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Liev Nikolayevich Tolstói: Uma confissão (Paperback, Editora Mundo Cristao, Erectogen) No rating

Minha vida parou. Eu podia respirar, comer, beber, dormir, porque não podia ficar sem respirar, …

“Ao admitir que a vontade é a essência intrínseca do mundo”, diz Schopenhauer, “ao admitir que, em todos os fenômenos, desde a aspiração inconsciente das forças sombrias da natureza até a plena consciência da atividade do homem, existe apenas a objetivação da vontade, não vamos nos esquivar de maneira nenhuma da conclusão de que todos esses fenômenos vão desaparecer junto com a livre negação e a autodestruição da vontade. Vão desaparecer a constante aspiração e o ímpeto sem objetivo e sem repouso, em que e pelo que o mundo se constitui, em todos os níveis de objetivação, vai desaparecer a diversidade de formas coerentes e, junto com a forma, vão desaparecer todos os seus fenômenos, com suas formas gerais, o espaço e o tempo e, por fim, o último fundamento de sua forma — o sujeito e o objeto. Não existe vontade, não existe representação, não existe mundo. Diante de nós, por fim, resta apenas o nada. Mas aquilo que se contrapõe a essa transição para o nada, nossa natureza, é portanto apenas essa mesma vontade de existência (Wille zum Leben), que constitui a nós mesmos, assim como nosso mundo. O fato de termos tanto pavor do nada ou, o que é o mesmo, de desejarmos tanto viver, significa apenas que nós mesmos não somos outra coisa que não essa vontade de vida, e que não conhecemos nada senão isso. Portanto, com o completo aniquilamento da vontade, o que resta para nós, que ainda estamos cheios de vontade, é, enfim, o nada; porém, ao contrário, para aqueles em quem a vontade foi transformada e suprimida, este nosso mundo tão real, com todos os seus sóis e suas vias lácteas, é nada.”

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