Miguel Medeiros quoted Imperialismo, estágio superior do capitalismo by Vladimir Ilich Lenin (Arsenal Lênin)
Para o antigo capitalismo, com o pleno domínio da livre concorrência, era típica a exportação de mercadorias. Para o capitalismo mais recente, com o domínio do monopólio, tornou-se típica a exportação de capital. O capitalismo é a produção de mercadorias em um patamar superior de seu desenvolvimento, quando também a força de trabalho se transforma em mercadoria. O crescimento da troca, tanto no interior de um país como, sobretudo, no campo internacional, é uma característica distintiva do capitalismo. Desigualdade e saltos no desenvolvimento das diferentes empresas, dos distintos setores da indústria, dos diferentes países são inevitáveis sob o capitalismo. Primeiramente, a Inglaterra se tornou, antes dos outros, um país capitalista, e em meados do século XIX, ao implantar o livre comércio, pleiteou o papel de “oficina de todo o mundo”, o fornecedor de artigos manufaturados para todos os países, que em troca deveriam fornecer-lhe as matérias-primas. Mas esse monopólio da Inglaterra perdeu força já no último quartel do século XIX, pois alguns outros países, defendendo-se por meio de direitos alfandegários “protecionistas”, haviam se desenvolvido em Estados capitalistas independentes. No limiar do século XX assistimos à formação de monopólios de outro tipo: primeiro, uniões monopolistas de capitalistas em todos os países de capitalismo desenvolvido; segundo, situação monopolista de uns poucos países riquíssimos, nos quais a acumulação do capital alcançou proporções gigantescas. Constituiu-se um enorme “excedente de capital” nos países avançados. É evidente que se o capitalismo tivesse sido capaz de desenvolver a agricultura, que agora se encontra em toda parte terrivelmente atrasada em relação à indústria, se tivesse sido capaz de elevar o nível de vida das massas da população, a qual permanece, apesar do vertiginoso progresso da técnica, em uma vida de subalimentação e miséria, não haveria motivo para se falar de um excedente de capital. E tal “argumento” é constantemente apresentado pelos críticos pequeno-burgueses do capitalismo. Mas então o capitalismo deixaria de ser capitalismo, pois a desigualdade no desenvolvimento e o nível de subalimentação das massas são as condições e as premissas basilares, inevitáveis, desse modo de produção. Enquanto o capitalismo permanecer capitalismo, o excedente de capital dirige-se não à elevação do nível de vida das massas de um dado país, pois isso significaria a diminuição dos lucros dos capitalistas, mas ao aumento desses lucros por meio da exportação de capital para o estrangeiro, para os países atrasados. Nesses países atrasados, o lucro é em geral elevado, pois os capitais são escassos, o preço da terra e os salários são relativamente baixos e as matérias-primas são baratas. A possibilidade da exportação de capital é criada pelo fato de uma série de países atrasados ter sido já incorporada na circulação do capitalismo mundial, terem sido construídas as principais ferrovias, ou iniciada a sua construção, terem sido asseguradas as condições elementares para o desenvolvimento da indústria etc. A necessidade da exportação de capital obedece ao fato de que, em alguns países, o capitalismo “amadureceu demais”, e o capital (nas condições do insuficiente desenvolvimento da agricultura e da miséria das massas) carece de campo para a sua colocação “lucrativa”.
— Imperialismo, estágio superior do capitalismo by Vladimir Ilich Lenin (Arsenal Lênin) (Page 85 - 86)