, mesmo que um tanto mais difícil decompreender: A duplicação da consciência-de-si surge do fato de que o eu concebeu a si mesmo como o contraposto à contraposição. Isso significa que o eu que entrou em contraposição com seu outro eu em sua ligação com os objetos retorna sobre si mesmo, na medida em que se compreende como unidade com essa contraposição! Mas, para Hegel, tudo que é, no fundo é consciência-de-si, visto ser parte de minha consciência-de-si: o objeto não é apenas uma pedra maciça, ele é toda a natureza, a partir da qual a vitalidade, em sua infinitude, luta para se elevar num processo dialético. Nesse sentido, também essa consciência-de-si entra em luta dentro de mim. Desse modo, as duas contrapartes da luta são essas duas configurações da consciência-de-si: • Aquilo que tem ciência de si mesmo: cujo desejo constitui a vontade vigorosa de afirmar a si mesmo. Busca com todas as forças impedir sua negação no outro. • Isso que se perde no mundo objetual. Isso cujo desejo quer aderir ao mundo com todas as suas forças, e assim impedir a negação que o ameaça através da configuração alheia. O resultado é visível: nenhuma das duas configurações pode existir sem a outra.

Fenomenologia do espírito by  (Page 80 - 81)