A esperança cristã não encontra lugar na imanência do agir, mas na transcendência da fé. Em sua Teologia da esperança, Jürgen Moltmann escreve: A esperança cristã se orienta para um novum ultimum, para a recriação de todas as coisas pelo Deus da ressurreição de Cristo. Assim, ela abre um horizonte futuro abrangente, que inclui até mesmo a morte, um horizonte no qual ela pode e deve inserir também as esperanças e renovações limitadas da vida, despertando-as, relativizando-as e dando-lhes direção49. A esperança cristã não leva à passividade inativa. Pelo contrário, ela impulsiona à ação, estimulando a imaginação para a ação e despertando o “dom da invenção” “ao romper com o antigo e se preparar para o novo”50. Ela não foge do mundo, mas “anseia pelo futuro”51. Sua essência não é a retirada quietista, mas o “cor inquietum” (o coração inquieto). Na esperança, o mundo não é ignorado nem omitido. Pelo contrário, ela o enfrenta em toda sua negatividade e protesta contra ele. Assim, ela alimenta o espírito da revolução: “Sempre a esperança cristã foi, nesse sentido, revolucionariamente eficaz na história intelectual das sociedades alcançadas por ela”52. O espírito da esperança é caracterizado pela resolução de agir. Quem espera é inspirado pelo novo, pelo novum ultimum. A esperança arrisca o salto para uma nova vida.