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Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Experiência é um conhecimento empírico, isto é, um conhecimento que determina um objeto por meio de percepções. É, portanto, uma síntese das percepções que não está contida ela mesma na percepção, mas contém a unidade sintética do múltiplo dela em uma consciência, a qual constitui o essencial 520 em um conhecimento dos objetos dos sentidos, isto é, da experiência B219 (não meramente da intuição ou sensação dos sentidos521). Ora, na experiência, decerto as percepções combinam-se apenas de maneira contingente, de modo que nenhuma necessidade de sua associação se evidencia ou pode se evidenciar nas próprias percepções, visto que a apreensão não passa de uma justaposição do múltiplo da intuição empírica, enquanto nenhuma representação da necessidade da existência combinada dos fenômenos que ela justapõe no espaço e tempo é nela encontrada. Como, porém, experiência é um conhecimento dos objetos através de percepções, resulta que a relação na existência do múltiplo deve nele ser representada não como justaposta no tempo, mas como está objetivamente no tempo, uma vez que, não podendo o tempo ele mesmo ser percebido, a determinação da existência dos objetos no tempo só pode ocorrer mediante sua combinação no tempo em geral e, portanto, somente mediante conceitos associados a priori. Ora, como estes sempre se fazem acompanhar da necessidade,522 consequentemente experiência somente é possível através de uma representação da associação necessária das percepções.

Os três A177 modos523 do tempo são persistência, sucessão e simultaneidade524. Resultado: três regras de todas as relações temporais dos fenômenos, em conformidade com as quais a existência de cada uma é determinável no tocante à unidade de todo tempo, precedem toda experiência, começando por torná-la possível.

O princípio B220 geral de todas as três analogias apoia-se na unidade necessária da apercepção, com referência a toda consciência empírica possível (da percepção), a cada tempo, resultando que, como se trata de um fundamento a priori, repousa na unidade sintética de todos os fenômenos segundo suas relações no tempo. Com efeito, a apercepção original está relacionada ao sentido interno (o conjunto de todas as representações) e, na verdade, a priori à sua forma, isto é, a relação da consciência empírica múltipla no tempo. Ora, na apercepção original, todo esse múltiplo, no que diz respeito às suas relações temporais, deve ser unificado; com efeito, isso é o que sua unidade transcendental diz a priori, ao que está submetido tudo que deve pertencer ao meu conhecimento (isto é, ao meu próprio) e, portanto, pode se converter em objeto para mim. Essa unidade sintética na relação temporal de todas as percepções, que é determinada a priori, é, assim, a lei de que todas as determinações temporais empíricas têm que se submeter às regras de determinação temporal A178 universal, e as analogias da experiência, das quais vamos nos ocupar agora, têm que ser regras de tal gênero.

Esses princípios apresentam em si a particularidade de não considerarem os fenômenos e a síntese de sua intuição empírica, mas meramente a existência deles e sua relação recíproca com respeito a essa sua existência.525 B221 Ora, a maneira como algo é apreendido no fenômeno pode ser determinada a priori, do que resulta que a regra de sua síntese concomitantemente fornece essa intuição a priori em todo exemplo empírico que se apresente, isto é, ela pode realizar esta a partir daquela526. Todavia, a existência dos fenômenos não pode ser conhecida a priori, e mesmo que pudéssemos obter êxito por esse caminho concluindo por alguma existência, permaneceríamos incapazes de conhecê-la de modo determinado, isto é, sem pod

Crítica da Razão Pura by  (Page 174 - 176)