Miguel Medeiros quoted A expulsão do outro by Byung-Chul Han
Com o terrorismo, ocorreu algo que aponta, para além da intenção imediata dos agentes [envolvidos], para falhas sistêmicas. Não é o religioso em si que leva o ser humano ao terrorismo. Antes, é a resistência do singular contra a violência do global. A defesa contra o terror, que se relaciona a certas religiões e grupos de pessoas, é, por isso, uma ação compensatória sem esperanças. Também a evocação do inimigo oculta o verdadeiro problema, que tem uma causa sistêmica. É o terror do próprio global que produz o terrorismo. A violência do global bane todas as singularidades que não se deixam submeter à troca universal. O terrorismo é o terror do singular contra o terror do global. A morte, que se furta a toda troca, é o singular pura e simplesmente. Com o terrorismo, ela irrompe brutalmente no sistema em que a vida se totalizou como produção e desempenho. A morte é o fim da produção. A glorificação da morte por parte dos terroristas e a atual histeria da saúde, que busca prolongar a todo o custo a vida como mera vida, condicionam-se reciprocamente. Nesse contexto sistêmico chama atenção o lema da al-Qaeda: “Vocês amam a vida, nós amamos a morte”.
— A expulsão do outro by Byung-Chul Han (Page 24 - 25)