“Todos os ‘grandes segredos’ sob as montanhas tinham revelado ser apenas noite vazia: não havia mais nada para descobrir, nada que valesse a pena fazer, apenas asquerosas comilanças furtivas e lembranças ressentidas. Ele estava desgraçado por completo. Odiava o escuro e odiava a luz mais ainda: odiava todas as coisas, e o Anel mais que tudo.”
“O que quer dizer?”, perguntou Frodo. “Por certo o Anel era seu Precioso, a única coisa que lhe importava? Mas, se ele o odiava, por que não se livrou dele ou foi embora deixando-o para trás?”
“Você deveria começar a entender, Frodo, depois de tudo que ouviu”, disse Gandalf. “Ele o odiava e o amava, assim como odiava e amava a si mesmo. Não podia livrar-se dele. Não lhe restava vontade nesse assunto.
“Um Anel de Poder toma conta de si mesmo, Frodo. Ele pode soltar-se traiçoeiramente, mas seu possuidor jamais o abandona. No máximo joga com a ideia de entregá-lo aos cuidados de outra pessoa — e isso só na primeira etapa, quando o domínio está só começando. Mas ao que sei, só Bilbo, em toda a história, já passou de jogar e realmente o fez. Precisou de toda a minha ajuda também. E mesmo assim nunca o teria abandonado ou jogado de lado. Não era Gollum, Frodo, e sim o próprio Anel que decidia as coisas. O Anel o abandonou.”
— O Senhor dos Anéis by J. R. R. Tolkien (Page 93)