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Byung-Chul Han: O espírito da esperança (Portuguese language, Editora Vozes) No rating

Em um mundo repleto de desafios, crises e incertezas, o filósofo Byung-Chul Han nos convida …

A crítica convencional à esperança negligencia sua complexidade e tensões internas. A esperança vai muito além da espera passiva e dos desejos. Entusiasmo e elã são seus traços fundamentais. Ela é até mesmo “um afeto militante” e “hasteia um estandarte”27, com uma inerente determinação para a ação. Ela desdobra elasticidade para a ação. É preciso distinguir entre a esperança passiva, ociosa e fraca e a esperança ativa, diligente e forte. A esperança passiva realmente se assemelha a um desejo sem força. A esperança ativa e forte, no entanto, inspira as pessoas a ações criativas e eficazes. O desejo ou expectativa estão relacionados a um objeto ou uma ocorrência intramundana. Eles são pontuais. A esperança, por outro lado, desenvolve uma narrativa que conduz ações. A extensão e amplidão narrativas a distinguem. Ao contrário do desejo, ela estimula a imaginação narrativa. Ela sonha ativamente. Ao desejo é inerente um sentimento de falta, enquanto a esperança possui uma plenitude própria, uma luminosidade própria. Uma esperança forte não carece de nada. Esperança transbordante não é um oximoro. A esperança é uma força, um impulso. Um desejo, por outro lado, nunca é vigoroso. A quem tem esperança o mundo aparece sob uma luz diferente. Ele recebe da esperança um brilho especial. O desejo ou expectativa não têm esse poder de transformar, revelar e iluminar o mundo. Eles apenas aguardam eventos ou objetos intramundanos que os satisfaçam. Cumprimento ou satisfação são estranhos à esperança. A esperança não está vinculada a um objeto ou a uma ocorrência intramundana. É um estado de ânimo, até mesmo um estado de ânimo fundamental, que determina e afina continuamente a existência humana. Ele até pode ser intensificado para um estado de entusiasmo e exaltação.

O espírito da esperança by