As mentes pré-modernas não eram tão plásticas. Faltava-lhes por completo aquela unidade orgânica que é tão característica das práticas intelectuais de nossos dias. Em geral, nossos antecessores não percebiam um elemento comum presente em toda a faixa de seus conhecimentos, com exceção do próprio processo lógico. Não alcançavam qualquer generalização mais ampla do que sua crença de que o silogismo era universalmente válido. Repetidas vezes, indivíduos de extraordinária originalidade — Aristóteles, Plínio, o velho, Bacon, Alberto Magno e Lull, para citar só os mais conhecidos — mostraram uma tendência de imaginar o corpo total de conhecimentos não simplesmente como uma enciclopédia, mas como um verdadeiro corpus. Essas mentes, no entanto, eram, de modo rudimentar, modernas antes do tempo. Esta fase de seu pensamento passou sem ser notada, não chegou a circular entre seus pares ou descendentes espirituais. Foi só com a chegada dos tempos modernos que o conhecimento deixou de ser um mero conglomerado de unidades individuais e se tornou um organismo unificado, conquanto celular.
— Uma introdução à biblioteconomia by Pierce Butler (Page 17)