a opinião de que os prazeres são ruins pelo fato de haver algumas coisas prazerosas que são nocivas não se sustenta. Isso porque o fato de ser nocivo não torna má a própria natureza da coisa nociva. Seria o mesmo que dizer que a saúde não é boa por despender gastos. Mesmo que, para se recobrar a saúde, seja preciso fazer algo “ruim”, como gastar dinheiro com remédios custosos, nem por isso se curar seria ruim. Se o que é nocivo não é necessária e absolutamente ruim, também o que é bom não é necessária e absolutamente inócuo. Mesmo que algo seja em si mesmo bom, ele pode ser, em algum sentido, nocivo. O exemplo fornecido por Aristóteles certamente espantaria Platão: a contemplação, quando excessiva, pode ser nociva à saúde. A contemplação, que é, por natureza, prazerosa, saudável e boa pode ser nociva ou ruim sob certo aspecto, mas isso não a torna essencialmente ruim.