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Osamu Dazai: Declínio de um homem (Paperback, Português language, 2015, Estação Liberdade) 5 stars

A curta passagem pela vida do escritor japonês Osamu Dazai --- suicidou-se aos 38 anos …

"... eu havia afundado até o cerne de minha tristeza."

5 stars

Angustiante creio que seja o melhor adjetivo para definir essa leitura. A cada página você avança mais e mais nas ruínas humanas de seu protagonista narrador, que através de três cadernos nos conta sobre si e sua decadente biografia.

Yozo é um jovem japonês com sérios problemas de socialização e com um quadro depressivo agravado pelas próprias atitudes e circunstâncias da vida. Ele é um pouco misógino, mesquinho e egoísta também. Boa parte do incômodo na leitura vêm do reconhecimento em nós mesmos de partes nossas que não gostamos ou reprimimos ao passo que Yozo aqui não faz cerimônias ao dizer o que pensa e sente ou o que não sente. É um relato visceral de uma pessoa miserável com inúmeros gatilhos sobretudo em relação às tentativas de suicídio do mesmo.

Osamu Dazai, o autor, e cuja figura e biografia se misturam com as do próprio Yozo em inúmeras passagens, escreve muito bem, sem aquela sutileza de um Yasunari Kawabata, que acredito ser predominante na literatura japonesa embora eu mal tenha começado a explorá-la ainda, mas de forma contundente, crua e ainda assim bastante envolvente. Há passagens e trechos filosóficos e existencialistas que nos marcam assim que são lidos, dignos de alguém com um olhar extremamente aguçado para a miséria humana. Jamais me esquecerei dos momentos em que ao virar uma página, nas palavras do próprio narrador, testemunhamos o rabo de vaca que mata a mosca com um golpe inesperado.

Me chamaram a atenção as comparações deste livro com Os Sofrimentos do Jovem Werther, mas ao término da leitura creio que esta seja apenas pelo fascínio que ambas as obras parecem despertar num público mais jovem. Todas as menções à Declínio de um Homem que eu vira até então por conhecidos na internet vinham de pessoas que cuja idade não ultrapassara ainda a casa dos 20. Outro ponto em comum entre as duas obras é o potencial suicida de seus protagonistas, mas as semelhanças param por aí.