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Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Que todo nosso conhecimento principia com a experiência, disso não resta a menor dúvida, pois de que outro modo a faculdade cognoscente a atividade de nosso entendimento, para compará-las, associá-las ou dissociá-las, e assim transformar a matéria-prima das impressões sensíveis em um conhecimento dos objetos que se denomina experiência? Conforme o tempo, então, nenhum conhecimento em nós antecede a experiência, e com esta principia todo conhecimento.

Mas se todo nosso conhecimento principia com a experiência, nem por isso tudo se origina a partir da experiência. Com efeito, poderia bem ser que mesmo nosso conhecimento empírico seja um composto daquilo que recebemos através de impressões e daquilo que nossa própria faculdade cognoscente (meramente estimulada por meio de impressões sensíveis) produz por si mesma, adição que não distinguimos B2 da matéria-prima, até que a longa prática nos tenha tornado atentos e habilitados para sua separação.

Trata-se, portanto, no mínimo de questão que requer uma investigação mais minuciosa, e que não deve ser descartada à primeira vista: se há tal conhecimento independente da experiência e mesmo de todas as impressões dos sentidos. Tais conhecimentos são chamados de conhecimentos a priori, e são distintos dos empíricos, que têm suas fontes a posteriori, a saber, na experiência. [...]

Na sequência, portanto, entenderemos por conhecimentos a priori não aqueles que acontecem independentemente de uma experiência particular, mas aqueles B3 que acontecem absolutamente independentes de toda experiência. A estes se opõem os conhecimentos empíricos, ou aqueles possíveis apenas a posteriori, isto é, através da experiência. São, porém, chamados de puros, entre os conhecimentos a priori, aqueles aos quais nada empírico é mesclado. Assim, por exemplo, a proposição: Toda alteração tem sua causa é uma proposição a priori, porém não pura, porque alteração é um conceito passível somente de ser extraído da experiência.

Crítica da Razão Pura by  (Page 41 - 42)