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Cada conto um retrato cultural riquíssimo. Cada sentença um verso.
Meu primeiro contato com Mia Couto e quero mais.

Este livro contém a melhor seleção de estórias que já tive o prazer de ler. É um deleite sem tamanho se deparar com as perspectivas sobre o universo de Octavia E. Butler; perspectivas extremamante humanas (mesmo quando discute novas raças alienígenas), cuidadosamente complexas e profundas (como quando se dispõe a conversar com deus sobre mudanças a serem feitas na humanidade, ou quando quer discutir como seria se homens pudessem engravidar).

Considerando toda sua criatividade e qualidade de escrita, é também um pouco assustador perceber o quanto perdemos quando não damos voz à diversidade humana -- a autora teve muito trabalho para publicar sua ciência-ficção, não apenas por ser mulher e negra mas pelo tipo de discussão que apresenta. Espero que estajamos num caminho sem volta para uma literatura pró diversidade!

Este livro é na verdade um projeto para se aplaudir de pé. Um apanhado riquíssimo de múltiplas visões dos colonizados e colonizadores, do ponto de vista dos primeiros. Por ser literatura, e por sua posição pós-colonialista, vai muito além da visão clássica contada nos livros de história.

Afinal, não estamos todos nós lutando um pouco - e ao mesmo tempo degustando um pouco - as múltiplas ondas colonizadoras dos dias atuais?