Na época, estávamos convencidos de que tínhamos de falar sem parar, escrever, publicar — o mais depressa possível, na maior quantidade possível, e que tudo isso era necessário para o bem da humanidade. E milhares de nós, repudiando, xingando uns aos outros, todos publicávamos, escrevíamos, ensinando os outros. E, sem perceber que não sabíamos nada, que mesmo diante da mais simples questão da vida — o que é bom, o que é ruim — não sabíamos o que responder. Todos nós, sem ouvir uns aos outros, não parávamos de falar, às vezes fazíamos a vontade uns dos outros e elogiávamos uns aos outros, para que depois também fizessem minha vontade e me elogiassem, mas outras vezes irritávamos uns aos outros e berrávamos uns com os outros, exatamente como num hospício.
— Uma confissão by Liev Nikolayevich Tolstói (Page 20)