Na Epístola aos Romanos, está escrito: “A esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê, como o esperará?” (Rm 8,24). A modalidade temporal da esperança é o ainda-não. A esperança abre-se para o vindouro, para o ainda-não-ente. Ela é um estado de espírito, uma afinação do espírito que nos eleva além do já dado, além do já existente. Segundo Gabriel Marcel, ela está entretecida na “trama de uma experiência em vias de devir”, de uma “aventura ainda não concluída”7. Ter esperança significa “dar crédito à realidade”8, crer nela, de modo a torná-la prenhe de futuro. Isso nos torna credores do futuro. Por outro lado, o medo nos tira toda a crença, retira da realidade todo o crédito e, assim, impede o futuro.