A partir de informações históricas, antropológicas, psicanalíticas e literárias, além das referências mais atualizadas da biologia molecular, da neurofisiologia e …
"Admirável Mundo Novo", do escritor britânico Aldous Huxley (1894-1963), lançado em 1932, exerceu uma influência …
Sofri de CED, "Criei Expectativas Demais"
3 stars
Esse livro é um clássico do gênero ficção científica distópica, e já em 1932 já previa algumas desgraças em nome do progresso científico. Aliás, se tem uma coisa em que o livro acerta, é na crítica implícita (ou até mesmo explícita) sobre ciência e o progresso obstinado. O dilema moral principal do livro, escrito mesmo antes da Segunda Guerra ou da ameaça de caos nuclear da Guerra Fria, é: ser livre e sofrer, mas poder apreciar a arte e a liberdade e tudo o que implica, ou ser condicionado, manipulado e viver em uma sociedade de castas, mas sem sofrimento e uma vida relativamente digna e feliz (mesmo considerando as castas)?
Na minha opinião, esse dilema moral é realmente interessante e se prova atual mesmo 92 anos após o lançamento do livro. O que eu não gostei foi:
1) A narrativa: achei chata, não me interessou, os personagens não são …
Esse livro é um clássico do gênero ficção científica distópica, e já em 1932 já previa algumas desgraças em nome do progresso científico. Aliás, se tem uma coisa em que o livro acerta, é na crítica implícita (ou até mesmo explícita) sobre ciência e o progresso obstinado. O dilema moral principal do livro, escrito mesmo antes da Segunda Guerra ou da ameaça de caos nuclear da Guerra Fria, é: ser livre e sofrer, mas poder apreciar a arte e a liberdade e tudo o que implica, ou ser condicionado, manipulado e viver em uma sociedade de castas, mas sem sofrimento e uma vida relativamente digna e feliz (mesmo considerando as castas)?
Na minha opinião, esse dilema moral é realmente interessante e se prova atual mesmo 92 anos após o lançamento do livro. O que eu não gostei foi:
1) A narrativa: achei chata, não me interessou, os personagens não são bem trabalhados e o Selvagem é um saco. Não aguentava mais citação de Shakespeare de um pseudocristão. Mas talvez esse fosse o ponto mesmo. Então não vou criticar o autor;
2) O cristianismo implícito: é sério que a liberdade de sentir que o autor sugere está vinculada ao cristianismo e o sofrer por boa vontade? E que um dos sinais do fim dos tempos é a tal da promiscuidade sexual, em que foi influenciado por uma suposta promiscuidade entre jovens norte-americanos? Sei lá, na minha opinião há muito mais nuances entre liberdade, felicidade e sofrimento do que existe entre ateísmo e ciência e cristianismo e fé.
Enfim, o problema é que eu fui com expectativas demais para um livro de uma pessoa anti-comunista de 1932. Acho que meus olhos, mente e coração de 2024 tornam difícil de analisar esse livro sem certo anacronismo, considerado o nível da distopia neoliberal que vivemos. Há promiscuidade (e que bom), mas o cristianismo é muito mais castrador da nossa liberdade do que qualquer promiscuidade...
«Através da recuperação de uma grelha analítica marxista, que actualiza as fases de desenvolvimento produtivo, …
051] A chamada “classe média” consegue seu acesso privilegiado ao consumo e à segurança por meio da educação, na qual é obrigada a investir parte substancial de sua renda, adquirindo como propriedade um diploma que representa o lamentável fato de que “o candidato consegue tolerar tédio e sabe seguir regras.”* Mas a maioria continua sendo trabalhadora, embora colete informações em vez de colher algodão ou dobrar metal. Essas pessoas trabalham em fábricas, mas são treinadas a pensar nelas como escritórios. Levam remuneração para casa, mas são treinadas a pensar nisso como um salário. Usam uniforme, mas são treinadas a pensar nele como um terno. A única diferença é que a educação as ensinou a dar nomes diferentes aos instrumentos de exploração e a desprezar aqueles de sua própria classe que nomeiam de maneira diferente.