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Maia Kobabe: Gênero Queer (GraphicNovel, inglês language, 2023, Tinta da China Brasil) 4 stars

A premiada HQ que narra de modo sensível a transição de gênero de Maia Kobabe. …

O livro mais banido de escolas nos EUA pelo terceiro ano seguido é, claro, injustiçado

4 stars

Gênero queer, de Maia Kobabe, é uma história em quadrinhos voltada principalmente para aquelus 1) interessades em aprender mais sobre uma perspectiva de ser não-binárie, enquanto aliades 2) interessades em investigar uma perspectiva não-binárie porque estão considerando o serem elus própries. Portanto, sim, a autobiografia/memória é bastante didática, o que pode ser meio chato se você já é uma pessoa iniciada no assunto ou se está procurando algo mais literário ou profundo. Tendo isso em vista, é uma pena que tenha sido frequentemente banido de escolas nos EUA, porque é justamente o tipo de literatura que adolescentes gênero não-conformes e sues amigues gostariam de acessar.

Lendo com 25 anos, e já conhecendo algumas coisas dos debates de não-binariedade de gênero, eu achei o livro um pouco didático e bobo demais. Até meio simplista e muito fofo. Acho que já estou preparada para leituras um pouco mais maduras e adultas. Inclusive, senti que alguns debates ficaram criminalmente incompletos, como o diálogo de Maia com sua tia lésbica, que questiona se a não-binariedade de pessoas AFAB (assigned female at birth) não seria uma forma de misoginia. Mas de forma alguma isso significa que achei o livro ruim, apenas não sou o público-alvo.

Acho muito importante ressaltar que algumas das experiências relatadas por Maia no livro são experiências que eu compartilho com elu, o que me fez ficar os últimos dias procurando certos relatos e conteúdos em sites e fóruns na internet sobre transmasculinidade. Ou seja, mesmo eu achando a leitura em si um pouco superficial e iniciante demais, suscitou debates internos bem maiores em mim. Acho que no geral, vale a leitura, até para entender contra o quê o conservadorismo estadunidense vem atacando. Spoiler: dissidências de gênero e sexualidade estão no front.