Experiências como felicidade profunda ou amor apaixonado têm seu polo negativo. Esse polo forma o solo onde elas enraízam e florescem. Sem profundidade, não há altura. Até mesmo o amor é paixão. Por isso, Simone Weil eleva o sofrimento à condição de possibilidade do amor: “Somente em meio ao sofrimento eu senti a presença de um amor como aquele ser e ter que se lê no sorriso de um rosto amado”10. Sem negatividade, não há intensidade possível. Ao like universalmente difundido, ao qual a experiência hoje se atrofiou, falta a negatividade. O like é a fórmula básica do consumo. Negatividades ou intensidades escapam ao consumo. A esperança também é uma intensidade. Ela representa uma íntima oração da alma, uma paixão que desperta diante da negatividade do desespero.