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Marte

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Marte's books

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Peter Norton: Autonorama (Paperback, português language, 2023, Autonomia Literária) 4 stars

“As bases foram lançadas para a autonomia total”, anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu …

A história do motordom nos Estados Unidos confirma o que o registro histórico geralmente demonstra: agendas, não dados, impulsionam a história. Uma agenda é o produto dos interesses, ideias e valores de um grupo social; a agenda de um grupo reflete o que seus membros julgam ser lucrativo, verdadeiro ou correto. Como todos os três constituintes de uma agenda variam de acordo com o grupo, nenhuma agenda serve para todos e as agendas não podem ser reduzidas a quantidades intercambiáveis. As agendas determinam quais dados importam e quais não; também determinam quantos dados são importantes e de que maneira. Como as agendas são diversas, não há objetificação e despolitização de dados, e os esforços para fazê-lo provavelmente serão esforços para o avanço da agenda. No começo está a agenda; os dados vão atrás.

Autonorama by  (Page 264)

Peter Norton: Autonorama (Paperback, português language, 2023, Autonomia Literária) 4 stars

“As bases foram lançadas para a autonomia total”, anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu …

Em 2017, qualquer pessoa que tivesse esperanças de ganhar dinheiro com a festa da monetização de dados em veículos autônomos poderia conseguir um guia de fácil leitura sobre o assunto. Enquanto as montadoras diziam ao público que VAs são para uma mobilidade segura, sustentável e eficiente, as empresas de tecnologia diziam às montadoras que os VAs são sua oportunidade para entrar no crescente mercado de dados monetizáveis.

Autonorama by  (Page 262)

Peter Norton: Autonorama (Paperback, português language, 2023, Autonomia Literária) 4 stars

“As bases foram lançadas para a autonomia total”, anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu …

"Mantenha o consumidor insatisfeito" era uma mensagem dirigida de empresa a empresa, não ao público em geral. Por mais válido que fosse como princípio de sucesso empresarial na aurora do consumismo, precisava ser expresso em outros termos para os próprios consumidores. Como as empresas poderiam transmitir de forma palatável a noção de que não pode haver um estado de satisfação duradoura, quando apenas compras de reposição são necessárias? Como poderiam seduzir positivamente os consumidores a seguir em frente, vendo cada conquista apenas como um passo de satisfação transitória em uma trilha infinita de aquisições? Na década de 1930, a resposta da General Motors estava na metáfora do horizonte. À medida que alguém se aproxima de um horizonte, ele se afasta, abrindo horizontes sempre novos. As recompensas do consumo estão na própria jornada, que nunca termina.

Autonorama by  (Page 84 - 85)

quoted Autonorama by Peter Norton

Peter Norton: Autonorama (Paperback, português language, 2023, Autonomia Literária) 4 stars

“As bases foram lançadas para a autonomia total”, anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu …

Eles [domingos sem carros na Av. Paulista, em São Paulo] são lembretes semanais de que o custo de um projeto não é o mesmo que o seu valor, que mobilidade urbana de sucesso não pode ser equiparada com alto volume de circulação de veículos, e de que inovação real não é o mesmo que inovações de alta tecnologia. Isso reafirma que não devemos confiar nosso destino a engenheiros, investidores ou mercados, porque o que precisamos não é algo futurístico ou caro. Acima de tudo, o sucesso dos domingos livres de carro exemplifica o fato de que mobilidade viável diária é de interesse público e requer tecnologias sociais, e que, na mobilidade, tecnologias sociais devem ser priorizadas.

Autonorama by  (Page 37)

Drauzio Varella: Estação Carandiru (Paperback, português language, 1999, Companhia das Letras) 5 stars

Com mais de 7200 presos, a Casa de Detenção de São Paulo é o maior …

Sociologia em seu estado mais cru

5 stars

Poucos médicos que eu conheço merecem alguma menção especial em relação ao seu trabalho ou sua atuação política. Drauzio Varella certamente é um deles. Drauzio escreveu alguns livros sobre sua atuação em presídios, especialmente no Carandiru [Casa de Detenção de São Paulo], um presídio na cidade de São Paulo desativado em 2002. Estação Carandiru, claro, é um desses livros.

Comprei esse livro numa visita aleatória a um sebo e foi uma ótima aquisição. Estação Carandiru foi lançado em 1999, antes mesmo do fechamento da Casa de Detenção, e tem as marcas temporais (não somente físicas, no caso da minha impressão de 2000) de 25 anos atrás. Por exemplo, ao tratar das travestis detentas, Drauzio mistura os pronomes femininos e masculinos. Hoje em dia, esse erro não passaria batido, e eu não acho que Drauzio o cometeria de qualquer forma.

O livro não toma um partido explícito de nenhuma das partes …

reviewed Libras? Que língua é essa? by Audrei Gesser (Estratégias de ensino, #14)

Audrei Gesser: Libras? Que língua é essa? (Paperback, Portuguese language, 2009, Parábola) 5 stars

Ainda é preciso insistir no fato de que a Libras é língua? Desde a década …

Uma introdução à LIBRAS e à cultura surda

5 stars

O livro de Audrei Gesser, ouvinte pesquisador e imerso no contexto da cultura surda, destina-se principalmente a ouvintes leigos sobre a realidade da pessoa surda no Brasil, com o intuito de servir de introdução a esse universo.

É dividido em três partes: "A língua de sinais", "O surdo" e "A surdez". A primeira parte é essencial para o leitor desmistificar erros no senso comum do que seria a LIBRAS e as línguas de sinais como um todo. Em seguida, os outros dois capítulos abordam aspectos da cultura surda e as disputas políticas em relação ao paradigma médico contra o modelo social da deficiência.

Senti falta no livro de referências a uma parte relevante da comunidade de deficientes auditivos que recusa a identificação com a cultura surda e insiste em ser chamada de deficiente auditivo, procurando compensações como aparelhos auriculares, entre outros. Existe essa tensão entre deficientes auditivos e surdos, e …

Lalo Watanabe Minto: O Avesso das Evidências (Paperback, português language, 2023, Lutas Anticapital) 5 stars

Educação baseada em evidências se tornou uma espécie de slogan que, crescentemente, vem dando forma …

Educação Baseada em Evidências: "repetitiva, insistente, monótona"

5 stars

Sou suspeitíssima para falar do Lalo, o autor do livro, porque ele foi meu orientador de iniciação científica e é uma excelente pessoa. Assim como o faz em suas aulas, no livro ele coloca nome nos bois sem medo.

A Educação Baseada em Evidências (EBE) é, para o autor, um movimento não epistemológico de disputa científica e sim um movimento político entranhado no modus operandi neoliberal. Lalo nos mostra como a EBE bebe da teoria do capital humano diretamente, renomeando e acelerando processos que já são velhos conhecidos de professores, gestores educacionais e pesquisadores críticos. Mais do que propor uma abordagem científica da educação, os proponentes da EBE descartam e subjugam as já estabelecidas linhas de pesquisa em faculdades de educação como anti-científicas e pseudocientíficas. Além disso, nutrem-se de lógicas circulares que buscam, a partir de dados matemáticos e estatísticos, justificar as premissas que eles mesmos julgaram corretas de início. …