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Lilia Moritz Schwarcz, Heloisa Murgel Starling: Brasil (Companhia das Letras)

Aliando texto acessível e agradável, vasta documentação original e rica iconografia, Lilia Moritz Schwarcz e …

A nova capital federal foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Nove meses depois, Juscelino deu posse ao novo presidente eleito, Jânio Quadros, sem saber que estava realizando uma façanha e tanto: apenas em 2003 um presidente civil, eleito pelo voto popular, tornaria a entregar a faixa ao seu sucessor. JK viajou para a Europa, de férias, convencido de que estaria de volta a Brasília e a seu cargo em 1965. A Constituição de 1946 vedava a possibilidade de reeleição e sua campanha presidencial começou ali mesmo, na despedida do cargo: a cidade estava coberta de faixas e cartazes com o slogan “JK-65”, e, no aeroporto, uma multidão aguardava por ele para dizer-lhe até breve. Juscelino passou o último ano de seu mandato com um olho posto na urgência de construir Brasília e o outro espiando as condições favoráveis de retorno ao poder. E maquinou uma estratégia para seu partido perder a eleição. A situação financeira do país era grave, o governo não tinha controle sobre os gastos, e seu sucessor precisaria adotar um programa rigoroso de austeridade econômica. O segundo passo era mais longo: como transferir esse ônus para a oposição. A estratégia seria fazer a UDN vencer as eleições, gastar o mandato levando nas costas uma política impopular de combate à inflação para que, no final, JK retornasse, em 1965, com um novo programa de crescimento.

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