Marte rated Os velhos marinheiros: 4 stars

Os velhos marinheiros by Jorge Amado
Nesta narrativa contada em tom de histórias de marinheiro, Jorge Amado apresenta um quadro de costumes da sociedade baiana do …
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Nesta narrativa contada em tom de histórias de marinheiro, Jorge Amado apresenta um quadro de costumes da sociedade baiana do …
O que tenho para dizer desse livro é tanta coisa que vou propor para minha orientadora publicar uma resenha e colocar no meu Lattes. Não, isso não é uma zoeira!
O livro em si é escrito de forma simples e bem amigável para o público (em inglês). Em alguns momentos, ficamos com a sensação de alguns buracos na história.
Todo mundo tem sua versão sobre uma história, e todas essas versões são enviesadas. Não podemos tomar todas as palavras de Britney (mediadas por um ghostwriter, claro) como a suma verdade do que aconteceu. É difícil de acreditar que a única droga que ela (ab)usou tenha sido ritalina, por exemplo. Entretanto, independentemente de o que quer que Britney tenha feito de questionável em sua jornada, ela é um exemplo de tudo errado com o culto às celebridades, e, óbvio, nada feito pela personalidade justifica os horrores vividos por ela.
Esse livro é um estudo de caso baseado na biopolítica de Foucault (ainda que nem uma palavra de estudo sociológico tenha sido trazida para o livro... óbvio). A história da institucionalização como …
O livro em si é escrito de forma simples e bem amigável para o público (em inglês). Em alguns momentos, ficamos com a sensação de alguns buracos na história.
Todo mundo tem sua versão sobre uma história, e todas essas versões são enviesadas. Não podemos tomar todas as palavras de Britney (mediadas por um ghostwriter, claro) como a suma verdade do que aconteceu. É difícil de acreditar que a única droga que ela (ab)usou tenha sido ritalina, por exemplo. Entretanto, independentemente de o que quer que Britney tenha feito de questionável em sua jornada, ela é um exemplo de tudo errado com o culto às celebridades, e, óbvio, nada feito pela personalidade justifica os horrores vividos por ela.
Esse livro é um estudo de caso baseado na biopolítica de Foucault (ainda que nem uma palavra de estudo sociológico tenha sido trazida para o livro... óbvio). A história da institucionalização como violência misógina corre na família Spears há gerações. Enquanto anarquista e defensora da liberdade humana, obviamente eu me coloco contra um regime de tutela revoltante que extirpou (ou terminou de extirpar, depois de anos de um processo de desumanização na mídia) Britney de sua humanidade.
O livro em si não é nada demais, mas uma pessoa contando sua própria experiência enquanto violentada e institucionalizada nunca deixa de ser revoltante. #FreeBritney
Esse livro tem muitas explorações interessantes: a metalinguagem, a discussão em torno do papel da poesia, a ironia no retrato das classes média-alta e seus arrotos pretensamente cultos que não dizem nada com nada... Mas o protagonista é tão profundamente chato que me peguei, nas últimas 50 páginas principalmente, querendo pular logo para a última página. É uma leitura um pouco seca nesse aspecto. Um protagonista não precisa ser querido, mas chato? Aí fica difícil de continuar a leitura. Talvez eu gostasse mais do livro se fosse umas 60 páginas menor.
Queria ter o que Sacks teve com a química. Infelizmente, as circunstâncias da vida sufocaram minha paixão pelo conhecimento científico, especialmente no tocante à química, meu objeto de graduação. Só que lendo esse livro, minha criança fascinada com (quase) as mesmas coisas que Sacks se agitou tremendamente, querendo pular para fora. Logo, esse livro me fez sorrir e tocou em lugares que estavam dormentes há muito.
Acho sintomático que Sacks seja (tenha sido) um psiquiatra a escrever sobre química, enquanto leigo entusiasta. Porque muitos químicos que conheci, a maioria deles, na verdade, não só não tinham apreço pela literatura e pela escrita, eles também deixaram a criança deles morrer por dentro, sucumbindo sob burocracias, capitalismos e LinkedIn. Uma pena. Porque a química é estupendamente linda, apesar da gente ser ensinado o contrário... na própria faculdade de química.
Fun Home é um marco dos quadrinhos e das narrativas autobiográficas, além de uma obra-prima sobre sexualidade, relações familiares e …
Esse livro ser traduzido pelo André Conti e publicado pela Todavia me fez soltar um arzinho pelo nariz, admito. #fofoca
Quinto romance do festejado escritor português, narra a história do pescador Crisóstomo, descrito inicialmente como “um homem que chegou aos …
Seu último romance em que volta a suas questões íntimas. O tema de Nêmesis é a epidemia de pólio que …
Ganhador do Prêmio Angoulême (França)
Ganhador dois prêmios Rudolf Dirks (Alemanha)
Ganhador de um prêmio HQ Mix (Brasil)
“É um …
Em breve, pretendo retomar Banzeiro òkòtó em um texto mais elaborado, porque esse livro mexeu bastante fundo comigo, então merece mais do que uma curta resenha.
E não é porque é um livro perfeito. Longe disso.
Eliane Brum narra nesse livro duas histórias que se cruzam: a do fim do mundo, expressa pelas contradições na cidade de Altamira, não-casa de populações vulneráveis a todo tipo de violência, e a vida de uma mulher branca que resolveu se desbranquear (aqui, o branco no sentido de napë, inimigo, na língua dos yanomami, conceito que tem par em outras línguas de povos originários).
Eliane sabe que é impossível se desbranquear. Nada que ela faça vai apagar a cor branca de sua pele e sua vivência de 58 anos de gaúcha branca, mesmo vivendo em Altamira desde 2017. Isso não a impede de tentar - não de mudar de cor de pele, óbvio que …
Em breve, pretendo retomar Banzeiro òkòtó em um texto mais elaborado, porque esse livro mexeu bastante fundo comigo, então merece mais do que uma curta resenha.
E não é porque é um livro perfeito. Longe disso.
Eliane Brum narra nesse livro duas histórias que se cruzam: a do fim do mundo, expressa pelas contradições na cidade de Altamira, não-casa de populações vulneráveis a todo tipo de violência, e a vida de uma mulher branca que resolveu se desbranquear (aqui, o branco no sentido de napë, inimigo, na língua dos yanomami, conceito que tem par em outras línguas de povos originários).
Eliane sabe que é impossível se desbranquear. Nada que ela faça vai apagar a cor branca de sua pele e sua vivência de 58 anos de gaúcha branca, mesmo vivendo em Altamira desde 2017. Isso não a impede de tentar - não de mudar de cor de pele, óbvio que não, mas de revirar sua cosmologia inteira e permitir que o banzeiro do Xingu a leve para o olho do furacão.
Tem algumas partes do livro que você sabe muito bem que é uma branca escrevendo. Até um excesso de didatismo em certos pontos, pode incomodar alguns leitores. Mas, na minha opinião, o trunfo de Eliane é justamente não negar seu status de branca e entregar uma coisa falsa. Outro trunfo é que ela escolheu, ao contrário de muitas pessoas brancas, ir direto ao olho do furacão para viver sua vida amplificando vozes de quem importa.
E é por isso que esse livro me impactou tanto. Eu sou branca, sou cosmopolita, sou completamente napë, e recentemente tenho me questionado sobre tudo o que acreditava até (quase literalmente) ontem. De novo, o que Eliane entrega aqui não é nada muito revolucionário para quem já vive a vida em Altamira e no olho do banzeiro amazônico. Essa leitura é para nós, branques.
É um livro pesado, que denuncia violência o tempo inteiro, algumas as mais brutais violências dentro do território usurpado pelo Estado brasileiro, então não leia sem se preparar emocionalmente.
Ainda estou processando esse livro, então um texto mais elaborado vai sair, aguardem.
Devorei esse livro em cerca de 24h. As histórias, as escrevivências, de Conceição Evaristo te arrastam para um vórtice de violência, mas também de resistência e de vida. Viver enquanto as treze mulheres negras que Evaristo (d)escreve é viver violentadas, mas mais do que isso, viver com toda a força que a fúria de uma mulher pode proporcionar. A escrita de Evaristo é única, tocante, e o foco nas mulheres negras, mais incomum do que deveria ser. Esse não é um livro para ler desavisade ou tranquile. Leia com o coração.
Pele Negra, Máscaras Brancas é um clássico de Fanon que ressurge a partir do sucesso de seu livro Os condenados da terra. Alguns tentam colocar em contraposição as visões de Fanon no primeiro (lançado em 1952) e no segundo (lançado em 1961, pouco antes de Fanon morrer de leucemia, aos 36 anos). No primeiro, Fanon explora mais profundamente as relações psicológicas do racismo, tanto nos brancos quanto nos negros (sejam eles africanos ou antilhanos), e tem um cuidado especial sobre a subjetividade. Ainda não li Os condenados da terra, mas, pela sua importância histórica na luta de libertação da Argélia perante a França, entendi pelo posfácio escrito por Deivison Faustino que tem um caráter mais revolucionário e alimentado pelo marxismo. Cedo demais para afirmar qualquer coisa, afinal de contas nem li o livro de 1961, mas algo me diz que essa leitura é injusta com a obra de Fanon.
Em …
Pele Negra, Máscaras Brancas é um clássico de Fanon que ressurge a partir do sucesso de seu livro Os condenados da terra. Alguns tentam colocar em contraposição as visões de Fanon no primeiro (lançado em 1952) e no segundo (lançado em 1961, pouco antes de Fanon morrer de leucemia, aos 36 anos). No primeiro, Fanon explora mais profundamente as relações psicológicas do racismo, tanto nos brancos quanto nos negros (sejam eles africanos ou antilhanos), e tem um cuidado especial sobre a subjetividade. Ainda não li Os condenados da terra, mas, pela sua importância histórica na luta de libertação da Argélia perante a França, entendi pelo posfácio escrito por Deivison Faustino que tem um caráter mais revolucionário e alimentado pelo marxismo. Cedo demais para afirmar qualquer coisa, afinal de contas nem li o livro de 1961, mas algo me diz que essa leitura é injusta com a obra de Fanon.
Em Pele Negra, Máscaras Brancas, Fanon articula brilhantemente psicanálise (com algumas críticas devidas a Freud e Lacan), Hegel, Aimé Cesaire (que eu quero muito ler depois desse livro), Marx, Sartre e outros autores para a construção do que seria o racismo à francesa. Uma coisa que achei curiosa é como o racismo à francesa se aproxima do racismo à portuguesa no sentido de se dizer não racista e sim uma democracia racial: a mesma mentira que usamos no Brasil os franceses alegavam por lá em 1950, numa contraposição falsa ao racismo à britânica.
Minha principal crítica é que Fanon é bem rápido e pungente ao criticar - honestamente e justamente - o racismo branco e a incapacidade do branco de ver o negro como seu igual, ao mesmo tempo que ele lança mão várias vezes de misoginia e homofobia para provar seus pontos. É no mínimo irônico que um autor tão importante para a teoria pós-colonial 30 anos depois defenda pontos de vista tão homofóbicos, incapaz de enxergar as dissidências sexuais como... suas iguais... Mas precisamos tomar cuidado ao não cair no anacronismo ao fazer essa crítica. E Grada Kilomba, na introdução do livro para a Editora Ubu, consegue fazer isso bem.
Recomendo a leitura.