Marte reviewed Píppi nos Mares do Sul by Astrid Lindgren (Píppi Meialonga, #3)
Píppi nos mares do sul: o livro continua uma leitura válida para crianças em 2023?
3 stars
Content warning Assuntos sensíveis: racismo
Eu não sou partidária da ideia de simplesmente descartar livros porque eles envelheceram mal. Na minha opinião, livros são ideias encadeadas e ideias devem ser analisadas em seu contexto histórico.
Na última resenha de Píppi Meialonga, em Píppi a Bordo, relatei os choques em relação ao colonialismo europeu na obra de Astrid Lindgren. Em Píppi nos mares do sul, o embate continua. Dividida entre passar o tempo na Vila Vilekula, na Suécia, e em Currecurredutina, uma ilha no Oceano Atlântico Sul, Píppi segue fazendo o que sabe fazer de melhor: ensinar aos adultos que criança também é gente. É essa parte da obra de Lindgren que me fez fascinada quando criança e que gosto até hoje. O problema gigante é que uma obra sueca dos anos 1940 deixa a desejar na questão racismo e colonialismo. Mais uma vez, toda a relação entre os suecos e os habitantes da fictícia Currecurredutina, descritos explicitamente como negros, é permeada desses vícios, que incluem uma passagem lamentável narrando como os currecurredutões acharam a pele branca "mais bonita que a deles". Mantenho a sugestão de que a leitura não deve ser evitada, mas lida com a devida crítica junto com a criança leitora, sabendo analisar sem anacronismos, mas com criticidade, uma obra dos anos 1940.