Hugo started reading O cair da noite by Isaac Asimov
Nas primeiras páginas já aparece um personagem de nome "Cubello". Como é bom ler ficção científica.
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Nas primeiras páginas já aparece um personagem de nome "Cubello". Como é bom ler ficção científica.
A forma como o Brasil colônia se referia a práticas homossexuais chamando de "pecado nefando" (como se fosse a coisa mais sinistra possível) e o fato de por muito tempo ser um dos poucos crimes com pena capital, já mostra como a dissidência da norma sexual é um perigo pro patriarcado e pro sistema colonial.
Não achei tão bom quanto o primeiro, acho que a autora se perde um pouco tentando terminar a obra. E nos agradecimentos do livro ela explica esse processo, o que era para ser uma trilogia virou uma duologia e ela quase não termina porque entre a escrita de um livro e outro o mundo real virou de cabeça para baixo com a COVID e os acontecimentos políticos recentes. Esse livro é não é nada sutil em suas alegorias e o elemento fantástico fica quase que em segundo plano para a trama política. Ainda assim é uma boa obra de fantasia. Os personagens são muito humanos (ainda que não sejam) e tridimensionais (ainda que eles tenham muito mais que três dimensões). É uma história sobre abraçar nossa diversidade e nossos defeitos e lutar até o final mesmo quando tudo parece perdido.
Content warning spoilers leves
No primeiro livro a impressão que eu tive dos Oankali é que eles eram uma forma de vida mais orgânica/ecológica, que são ávidos pela diferença, que precisam da diversidade para existir. Em contraponto aos humanos que tinham acabado de destruir a Terra em uma guerra, e que são cheios de fobias contra tudo que é diferente. Cheguei quase a torcer pelos Oankali até perceber as nuances. O tratamento que eles dão aos humanos por vezes não é diferente do que se dá a um animal de estimação, ou de produção. A fome deles pelo diferente faz parte de um projeto eugênico de absorver o que tem de melhor nos outros e arquitetar a próxima geração, que seria uma superação do que veio antes, não sobrando espaço para a diversidade existir de fato. Isso fica aparente na "escolha" que eles dão aos humanos, ou se reproduzir com os Oankali ou viverem estéreis. Nesse livro o protagonista é meio humano, meio Oankali, e eu me pego de novo vendo os dois lados da situação. E agora um terceiro. O que significa para Akin ser a síntese desses povos em conflito? O que significa ser ao mesmo tempo humano e Oankali e nenhum dos dois mas uma terceira coisa?
Muito importante a forma como a autora reforça o amor como prática e não como um simples sentimento, e a forma como ela nos chama a ter uma prática amorosa em todos os aspectos da vida, incluindo a nível de sociedade.
Talvez eu seja uma pessoa de uma nota só, mas muitas das coisas que a bell hooks discute sobre práticas amorosas a nível de sociedade eu penso: isso só vai ser possível com o fim do capitalismo. A discussão sobre mídia, o capítulo inteiro sobre ganância, etc. E eu sei que a hooks não é boba sobre essas questões, ela sabia disso e onde não disse explicitamente é porque o livro é focado no público norteamericano. Meu resumo do livro até agora, a metade do livro, é que a ética amorosa é a ética para uma sociedade anticapitalista.