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Miguel Medeiros

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"Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.". — Pórcia

Sou um leigo que se entrega à filosofia, literatura, história e ciência. Leitor de Philip K. Dick a Platão, ouvinte de Arctic Monkeys a John Coltrane, jogador de Red Dead Redemption a Deus Ex.

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C. S. Lewis: Como cultivar uma vida de leitura (Portuguese language, Thomas Nelson Brasil) No rating

Em Como cultivar uma vida de leitura ― coletânea que reúne escritos do abrangente acervo …

Circula por aí uma ideia estranha de que livros antigos, sobre qualquer assunto, devem ser lidos apenas por profissionais, e que os amadores devem contentar-se com livros modernos. Assim, descobri, ensinando literatura inglesa, que, se um aluno comum deseja aprender algo sobre o platonismo, a última coisa que ele pensa em fazer é procurar uma tradução de O Banquete, de Platão, na prateleira da biblioteca. Ele prefere ler um livro moderno e tedioso dez vezes mais comprido, cheio de “ismos” e influências, que só apresenta informações sobre o que Platão realmente falou mais ou menos a cada doze páginas. Tal erro é, de certa forma, aceitável, pois nasce da humildade. O aluno tem certo receio de se defrontar com um dos grandes filósofos face a face. Ele se sente inadequado e acha que não o entenderá. No entanto, desconhece que aquele grande homem, justamente por causa de sua grandeza, é muito mais inteligível do que seu comentarista moderno. O aluno mais simples consegue entender, se não tudo, grande parte do que Platão falou; em contrapartida, quase ninguém consegue entender certos livros sobre o platonismo. Sempre foi, portanto, um dos meus principais empenhos como professor persuadir os jovens de que o conhecimento de primeira mão é não apenas mais digno de ser adquirido do que o conhecimento de segunda mão, como também costuma ser muito mais fácil e mais agradável. Em nenhum outro lugar, a preferência equivocada por livros modernos e a timidez diante de livros antigos são mais exacerbadas do que na teologia. Quase sempre que nos deparamos com um pequeno grupo de estudos composto por cristãos leigos, podemos ter certeza de que eles estão estudando não Lucas, Paulo, Agostinho, Tomás de Aquino, Hooker[ 15 ] ou Butler[ 16 ], mas M. Berdyaev[ 17 ], M. Maritain[ 18 ], Niebuhr[ 19 ], Sayers[ 20 ] ou até eu mesmo. Ora, isso me parece estar às avessas. Naturalmente, uma vez que eu mesmo sou um escritor, meu desejo não é que o leitor comum pare de ler livros modernos. Porém, se ele tiver de escolher entre o novo e o antigo, minha recomendação é que ele leia o antigo. E eu lhe daria esse conselho justamente porque o leitor comum é um amador e, portanto, está muito menos protegido do que o especialista contra os perigos de uma dieta contemporânea exclusiva. Um livro novo ainda está em teste, e o amador não está em posição de julgá-lo. Ele tem de ser testado segundo o grande acervo do pensamento cristão formado ao longo dos séculos, e todas as suas implicações ocultas (das quais muitas vezes nem mesmo o próprio autor suspeita) têm de ser trazidas à luz. Muitas vezes, ele não pode ser compreendido sem o conhecimento proveniente de uma boa quantidade de outros livros modernos.

Como cultivar uma vida de leitura by  (Coleção Fundamentos)

C. S. Lewis: Como cultivar uma vida de leitura (Portuguese language, Thomas Nelson Brasil) No rating

Em Como cultivar uma vida de leitura ― coletânea que reúne escritos do abrangente acervo …

O conto de fadas é acusado de dar a crianças uma impressão falsa do mundo em que vivem. Mas acho que nenhuma literatura que as crianças podem ler dá-lhes outra coisa senão impressão falsa. É mais provável, eu acho, que aquilo que proclamam ser histórias realistas para crianças as enganem. Nunca esperei que o mundo real fosse como os contos de fadas. Acho que eu esperava que a escola fosse como as histórias de escola. As fantasias não me enganaram; as histórias de escola, sim. Todas as histórias em que as crianças têm aventuras e sucessos que são possíveis, no sentido de que não violam as leis da natureza, mas quase infinitamente improváveis, oferecem maior perigo de gerar falsas expectativas do que os contos de fadas.

Como cultivar uma vida de leitura by  (Coleção Fundamentos)

C. S. Lewis: Como cultivar uma vida de leitura (Portuguese language, Thomas Nelson Brasil) No rating

Em Como cultivar uma vida de leitura ― coletânea que reúne escritos do abrangente acervo …

(1) Eu respondo com um tu quoque. Os críticos que tratam “adulto” como um termo de aprovação, em vez de um termo meramente descritivo, não podem ser adultos. Preocupar-se em ser adulto, admirar o adulto porque é adulto, corar com a suspeita de ser infantil: essas coisas são marcas de infância e adolescência. E na infância e na adolescência são, com moderação, sintomas saudáveis. Os mais jovens devem querer amadurecer. Mas continuar, na juventude ou até mesmo na idade adulta, com essa preocupação sobre ser adulto é uma marca de desenvolvimento realmente bloqueado. Quando eu tinha dez anos, lia histórias de fadas em segredo e teria ficado envergonhado se fosse pego fazendo isso. Agora que tenho cinquenta anos, eu as leio abertamente. Quando me tornei homem, deixei de lado as coisas infantis, incluindo o medo da infantilidade e o desejo de ser muito adulto. (2) A visão moderna, parece-me, envolve uma falsa concepção do crescimento. Os que a defendem nos acusam de atraso de desenvolvimento porque não perdemos o paladar infantil. Mas, seguramente, o atraso de desenvolvimento não consiste em recusar-se a deixar de lado coisas antigas, mas em não acrescentar novas coisas. Hoje em dia gosto de vinho do Reno, mas, com certeza, não teria gostado quando criança. Mas eu ainda gosto de limonada. Eu chamo isso de crescimento ou desenvolvimento, porque fui enriquecido: anteriormente eu tinha apenas um prazer, agora tenho dois. Mas, se eu tivesse de perder o gosto por limonada antes de adquirir o gosto pelo vinho do Reno, isso não seria um crescimento, mas uma simples mudança. Agora gosto de Tolstói, de Jane Austen e de Trollope, bem como de contos de fadas, e eu chamo isso de crescimento: se eu tivesse de abandonar os contos de fadas para contrair o hábito de ler os romancistas, não diria que cresci, mas apenas que mudei. Uma árvore cresce porque lhe são acrescentados anéis; um trem não cresce por deixar uma estação para trás e pular para a próxima. Na realidade, o caso é mais forte e mais complicado do que isso. Eu acho que meu crescimento é tão evidente quando agora leio os contos de fadas como quando leio os romancistas, pois agora desfruto dos contos de fadas melhor do que o fiz na infância: por estar agora em condições de contribuir mais, é claro que eu extraio mais. No entanto, não quero aqui enfatizar esse ponto. Mesmo que fosse apenas um gosto pela literatura adulta acrescentado a um gosto inalterado por literatura infantil, a adição ainda teria direito ao nome de “crescimento”, e o processo de apenas deixar cair um pacote quando você pegar outro, não. É, sem dúvida, verdade que o processo de crescimento, incidental e infelizmente, envolve mais algumas perdas. Mas essa não é a essência do crescimento, certamente não o que torna o crescimento admirável ou desejável. Se fosse isso, se derrubar pacotes e deixar estações fossem a essência e a virtude do crescimento, por que deveríamos parar na idade adulta? Por que “senil” não deveria ser igualmente um termo de aprovação? Por que não devemos nos felicitar por perder dentes e cabelos? Alguns críticos parecem confundir o crescimento com o custo do crescimento e também querer fazer esse custo muito maior do que, em natureza, precisa ser.

Como cultivar uma vida de leitura by  (Coleção Fundamentos)

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

“A crueza e a feiura da vida europeia moderna” — aquela vida real cujo contato nós deveríamos acolher — “é o sinal de uma inferioridade biológica, de uma reação insuficiente ou falsa ao ambiente.”[65] O mais louco castelo que jamais saiu da bolsa de um gigante numa estória gaélica selvagem é não apenas muito menos feio que uma fábrica robotizada; ele também é (para usar uma frase muito moderna), “num sentido muito real”, um bocado mais real. Por que não deveríamos escapar disso ou condenar o absurdo “sombrio e assírio” das cartolas ou o horror morlockiano das fábricas? Eles são condenados até pelos autores daquela forma mais escapista em toda a literatura, as estórias de ficção científica. Esses profetas frequentemente predizem (e muitos parecem ansiar por) um mundo semelhante a uma grande estação de trem com teto de vidro. Mas deles, via de regra, é muito difícil arrancar o que os homens em tal cidade-mundo vão fazer. Eles podem abandonar a “panóplia vitoriana completa” em favor de trajes largos (com zíperes), mas usarão essa liberdade principalmente, parece, para brincar com brinquedos mecânicos no jogo facilmente entediante de se movimentar em alta velocidade. A julgar por algumas dessa estórias, eles ainda serão tão cheios de luxúria, vingativos e gananciosos como sempre; e os ideais de seus idealistas dificilmente irão além da esplêndida noção de construir mais cidades do mesmo tipo em outros planetas. É, de fato, uma era de “meios melhorados para fins deteriorados”. É parte da moléstia essencial de tais dias — produzindo o desejo de escapar, não realmente da vida, mas da nossa presente época e autoimposta desgraça — que nós estejamos agudamente conscientes tanto da feiura de nossas obras como de seu mal. De forma que para nós o mal e a feiura parecem indissoluvelmente ligados. Achamos difícil conceber o mal e a beleza juntos. O medo da bela fada que perpassou as eras mais antigas quase escapa à nossa percepção. Em Feéria pode-se, de fato, conceber um ogro que possui um castelo horrendo como um pesadelo (pois o mal do ogro o quer assim), mas não se pode conceber uma casa construída com um bom propósito — uma estalagem, um albergue para viajantes, o salão de um rei virtuoso e nobre — que ainda assim seja repulsivamente feia. No momento presente, seria temerário esperar ver uma que não o fosse — a menos que tenha sido construída antes do nosso tempo. Esse, entretanto, é o aspecto “escapista” moderno e especial (ou acidental) das estórias de fadas, que elas compartilham com romances e com outras estórias do ou sobre o passado. Muitas estórias sobre o passado só se tornaram “escapistas” em seu apelo por sobreviverem de uma época em que os homens estavam, via de regra, deliciados com a obra de suas mãos, até nosso tempo, quando muitos homens sentem desgosto a respeito de coisas feitas pelo homem. Mas há também outros e mais profundos “escapismos” que sempre apareceram nos contos de fadas e na lenda. Há outras coisas mais sombrias e terríveis das quais fugir do que o barulho, o fedor, a crueldade e a extravagância do motor de combustão interna. Há fome, sede, pobreza, dor, tristeza, injustiça, morte. E, mesmo quando os homens não estão enfrentando coisas duras como essas, há antigas limitações para as quais as estórias de fadas oferecem um tipo de escape, e velhas ambições e desejos (tocando as próprias raízes da fantasia) para as quais elas oferecem uma espécie de satisfação e consolação. Algumas são fraquezas ou curiosidades perdoáveis: tais como o desejo de visitar, livre como um peixe, o mar profundo; ou o anseio pelo voo silencioso, gracioso, econômico de um pássaro, aquele anseio que o aeroplano frustra, exceto em raros momentos, visto no alto e por vento e pela distância silencioso, virando ao sol: isto é, precisamente quando imaginado, e não usado. Há desejos mais profundos: tais como o desejo de conversar com outras coisas vivas. Sobre esse desejo, tão antigo quanto a Queda, está largamente fundamentada a fala de animais e criaturas nos contos de fadas e especialmente a compreensão mágica de sua língua correta. Essa é a raiz de tais estórias, e não a “confusão” atribuída às mentes dos homens do passado não registrado, uma suposta “falta do senso de separação entre nós mesmos e os animais”.[66] Um senso vívido dessa separação é muito antigo; mas também o senso de que foi um rompimento: um fado estranho e uma culpa jazem sobre nós. Outras criaturas são como outros reinos com os quais o Homem rompeu relações e vê agora, somente de fora, a distância, estando em guerra com eles ou nos termos de um armistício desconfortável. Há uns poucos homens que têm o privilégio de viajar para fora um pouco; outros têm de ficar contentes com estórias de viajantes. Mesmo as que versam sobre sapos. Ao falar daquela estória de fadas bastante esquisita, mas bastante distribuída, O Rei Sapo, Max Müller perguntou de seu jeito direto: “Como é que tal estória jamais chegou a ser inventada? Os seres humanos, podemos esperar, foram em todas as épocas suficientemente educados para saber que um casamento entre um sapo e a filha de uma rainha era absurdo”. De fato, podemos esperar que sim! Pois, se não fosse assim, não haveria propósito na estória de forma alguma, dependendo, como ela depende, essencialmente do senso de absurdo. Origens folclóricas (ou suposições sobre elas) estão aqui totalmente fora de lugar. É de pouca valia considerar o totemismo. Pois, certamente, quaisquer que sejam os costumes ou crenças sobre sapos e poços que existam por trás dessa estória, a forma de sapo foi é preservada nessa estória de fadas[67] precisamente porque era tão esquisita, e o casamento, absurdo, de fato, abominável. Embora, é claro, nas versões que nos dizem respeito, gaélicas, alemãs e inglesas,[68] não haja realmente um casamento entre uma princesa e um sapo: o sapo era um príncipe encantado. E o propósito da estória não é achar que sapos são possíveis consortes, mas a necessidade de manter promessas (mesmo aquelas com consequências intoleráveis), algo que, junto com a observância de proibições, perpassa toda a Terra das Fadas. Essa é uma das notas das trompas da Terra dos Elfos, e não é uma nota difícil de ouvir.

Árvore e folha by 

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

Não muito tempo atrás — por incrível que isso possa parecer — ouvi um lente de Oxenford[63] declarar que ele “acolhia” a proximidade de fábricas-robôs de produção em massa e o rugido do trânsito mecânico auto-obstrutivo, porque isso colocava sua universidade em “contato com a vida real”. Ele poderia estar querendo dizer que a maneira como os homens estavam vivendo e trabalhando no século XX estava aumentando em barbárie num ritmo alarmante e que a demonstração barulhenta disso nas ruas de Oxford poderia servir como um aviso de que não é possível preservar, por muito tempo, um oásis de sanidade num deserto de desrazão com meras cercas, sem verdadeira ação ofensiva (prática e intelectual). Temo que ele não tenha dito isso. De qualquer modo, a expressão “vida real” nesse contexto parece ficar aquém dos padrões acadêmicos. A noção de que carros motorizados sejam mais “vivos” do que, digamos, centauros ou dragões é curiosa; a de que eles sejam mais reais do que, digamos, cavalos é pateticamente absurda. Quão real, quão impressionantemente viva é uma chaminé de fábrica comparada a um olmo: pobre coisa obsoleta, sonho insubstancial de um escapista! De minha parte, não consigo me convencer de que o teto da estação Bletchley seja mais “real” que as nuvens. E, como um artefato, eu o acho menos inspirador que o legendário domo do céu. A ponte para a plataforma 4 é, para mim, menos interessante que Bifröst, guardada por Heimdall com o Gjallarhorn.[64] Da selvageria de meu coração eu não consigo excluir a questão de saber se os engenheiros ferroviários, se tivessem sido criados com mais fantasia, não poderiam ter feito melhor com todos os seus meios abundantes do que eles geralmente fazem. Estórias de fadas poderiam ser, acho, melhores Mestres em Artes do que o sujeito acadêmico a quem me referi. Muito do que ele (devo supor) e outros (certamente) chamariam de literatura “séria” não é mais do que brincar debaixo de um teto de vidro ao lado de uma piscina municipal. Estórias de fadas podem inventar monstros que voam no ar ou habitam as profundezas, mas, pelo menos, elas não tentam escapar do céu ou do mar.

Árvore e folha by 

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

Afirmei que o Escape é uma das principais funções das estórias de fadas e, uma vez que não as desaprovo, está claro que não aceito o tom de escárnio e pena com o qual o termo “Escape” é agora tão frequentemente usado: um tom para o qual os usos da palavra fora da crítica literária não conferem garantia em absoluto. No que os maus usuários do termo gostam de chamar de Vida Real, o Escape é evidentemente, via de regra, muito prático e pode mesmo ser heroico. Na vida real, é difícil culpá-lo, a menos que fracasse; na crítica, ele parece ser pior quanto melhor se dá. Evidentemente estamos confrontados com um mau uso de palavras e também com uma confusão de pensamento. Por que dever-se-ia escarnecer de um homem se, achando-se na prisão, ele tenta sair e ir para casa? Ou se, quando ele não pode fazê-lo, pensa e fala de outros temas que não carcereiros e paredes de prisão? O mundo lá fora não se tornou menos real porque o prisioneiro não consegue vê-lo. Ao usar “escape” dessa maneira, os críticos escolheram a palavra errada e, além do mais, estão confundindo, nem sempre por erro sincero, o Escape do Prisioneiro com a Fuga do Desertor. Bem assim um porta-voz do Partido poderia ter rotulado de traição a partida da miséria do Reich do Führer, ou de qualquer outro Reich, ou mesmo a crítica contra ele. Da mesma maneira, esses críticos, para tornar a confusão pior e assim levar ao desprezo os seus oponentes, colam seu rótulo de escárnio não apenas na Deserção, mas no Escape real e no que frequentemente são seus companheiros: Desgosto, Raiva, Condenação e Revolta. Não apenas confundem o escape do prisioneiro com a fuga do desertor, mas parecem preferir a aquiescência do “colaboracionista” à resistência do patriota. Diante de tal pensamento, você só precisa dizer “a terra que você amou está condenada” para desculpar qualquer traição, de fato, para glorificá-la.

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