Mais do que isso, porém, o gosto pela leitura de cada indivíduo, sua motivação, seu método e seu proveito lhe são peculiarmente próprios. São o resultado complexo de si mesmo e de sua experiência intelectual. Valer-se disso como regra para avaliar as capacidades, necessidades, ideais e desejos de outrem é quase tão tolo quanto seria julgar seu estado físico pela própria sensação de bem-estar de quem avalia. Qualquer pessoa que vê na sociedade somente a duplicação infinita de sua própria personalidade comumente vive uma vida de perpétua confusão intelectual. Deblatera com os colegas constantemente por não fazerem como ele faz. Atribui o desrespeito a suas normas à ignorância ou à maldade. Não imagina que eles sejam verdadeiros consigo mesmos exatamente porque são diferentes dele na forma de pensar e de agir. Enquanto não puder se imaginar agindo de modo diferente se ele e seu passado tiverem sido diferentes, ninguém poderá alcançar uma compreensão favorável da humanidade. Uma imaginação desse tipo é impossível a menos que se tenha observado, sem predisposição, os atos alheios.
— Uma introdução à biblioteconomia by Pierce Butler (Page 77 - 78)