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Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

1) Elipse Chama-se elipse a omissão de um termo facilmente subentendido por faltar onde normalmente aparece, ou por ter sido anteriormente enunciado ou sugerido, ou ainda por ser depreendido pela situação ou contexto. É o que ocorre quando, diante de um quadro, uma pessoa dá sua opinião: “É belo!” [MC.4, s.v.]. São barulhentos, mas eu admiro meus alunos.

2) Pleonasmo É a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida, para fins de clareza ou ênfase: Vi-o a ele (pleonasmo do objeto direto). Ao pobre não lhe devo (pleonasmo do objeto indireto). “(...) o conde atirava à mísera cantora alguns soldos que ainda lhe reforçavam a ela as cordas vocais” [JR.2, 188] (pleonasmo do dativo de posse). Subir para cima.

3) Anacoluto É a quebra da estruturação lógica da oração: Os três reis magos, conta a lenda que um deles era negro.

4) Antecipação ou prolepse É a colocação de uma expressão fora do lugar que logicamente lhe compete: O tempo parece que vai piorar por Parece que o tempo vai piorar.

5) Braquilogia É o emprego de uma expressão curta equivalente a outra mais ampla ou de estruturação mais complexa: Estudou como se fosse passar por Estudou como estudaria se fosse passar.

6) Haplologia sintática É a omissão de uma palavra por estar em contato com outra (ou final de outra palavra) foneticamente igual ou parecida: Iracema antes quer que o sangue de Caubi tinja sua mão que a tua [JA.4, 223]. Isto é: antes quer que... que quer que a tua. (Ö 659)

7) Contaminação sintática “É a fusão irregular de duas construções que, em separado, são regulares” [ED.2, § 482]. Fiz com que Pedro viesse (fusão de Fiz com Pedro que viesse e Fiz que Pedro viesse). Caminhar por entre mares (fusão de Caminhar por mares e Caminhar entre mares). As estrelas pareciam brilharem (sintaxe que não é recomendada na língua-padrão) (fusão de As estrelas pareciam brilhar com Parecia que as estrelas brilhavam). Fazer de conta (fusão de Fazer conta = imaginar, supor, com expressões em que fazer é seguido da preposição de: fez de tolo, de sonso, etc). Ter como obrigação de fazer (fusão de Ter por obrigação fazer e Ter a obrigação de fazer). Chegou de a pé (fusão de Chegou de pé e Chegou a pé).

8) Expressão expletiva ou de realce É a que não exerce função gramatical: Nós é que sabemos viver Aqui é onde a ilusão se acaba. Oh! Que saudades que tenho! Quanto que é a conta?

9) Anáfora Repetição da mesma palavra em começo de frases diferentes: Quem pagará o enterro e as flores/ Se eu me morrer de amores?/ Quem, dentre amigos, tão amigo/ Para estar no caixão comigo?/ Quem, em meio ao funeral/ Dirá de mim: — Nunca fez mal.../ Quem, bêbedo, chorará em voz alta/ De não me ter trazido nada?/ Quem virá despetalar pétalas/ No meu túmulo de poeta? [VM.1].

10) Anástrofe Inversão de palavras na frase: De repente chegou a hora. (Por: De repente a hora chegou.)

11) Assíndeto Tipo de elipse que se aplica à ausência de conectivos: Vim, vi, venci. [Júlio César] “Sonha como a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores!” [AA.2] Espero sejas feliz! (Por: Espero que sejas feliz!)

12) Hipérbato Inversão violenta entre termos da oração: Sobre o banco de pedra que ali tens/ Nasceu uma canção. (...) [VM.1].

13) Polissíndeto Repetição enfática de conectivos: E corre, e chora, e cai sem que possamos ajudar o amigo.

14) Silepse Discordância de gênero, de pessoa ou de número por se levar mais em conta o sentido do que a forma material da palavra: Saímos todos desiludidos da reunião. (Por: Saíram todos desiludidos da reunião).

15) Sínquise Inversão violenta de palavras na frase que dificulta a compreensão. É prática a ser evitada. Quase sempre essa deslocação violenta dos termos oracionais exige, para o perfeito entendimento da mensagem, nosso conhecimento sobre as coisas e saber de ordem cultural: Abel matou Caim. (Por: Caim matou Abel)

16) Zeugma Costuma-se assim chamar a elipse do verbo: Não queria, porém, ser um estorvo para ninguém. Nem atrapalhar a vida da casa (omissão do verbo querer) [AMM.3].

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 630 - 638)