Em algum lugar encontra-se um objeto. Ele tem um ser, independentemente de mim e de meu conhecimento. Ele é um objeto em si, sua verdade e sua essência estão contidas nele. Hegel chama a isso de “ser-em-si”, equiparando-o com verdade e essência do objeto (Gegenstand).
Segue-se a relação: O objeto não tem apenas um em-si independente, mas também uma aparição (Erscheinung), ele aparece para mim, ele se relaciona com minha consciência. É “para mim” uma árvore. A esse ser, Hegel chama de “ser-para- outro”, “ser-(consciência) para-um-outro”. O “para-outro” é a negação do em-si. Está em contraposição ao que era o objeto “em si”, sem o que, o em-si acaba se tornando falso.
Todavia, não se demora no ser-para-outro: também é negado como manifestação, e ambos, o em-si e o para-outro, essência e manifestação, coincidem em meu saber. Com isso surge o novo objeto: o conceito (p. ex., árvore). Ninguém poderá negar que aquilo que se move ali ao vento é algo distinto do que qualificamos com as seis letras á-r-v-o-r-e
Mas esse novo objeto é ainda o antigo (ente-em-si), junto com a nova experiência feita pela minha consciência. Do em-si do objeto, veio a ser o ser-para-si da árvore.
— Fenomenologia do espírito by Ralf Ludwig (Page 41)