Yuri Bravos quoted A Elite do Atraso by Jessé Souza
Poder-se-ia, por exemplo, perceber a corrupção do Estado como efeito de sua captura pela própria elite econômica que o usa para defender e aprofundar seus privilégios. Isso teria levado a uma conscientização coletiva dos desmandos de uma elite apenas interessada na perpetuação de seus privilégios.
Não foi essa a interpretação que prevaleceu. A elite do dinheiro paulista, que havia perdido o poder político, embora tenha mantido o poder econômico, agiu de modo astucioso, calculado e planejado. Percebeu claramente os sinais do novo tempo. A truculência do voto de cabresto estava com os dias contados. Em vez da violência física, deveria entrar no seu lugar a violência simbólica como meio de garantir a sobrevivência e longevidade dos proprietários e seus privilégios. (...) O que os novos tempos pedem é, portanto, um liberalismo repaginado e construído para convencer, e não apenas oprimir. O moralismo da nascente classe média urbana seria a melhor maneira de adaptar o mandonismo privado das elites aos novos tempos. O domínio do campo na cidade tem que ser agora civilizado, adquirindo as cores da liberdade e da decência, os mantras da classe média citadina. O que estava em jogo aqui era a captura, agora intelectual e simbólica, da classe média e de suas frações letradas pela elite do dinheiro, formando a aliança de classe dominante que marcaria o Brasil daí em diante.
— A Elite do Atraso by Jessé Souza (49%)
Eu assim: 🫢