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Maravilhoso. Um romance de migração, entre a Nigéria, Estados Unidos e Inglaterra. Lembra "Emigrantes" de Ferreira de Castro, apesar de todas as diferenças de tempo, lugar e raça. Urge traduzir e editar em Portugal.

A estória de descoberta da (homo)sexualidade e amor de um jovem na Polónia dos anos 70 e 80. As primeiras páginas passam depressa, as descrições são muito cativantes e dão um bom retrato da época e país e de um jovem naquelas circunstâncias, mas à medida que a narrativa avança, sendo que o final vai ficando claro, a leitura começa a arrastar-se e o narrador/personagem principal fica, a meu ver, menos convincente e o tom autojustificativo um bocado fastidioso.

Ler Agualusa é sempre um prazer, mais do que angolano, Agualusa é lusófono, dá sentido à ideia de que "a minha pátria é a minha língua" e é nesse espaço que a sua ficção corre solta e sem esforço ou artificialidade, ainda que sempre com foco em Angola.

"Barroco Tropical" faz jus ao nome e traz-nos uma série de estórias extravagantes em torno do seu narrador e críticas não tão subtis ao regime angolano e situação do país. Há um certo excesso de fantástico que acaba por tirar força ao que devia ser o clímax do romance, sendo essa a sua maior fragilidade.

Sem dúvida uma leitura mais agradável do que os evangelhos anteriores. Saramago descreve um Jesus realista, mais humano e verosímil do o que descrito nos textos bíblicos. Parece-me especialmente valiosa toda a parte focada em José, personagem tão ignorado na Bíblia, que recebe um convincente retrato e uma explicação plausível para a sua ausência na vida adulta de Cristo. Muitas páginas estão ao nível do sonho pascal em "A Relíquia" de Eça de Queiroz, outra obra brilhante. Apesar das acusações de blasfémia, nunca o tom é de menorização ou caricatura. As contradições e incongruências da fé são tão explícitas aqui como nos textos originais. Na verdade Saramago consegue trazer alguma plausibilidade a momentos desses mesmos textos que nunca poderiam ser tomados literalmente, pese ainda muito espaço ao fantástico também nesta obra.

Belo romance histórico que relata a vida de Manuel António Martins, colonizador de Cabo Verde que deixou profundas marcas e vasta prole naquele arquipélago africano. Por vezes algum excesso de informação histórica arrasta a narrativa, mas é uma leitura muito agradável.

Two people unable to have an honest conversation about their feelings for years. All very British. A couple of very good chapters but mostly slow paced.

Mário de Carvalho é provavelmente o melhor escritor português vivo. A elegância da escrita e riqueza de vocabulário são ímpares. No entanto estes dois contos, ou novelas, passados numa geografia imaginada não foram do meu especial agrado. Não sou grande admirador do género, fantasias e fábulas, e estas não me seduziram. Está lá a riqueza de vocabulário e elegância da escrita, mas a narrativa e personagens não me convenceram. Dos dois "O Varandim" é ainda assim o mais conseguido.

Não contribuiu para a leitura tê-la feito através da aplicação para ebooks da Wook, que é, numa palavra, péssima.

[Possível spoiler, sobretudo para quem não leu ainda o quarto volume.] Riad está já adolescente e enfrenta os desafios de um jovem nerd qb. O rapto do irmão é a obsessão da mãe e quando se teme o pior surge uma luz de esperança. Mas temos que aguardar o próximo e último capítulo. Sinceramente tinha a ideia de que este seria o último, mas a vida de Riad dá claramente para vários volumes. Continua a ser uma autobiografia sem paralelo, uma epopeia pessoal em quadradinhos.

Leitura difícil e aborrecida. É preciso estar bem a par da vida de Vieira para seguir a peça que não tem um fio narrativo claro.

Belíssima edição deste clássico português da literatura de viagens. Bernardo Santareno, o dramaturgo, é aqui o médico e o testemunho das agruras dos pescadores da frota de bacalhoeiros na Terra Nova e Gronelândia. Relatos soltos mas que formam uma malha de leitura límpida como o gelo daquelas terras. Livro que inspirou a série da RTP "Terra Nova" emitida este ano.