Miguel Medeiros reviewed Vidas Secas by Graciliano Ramos
Sozinho num mundo coberto de penas
Sob o sol escaldante do sertão, acompanhamos uma fatia da vida de Fabiano, Sinha Vitória, seus dois filhos e a fiel cachorra Baleia. Em meio à estiagem encontramos a família em estirão. Não conhecemos seus passados, abandonaram tudo, inclusive as memórias, restam apenas as roupas que vestem, a espingarda de pederneira de Fabiano e o baú de folha na cabeça de Vitória. A família representa a massa marginalizada, despojada de sua história e condenada a uma existência precária e sem perspectivas.
Eles se assentam em uma velha fazenda abandonada e logo são arrendados pelos donos que sem demora começam a explorá-los. A partir daí vemos a vida recomeçar, seus hábitos quase animalescos em contraste nas visitas à cidade, seus humildes sonhos, sacrifícios e dia a dia. Até tudo terminar em um eterno retorno