Que o conhecimento é causa necessária, mas não suficiente para a educação moral é evidente na concepção aristotélica. O limite do conhecimento para a aquisição da virtude se explica com clareza a partir do paradigma da ciência médica, pois “nós não nos tornamos mais capazes de fazer ações saudáveis e exercícios físicos por ter a ciência da medicina ou da ginástica” (EN VI 12: 1143b27). Ou seja, do mesmo modo em que a posse do conhecimento médico não é causa suficiente para nos tornarmos saudáveis, o conhecimento moral do bem tampouco o é do tornar-se bom. Afinal, “o conhecimento sobre essas coisas justas, belas e boas não nos torna mais capazes de fazer tais coisas, pois que as virtudes são disposições” (EN VI: 1143b23-25) e não faculdades ou formas de conhecimento, como queria Sócrates. Ou seja, é preciso que certa disposição em desejar o que é justo, belo e bom se constitua para que o conhecimento sobre essas coisas tenha alguma eficácia.