Marte reviewed Os afogados e os sobreviventes by Primo Levi
"Não se deve esquecer que esta é uma guerra sem fim"
4 stars
"Os afogados e os sobreviventes" é o último livro escrito por Primo Levi antes de sua morte em 1987. Para aqueles que não ouviram falar de Primo Levi, julgo que poucos, ele foi um químico italiano e judeu, prisioneiro de Auschwitz em 1944 e sobrevivente. Levi escreveu extensivamente sobre sua "experiência" nos Lager nazistas, sendo sua primeira obra "É isto um homem?".
Neste livro, Levi faz mais uma reminiscência sobre a natureza humana e os horrores do Holocausto, focando em assuntos como memória, comunicação, violência e estereótipos.
Há pouco que eu possa explorar sobre o assunto nazismo sendo uma pessoa leiga, mas o livro de Levi me fez pensar sobre certos tópicos. Em especial, uma citação ressoou pessoalmente: "É dever do homem justo declarar a guerra a todo privilégio não merecido, mas não se deve esquecer que esta é uma guerra sem fim."
Tenho, até agora, uma orientação anarquista, que, …
"Os afogados e os sobreviventes" é o último livro escrito por Primo Levi antes de sua morte em 1987. Para aqueles que não ouviram falar de Primo Levi, julgo que poucos, ele foi um químico italiano e judeu, prisioneiro de Auschwitz em 1944 e sobrevivente. Levi escreveu extensivamente sobre sua "experiência" nos Lager nazistas, sendo sua primeira obra "É isto um homem?".
Neste livro, Levi faz mais uma reminiscência sobre a natureza humana e os horrores do Holocausto, focando em assuntos como memória, comunicação, violência e estereótipos.
Há pouco que eu possa explorar sobre o assunto nazismo sendo uma pessoa leiga, mas o livro de Levi me fez pensar sobre certos tópicos. Em especial, uma citação ressoou pessoalmente: "É dever do homem justo declarar a guerra a todo privilégio não merecido, mas não se deve esquecer que esta é uma guerra sem fim."
Tenho, até agora, uma orientação anarquista, que, assim como muitos posicionamentos nossos durante a vida, podem ser mudados. Os anarquistas acreditamos em um mundo (completamente) sem privilégios; ultimamente, tenho começado a me perguntar se isso seria de fato possível, em um mundo com contradições reais.
Mais de uma vez, Levi faz comparações entre nazismo e o que chama de stalinismo, as quais não sei se concordo plenamente. Há poucas aproximações que podem ser feitas sem perder o norte da análise: o caráter genocida do nazismo. Inclusive essa é uma das minhas maiores discordâncias com Levi: que, de alguma forma, os gulags soviéticos serviram de inspiração para os Lager – é mais provável que as leis Jim Crow dos EUA os tenham sido, mas para os americanos não houve espaço nas análises de Levi, uma pena.
Enfim, longe de mim querer dizer o que um sobrevivente do Holocausto deve ou não acreditar. O que achei curioso é que os levantamentos anti-soviéticos de Levi me levaram na verdade a ter mais curiosidade sobre história soviética e sobre as experiências do socialismo real, com seus erros e acertos. Provavelmente lerei Lênin em breve para refletir mais sobre o assunto.
No mais, um livro altamente filosófico e de simples leitura, ainda que de conteúdo bem pesado, assim como tudo que tange o nazismo. Vale bastante a pena a leitura.