A ciência educacional moderna parece mostrar uma clara tendência, em seu entusiasmo pela técnica e o método, a desconsiderar o bem-estar do indivíduo e ignorar os interesses da sociedade. Apesar das grandes conquistas nos dois primeiros campos, provavelmente há boas razões para considerar a escola moderna menos eficiente nas outras matérias do que o sistema antigo que ela suplantou. Isso não quer dizer, como muitos o fazem, que devamos retornar aos programas antigos. Ficou provado que isso é completamente obsoleto. É ainda menos adaptado às necessidades modernas do que os sucedâneos que foram imaginados às pressas. Continua, porém, valendo o fato de que quem se formou nos tempos de antes estava aparentemente mais bem preparado para ser bem-sucedido em sua carreira e com participação ativa nos assuntos da sociedade pré-moderna do que os indivíduos correspondentes dos dias atuais. O estilo acadêmico de antigamente era sobretudo humanístico, mas assim também era o próprio tecido social antes da ascensão da ciência e da industrialização dos tempos atuais. Naquela época, quando um jovem terminava a faculdade já era uma pessoa completa, pois possuía o conhecimento necessário para a vida adulta. Em nossos dias, ainda é uma criança, e por um motivo similar. Isso não é devido a que ele ou sua escola haja se deteriorado. Ocorreu uma mudança violenta nas condições intelectuais da própria sociedade. A missão da educação ampliou-se enormemente. O conhecimento acumulado ultrapassou em muito o conteúdo do currículo de ensino. Houve época em que os dois eram quase idênticos. Hoje em dia, o objetivo da educação deve ser ampliado de modo a abranger todo o processo pelo qual um membro individual da sociedade recorre ao complexo repositório comum de capital intelectual. Aqui a biblioteca assume nova relevância que se torna menos importante apenas quando comparada com a escola.
— Uma introdução à biblioteconomia by Pierce Butler (Page 36 - 37)