Ricardo Lourenço rated Vathek: 2 stars
Vathek by William Beckford (Oxford world's classics)
Vathek is one of the earliest and most influential Gothic novels. Its hero is the Caliph Vathek who renounces Islam …
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Vathek is one of the earliest and most influential Gothic novels. Its hero is the Caliph Vathek who renounces Islam …
“O que foi verdade e o que é, inevitavelmente, ficcionado, devido aos limites da memória, não importa – em última análise, a própria realidade é objecto de ficção. O mais importante é libertar-me dos fantasmas, pois acarreto com as sombras de todas as coisas a que não tive coragem para colocar um fim. Isso reflecte-se, sobretudo, nos meus sonhos: ao contrário da crença habitual, não me parece que os sonhos sejam o espelho dos nossos desejos; cá para mim, acho que os sonhos são o espelho dos nossos horrores, dos nossos piores medos, da vida que poderíamos ter tido se, numa altura ou noutra, não fôssemos incomensuravelmente cobardes.”
Com o seu terceiro romance João Tordo vê o seu trabalho reconhecido através do Prémio Literário José Saramago, afirmando-se assim no panorama literário português através de um estilo que, apesar das evidentes influências que nele se fundem, lhe permite alcançar uma voz …
“O que foi verdade e o que é, inevitavelmente, ficcionado, devido aos limites da memória, não importa – em última análise, a própria realidade é objecto de ficção. O mais importante é libertar-me dos fantasmas, pois acarreto com as sombras de todas as coisas a que não tive coragem para colocar um fim. Isso reflecte-se, sobretudo, nos meus sonhos: ao contrário da crença habitual, não me parece que os sonhos sejam o espelho dos nossos desejos; cá para mim, acho que os sonhos são o espelho dos nossos horrores, dos nossos piores medos, da vida que poderíamos ter tido se, numa altura ou noutra, não fôssemos incomensuravelmente cobardes.”
Com o seu terceiro romance João Tordo vê o seu trabalho reconhecido através do Prémio Literário José Saramago, afirmando-se assim no panorama literário português através de um estilo que, apesar das evidentes influências que nele se fundem, lhe permite alcançar uma voz própria.
As Três Vidas é uma obra ambiciosa, apresentando diversos enredos cruzados em que o autor consegue, com sucesso, entrelaçar a história pessoal do narrador com alguns dos principais acontecimentos da História mundial, desde intrigas políticas a crimes sangrentos, culminando na maior tragédia do séc. XXI.
“Compreendi, nesse tempo de desilusão, algumas das coisas que Milhouse Pascal me tentaria ensinar: que, preenchidas que estão as necessidades primeiras da vida, o espírito torna-se ágil e vagabundeia, lançando sobre o mundo as trevas próprias da sua condição. Ignorância é força, escrevera Orwell: quanto mais pensava sobre tudo, mais facilmente perdia aquilo em que pensava, e a matéria palpável de que é feito o mundo parecia começar a fugir-me debaixo dos pés.”
Após a morte do pai, o protagonista vê-se obrigado a preservar o bem-estar da sua família, acabando por conseguir ser admitido como arquivista de António Augusto Milhouse Pascal, homem misterioso e abastado que se refugia num casarão no Alentejo: a Quinta do Tempo. Isolado do mundo, num clima de suspense digno de um conto de Poe, vai descobrindo progressivamente o teor da actividade do seu patrão, e acaba por se apaixonar pela neta mais velha de Pascal, Camila – três vidas ligadas de forma determinante.
As revelações são efectuadas num ritmo apropriado, permitindo acompanhar os dilemas pessoais do narrador enquanto vamos conhecendo alguns dos clientes de Augusto Pascal que, de alguma forma, tiveram um papel importante em certos episódios históricos. O autor consegue assim um equilíbrio importante, refrescando o interesse do leitor pela vida de cada uma das personagens sem nunca nos saturar com uma pormenorização exagerada e desnecessária.
“Tentando concentrar-me na leitura, olhava para o poster de Philippe Petit por cima da minha cama e via aquele homem desconhecido como uma figura mais real do que a gente de carne e osso, uma companhia das horas mortas que, tal como eu, procurava atravessar uma corda bamba que, a qualquer momento, ameaçava desaparecer sob os seus pés, revelando finalmente os abismos insondáveis do mundo.”
Paira ao longo de todo o romance uma sensação de incerteza, resultante da inexperiência do jovem protagonista que, envolto num processo de autodescoberta, é confrontado por uma sucessão de acontecimentos para os quais não se encontrava preparado. Impulsionado pelas circunstâncias e por um estado emocional instável, acaba por cometer actos que o irão assombrar ao longo de muitos anos.
Assim, As Três Vidas representa um acto de expiação por parte do narrador que pretende exorcizar definitivamente os fantasmas do passado, sendo também um livro sobre a coragem necessária para enfrentar a imprevisibilidade inerente às nossas vidas, sobre a determinação que nos impede de cair no abismo.
“A presença física não é prova de nada. O lugar onde vivemos é o lugar que habitamos em espírito. E, em espírito, nunca regressei. Estou espalhado pelas almas de todas as pessoas que conheci, de todas as coisas que, por lhes ter tocado, modifiquei. Irás aprender isso com o tempo. Um homem não é uma entidade, são muitas e, se não nos decidimos, a tempo certo, por uma delas, acabamos feitos em retalhos.”
“(...) sinto, à partida, que um romance, por natureza, não deve ambicionar ser o óbvio que se espera dele. Sinto que este romance é a muitos títulos bastante ambicioso, mas também os anteriores, à sua medida, o eram. Essa ambição é que faz mover o mundo, é que fez os portugueses fazerem aquela viagem, é que faz com que se vá para além do que é expectável.”
JLP em entrevista para a revista Ler
No seu mais recente romance, cujo título é simultaneamente o nome do narrador personagem, José Luís desprende-se do registo surreal de Nenhum Olhar e Uma Casa na Escuridão. O romance divide-se em duas partes, apresentando a primeira uma perspectiva realista, que se foca no tema da emigração portuguesa, enquanto que a segunda é de natureza experimental, bastante diferente em termos de tom e estrutura, transformando a percepção que o leitor tem do livro.
“O Ilídio continuava …
“(...) sinto, à partida, que um romance, por natureza, não deve ambicionar ser o óbvio que se espera dele. Sinto que este romance é a muitos títulos bastante ambicioso, mas também os anteriores, à sua medida, o eram. Essa ambição é que faz mover o mundo, é que fez os portugueses fazerem aquela viagem, é que faz com que se vá para além do que é expectável.”
JLP em entrevista para a revista Ler
No seu mais recente romance, cujo título é simultaneamente o nome do narrador personagem, José Luís desprende-se do registo surreal de Nenhum Olhar e Uma Casa na Escuridão. O romance divide-se em duas partes, apresentando a primeira uma perspectiva realista, que se foca no tema da emigração portuguesa, enquanto que a segunda é de natureza experimental, bastante diferente em termos de tom e estrutura, transformando a percepção que o leitor tem do livro.
“O Ilídio continuava a rir-se. Então, houve um momento em que ficaram parados. O sorriso de um crescia e puxava o sorriso do outro, que também crescia. Era como se fosse o sol, um sol, que crescesse e essa luz os iluminasse de novo com os seus próprios nomes, com Ilídio e com Josué, e assim voltassem a ser o melhor de tudo o que tinham sido quando estavam juntos, criança e homem, rapaz e homem, homem e homem. Apagava-se a despedida, a falta dissolvia-se.”
Livro evidencia uma maior destreza narrativa por parte do autor, que alterna entre a ruralidade portuguesa e o ambiente urbano de Paris, contraste estabelecido não só em termos da diferença de costumes, mas também a nível de linguagem, ora nos brindando com expressões populares, ora introduzindo alguns dos estrangeirismos originados pela mistura de culturas, aspecto que considera ser uma marca importante da história de um povo.
Apesar da referida predominância do realismo, Peixoto recorre pontualmente ao fantástico, como na inclusão de uma mulher-lobo na viagem dos emigrantes, uma simbólica representação do aproveitamento de que são alvo por parte dos passadores.
“Ao fixar o reflexo dos meus olhos no espelho, já me pareceu muitas vezes que está outra pessoa dentro deles. Observa-me, julga-me, mas não tem voz para se exprimir. Será talvez eu com outra idade, criança ou velho: inocente, magoado por me ver a destruir todos os seus sonhos; ou amargo, a culpar-me pela construção lenta dos seus ressentimentos. Seria melhor se tivesse palavras para dizer-me, mas não. Só aquele olhar lhe pertence. É lá que estou prisioneiro.”
A segunda parte marca uma mudança drástica relativamente à primeira, dado que José Luís procura fazer com que o romance fale de forma directa com o leitor, assim como atingir, dentro do possível, uma condensação de várias tradições literárias. Mas, se esses objectivos são atingidos, a extensão desta secção experimental acaba por desviar a atenção das principais ideias que povoam a parte que a antecede. Tal não é, no entanto, suficiente para manchar a excelência atingida nas primeiras 204 páginas.
Diz Miguel Real no Jornal de Letras que, “com Livro, se inicia a maturidade literária de um grande escritor”. Eu diria que se denota uma maior confiança e ponderação, mas também me parece que com este romance se desvanece, em grande parte, a magia que envolvia os seus primeiros trabalhos. Um José Luís Peixoto diferente, é certo, mas que sem dúvida vale a pena conhecer.
“Prefiro ignorar aquilo que toda a gente está a ler. Para o bem e para o mal, tenho tempo. Acalento a imagem de leitor solitário, único leitor de páginas que as multidões já esqueceram. Concedo-me o direito de fruir as minhas ilusões, se for por consciência, não é por ingenuidade.”
This book is the earliest and most influential of the Gothic novels. First published pseudonymously in 1764, The Castle of …
Byzantine and claustrophobic novel of a man arrested by the secret police and charged with an unspecified crime. Unable to …
“Interessa-me que seja a força da frase, a capacidade expressiva do texto a seduzir o leitor para as palavras mais importantes, como se as palavras, sozinhas, se constituíssem como heroínas de um jogo exclusivamente delas, vencendo umas sobre as outras pela sua natureza significativa - inclusive no encontro das convicções de cada leitor - ou simplesmente harmonizando-se e defendendo-se em conjunto, como apaixonadas umas pelas outras.”
VHM, em entrevista para a Os Meus Livros
O aspecto mais característico na escrita de Valter é, definitivamente, a ausência de maiúsculas aliada à redução do uso de pontuação ao mínimo, procurando, segundo o autor, criar uma aceleração na leitura. A repercussão ao nível da velocidade de leitura é discutível, mas o choque inicial ultrapassa-se após um breve período de habituação que, consequentemente, nos permite desfrutar da sua fluidez.
“para um homem, achava, as coisas estavam feitas de modo diferente. os empregos são melhores, …
“Interessa-me que seja a força da frase, a capacidade expressiva do texto a seduzir o leitor para as palavras mais importantes, como se as palavras, sozinhas, se constituíssem como heroínas de um jogo exclusivamente delas, vencendo umas sobre as outras pela sua natureza significativa - inclusive no encontro das convicções de cada leitor - ou simplesmente harmonizando-se e defendendo-se em conjunto, como apaixonadas umas pelas outras.”
VHM, em entrevista para a Os Meus Livros
O aspecto mais característico na escrita de Valter é, definitivamente, a ausência de maiúsculas aliada à redução do uso de pontuação ao mínimo, procurando, segundo o autor, criar uma aceleração na leitura. A repercussão ao nível da velocidade de leitura é discutível, mas o choque inicial ultrapassa-se após um breve período de habituação que, consequentemente, nos permite desfrutar da sua fluidez.
“para um homem, achava, as coisas estavam feitas de modo diferente. os empregos são melhores, as liberdades melhores, e até a consciência distinguia uns de outras. para as mulheres, uma devassidão era já um perigo de grande luxo. se alguém o descobrisse, não arranjaria a maria da graça mais chão para esfregar.”
Depois de o remorso de baltazar serapião, pelo qual recebeu o Prémio Literário José Saramago da Fundação Círculo de Leitores, Valter apresenta-nos uma história que se foca em temas tão actuais como a precariedade do trabalho, o preconceito para com os imigrantes em Portugal e as desigualdades entre homens e mulheres, que apesar de se terem vindo a atenuar, continuam ainda a assolar a nossa sociedade. Dentro desta realidade, as suas personagens debatem-se entre a subsistência e a busca da felicidade, que no contexto do romance, é alcançada através das relações afectuosas que estas estabelecem.
“olha, sabes que hoje em dia se armazena informação que nunca, em toda a eternidade, vai voltar a ser consultada. quê. ando com isso na cabeça. tu andas é com o maldito na cabeça, não pensas noutra coisa. é que com isto da informática tudo se regista, do mais importante ao mais insignificante. desde as coisas do estado até à rotina dos adolescentes. e muito do que se regista não será mais consultado, porque não haverá ninguém com interesse ou sequer com tempo para o fazer. que angústia. é como haver muita gente a querer deixar uma marca para o futuro e o futuro estar sobrelotado.”
Entre o humor inteligente e a criatividade presentes ao longo do texto, torna-se interessante verificar como as ideias mais profundas nascem das trivialidades do quotidiano, que povoam os diálogos entre Maria da Graça e Quitéria. É na simplicidade e despudor dessas conversas que nos vamos familiarizando com os seus amores controversos, assim como se torna visível o quanto a sua vida é condicionada pelas dificuldades financeiras, uma vida em que o seu bem-estar não aumenta proporcionalmente à sua carga laboral.
“era, na realidade, como um leão de fantasia que, subitamente, podia ganhar a vida e, obviamente, trazer no estômago toda a grande fome ucraniana. o medo, permanentemente, era quase palpável. um amor cheio de medo e palpável. a cada segundo passível de acabar, o amor, o medo seria para sempre.”
Paralelamente à história das duas mulheres-a-dias, acompanha-mos a vida de Andriy, um jovem imigrante ucraniano, tal como o enfraquecimento físico e psicológico que afecta o seu povo desde a Grande Fome da Ucrânia, numa evidente denúncia à xenofobia em Portugal. Trata-se, portanto, de uma manifestação do espírito igualitário de Valter Hugo Mãe, que desta forma explora uma temática bastante menosprezada no panorama literário português.
Em suma, o apocalipse dos trabalhadores, como retrato da situação de algumas das classes sociais mais desfavorecidas, desperta-nos do egoísmo inerente ao ser humano, colocando nas nossas mãos a responsabilidade por criar uma sociedade onde impere o respeito mútuo e não a indiferença.
“o mealheiro ficou sobre o frigorífico da casa dos pais e, mesmo na ausência do andriy, a ekaterina punha-lhe umas moedas pequenas, muito esporadicamente, porque lhe fazia crer que assim tomava conta do filho. Quando ela não o fazia, fazia-o sasha, também um pouco às escondidas, a pensar na moeda que ali caía como algo que caísse no colo de andriy, um abraço, um beijo, uma saudade forte que não os poderia abandonar. olhavam um para o outro, quando se deflagravam naquele gesto tolo, e sentavam-se juntos nos bancos mais ao pé da janela. podia chorar brevemente, umas lágrimas de tristeza que quase seriam impossíveis de conter, e depois sonhavam acordados com portugal.”
In ancient days, sorcerers sought to learn the One True Spell that would give them power over all the world …
The War of the Spider Queen begins here.While their whole world is changing around them, four dark elves struggle against …