Reviews and Comments

Marte

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Ben Lerner: Estação Atocha (Hardcover, português language, 2019, TAG, Rádio Londres) 4 stars

Adam Gordom é um jovem poeta norte-americano que, graças a uma prestigiosa bolsa de estudos, …

Interessante, mas falha em ser interessante como um todo

4 stars

Esse livro tem muitas explorações interessantes: a metalinguagem, a discussão em torno do papel da poesia, a ironia no retrato das classes média-alta e seus arrotos pretensamente cultos que não dizem nada com nada... Mas o protagonista é tão profundamente chato que me peguei, nas últimas 50 páginas principalmente, querendo pular logo para a última página. É uma leitura um pouco seca nesse aspecto. Um protagonista não precisa ser querido, mas chato? Aí fica difícil de continuar a leitura. Talvez eu gostasse mais do livro se fosse umas 60 páginas menor.

Oliver Sacks: Tio Tungstênio (Paperback, português language, 2011, Companhia de Bolso) 5 stars

Em Tio Tungstênio, Oliver Sacks relembra sua infância, impregnada de recordações sobre o comportamento misterioso …

Um abraço quentinho para a pequena Marte

5 stars

Queria ter o que Sacks teve com a química. Infelizmente, as circunstâncias da vida sufocaram minha paixão pelo conhecimento científico, especialmente no tocante à química, meu objeto de graduação. Só que lendo esse livro, minha criança fascinada com (quase) as mesmas coisas que Sacks se agitou tremendamente, querendo pular para fora. Logo, esse livro me fez sorrir e tocou em lugares que estavam dormentes há muito.

Acho sintomático que Sacks seja (tenha sido) um psiquiatra a escrever sobre química, enquanto leigo entusiasta. Porque muitos químicos que conheci, a maioria deles, na verdade, não só não tinham apreço pela literatura e pela escrita, eles também deixaram a criança deles morrer por dentro, sucumbindo sob burocracias, capitalismos e LinkedIn. Uma pena. Porque a química é estupendamente linda, apesar da gente ser ensinado o contrário... na própria faculdade de química.

Eliane Brum: Banzeiro òkòtó (Paperback, português language, Companhia das Letras) 5 stars

Escritora, jornalista e documentarista, Eliane Brum faz um mergulho profundo nas múltiplas realidades da maior …

Uma breve resenha que não faz jus ao livro todo

5 stars

Em breve, pretendo retomar Banzeiro òkòtó em um texto mais elaborado, porque esse livro mexeu bastante fundo comigo, então merece mais do que uma curta resenha.

E não é porque é um livro perfeito. Longe disso.

Eliane Brum narra nesse livro duas histórias que se cruzam: a do fim do mundo, expressa pelas contradições na cidade de Altamira, não-casa de populações vulneráveis a todo tipo de violência, e a vida de uma mulher branca que resolveu se desbranquear (aqui, o branco no sentido de napë, inimigo, na língua dos yanomami, conceito que tem par em outras línguas de povos originários).

Eliane sabe que é impossível se desbranquear. Nada que ela faça vai apagar a cor branca de sua pele e sua vivência de 58 anos de gaúcha branca, mesmo vivendo em Altamira desde 2017. Isso não a impede de tentar - não de mudar de cor de pele, óbvio que …

Conceição Evaristo: Insubmissas Lágrimas de Mulheres (Paperback, português language, Malê) 4 stars

O elo fundido com técnica literária irrepreensível e grande força de sentimentos apresentado em “Insubmissas …

Leitura curta, mas pungente

4 stars

Devorei esse livro em cerca de 24h. As histórias, as escrevivências, de Conceição Evaristo te arrastam para um vórtice de violência, mas também de resistência e de vida. Viver enquanto as treze mulheres negras que Evaristo (d)escreve é viver violentadas, mas mais do que isso, viver com toda a força que a fúria de uma mulher pode proporcionar. A escrita de Evaristo é única, tocante, e o foco nas mulheres negras, mais incomum do que deveria ser. Esse não é um livro para ler desavisade ou tranquile. Leia com o coração.

Frantz Fanon: Pele Negra, Máscaras Brancas (Paperback, português language, 2020, Ubu) 5 stars

Com uma interpretação psicanalítica da questão negra e uma linguagem literária transformadora, este livro se …

"Ó meu corpo, faz sempre de mim um homem que questiona!"

5 stars

Pele Negra, Máscaras Brancas é um clássico de Fanon que ressurge a partir do sucesso de seu livro Os condenados da terra. Alguns tentam colocar em contraposição as visões de Fanon no primeiro (lançado em 1952) e no segundo (lançado em 1961, pouco antes de Fanon morrer de leucemia, aos 36 anos). No primeiro, Fanon explora mais profundamente as relações psicológicas do racismo, tanto nos brancos quanto nos negros (sejam eles africanos ou antilhanos), e tem um cuidado especial sobre a subjetividade. Ainda não li Os condenados da terra, mas, pela sua importância histórica na luta de libertação da Argélia perante a França, entendi pelo posfácio escrito por Deivison Faustino que tem um caráter mais revolucionário e alimentado pelo marxismo. Cedo demais para afirmar qualquer coisa, afinal de contas nem li o livro de 1961, mas algo me diz que essa leitura é injusta com a obra de Fanon.

Em …

finished reading Abandonment Neurosis by Germaine Guex (The History of Psychoanalysis)

Germaine Guex, Peter D. Douglas: Abandonment Neurosis (2015, Taylor & Francis Group) No rating

First published in 1950, La nevrose d'abandon was and still is a ground-breaking work. The …

Li 3 de 4 capítulos, mas não considero desistência porque li o que me interessava (o capítulo 4 é sobre táticas terapêuticas e não entendo de psicanálise o suficiente para apreciar).

Paul B. Preciado: Um apartamento em Urano (Paperback, Português language, 2019, Zahar) 4 stars

Com uma radicalidade lúcida e furiosa que demole qualquer noção conservadora e normativa, Um apartamento …

Crônicas do devir

4 stars

Se eu tivesse um real para cada vez que Paul B. Preciado fala do devir deleuziano, eu estaria com dinheiro para comprar um açaí.

Piadas à parte, eu comecei esse livro bastante empolgada. Os primeiros capítulos são chocantes, no bom sentido. Preciado detona a família margarina e a supremacia branca-ocidental mais de uma vez. Conforme o livro foi passando, pela quantidade de temas a que somos expostos, aprendemos um pouco mais das subjetividades (e ele adora essa palavra, tá) do autor. Alguns, me deram um pouco de sono. Explico.

Peguei esse livro, que foi um presente meu para meu marido, para ler porque estava interessada nessa tal de travessia do sistema sexo-gênero. Questões pessoais à parte, fui surpreendida, porque não necessariamente os ensaios aqui aglomerados fazem referência a isso - mas o assunto não deixa de aparecer durante o livro todo. O livro é composto por 72 ensaios escritos de …

Sam Kean: A colher que desaparece (Paperback, português language, 2011, Zahar) 4 stars

Uma colher que desaparece quando colocada no chá quente, uma bizarra corrida pelo ouro causada …

Um livro com altos e baixos (alguns bem baixos)

4 stars

A premissa toda do livro A Colher que Desaparece é ser um livro de curiosidades sobre a história da ciência. Eu adoro história da ciência e eu adoro curiosidades. O problema é quando o autor pega muito nas curiosidades e esquece do rigor da história da ciência. Para mim, de forma resumida, o maior defeito desse livro é ser americano. Algumas coisas que o autor vê como óbvias ou que são simplesmente ignorância da parte dele são extremamente estadunidenses. Por exemplo, na esteira de Karl Popper (o filósofo da ciência preferido de 10 em 10 cientistas das exatas, porque eles não gostam de filosofia, só de fingir que gostam de filosofia), classifica o marxismo como uma pseudociência. Ou então mais de uma vez cita Stálin para provar um ponto que poderia ter sido provado com figuras estadunidenses, porque o americano ama um espantalho soviético para chamar de seu, mesmo no …