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Frantz Fanon: Pele Negra, Máscaras Brancas (Paperback, português language, 2020, Ubu) 5 stars

Com uma interpretação psicanalítica da questão negra e uma linguagem literária transformadora, este livro se …

Assim, sabendo de tudo isso, sabendo o que o arquétipo senegalês pode significar para um malgaxe, as descobertas de Freud não têm nenhuma utilidade para nós s. (...) É preciso dizer que, em certos momentos, o socius é mais importante do que o homem. (...) O touro negro furioso não é o falo. Os dois homens negros não são os dois pais - um que representaria o pai real e o outro, o ancestral. (...) O fuzil do soldado senegalês não é um pênis, mas realmente um fuzil Lebel 1916.

Pele Negra, Máscaras Brancas by  (Page 117 - 120)

Crítica articulada à leitura psicanalítica do fenômeno da colonização feita pelo autor Octave Mannoni. Ele supõe que o negro colonizado tem uma tendência natural psicológica a ser submisso, dependente. Para isso, cita alguns sonhos de jovens malgaxes (de Madagascar) envolvendo touros negros, argumentando que seriam sobre o falo (no sentido psicanalítico). Acontece que Madagascar foi violentamente colonizada pela França, que utilizou dos serviços militares de negros de outras partes da África, especialmente Senegal, para torturar e matar malgaxes. Nesse sentido, Fanon faz uma dura crítica a Mannoni (e, indiretamente, a Freud).