Miguel Medeiros started reading Frankenstein by Mary Shelley
Frankenstein by Mary Shelley
O que forma um ser humano? Neste clássico de uma das maiores escritoras da história, um cientista descobre se basta …
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O que forma um ser humano? Neste clássico de uma das maiores escritoras da história, um cientista descobre se basta …
Apesar do título, essa não é exatamente um "introdução" à sociologia. Não terá explanações sobre pensadores clássicos como Marx, Durkheim e Weber, nem conceitos elementares como indivíduo e sociedade. Para isso, Adorno propõe seu outro livro, em conjunto com Horkheimer "Temas Básicos de Sociologia". Aqui, Adorno se concentra no desenvolvimento de um pensamento crítico em relação à sociologia e seus métodos. Adorno passa por temas como a matematização da sociologia, a divisão da sociologia e seus métodos, o papel da ideologia e a suposta neutralidade e a tecnocracia.
Este livro são transcrições de suas aulas, Adorno transita do casual ao complexo e o livro não omite certas "enrolações" como suas introduções, falas com a plateia e problemas técnicos. Por outro lado o livro conta com boas notas de rodapé com todas as referencias de Adorno, coisa que seus alunos não deveria ter ao vivo.
Se você tem alguma formação básica …
Apesar do título, essa não é exatamente um "introdução" à sociologia. Não terá explanações sobre pensadores clássicos como Marx, Durkheim e Weber, nem conceitos elementares como indivíduo e sociedade. Para isso, Adorno propõe seu outro livro, em conjunto com Horkheimer "Temas Básicos de Sociologia". Aqui, Adorno se concentra no desenvolvimento de um pensamento crítico em relação à sociologia e seus métodos. Adorno passa por temas como a matematização da sociologia, a divisão da sociologia e seus métodos, o papel da ideologia e a suposta neutralidade e a tecnocracia.
Este livro são transcrições de suas aulas, Adorno transita do casual ao complexo e o livro não omite certas "enrolações" como suas introduções, falas com a plateia e problemas técnicos. Por outro lado o livro conta com boas notas de rodapé com todas as referencias de Adorno, coisa que seus alunos não deveria ter ao vivo.
Se você tem alguma formação básica com sociologia é uma boa oportunidade de afinar o senso critico.
O bovarismo nacional faz par com outra característica que tem nos definido enquanto nacionalidade: o “familismo”, ou o costume arraigado de transformar questões públicas em questões privadas. Entre nós, o bom político é um familiar, poucas vezes chamado pelo sobrenome, já que é mais reconhecido pelo primeiro nome ou por um apelido: Dilma, Jango, Juscelino, Lula, Getúlio. Não por coincidência, os generais da ditadura eram chamados pelo sobrenome: Castello Branco, Costa e Silva, Geisel, Médici e Figueiredo. Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, o país foi sempre marcado pela precedência dos afetos e do imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos princípios, que organizam usualmente a vida dos cidadãos nas mais diversas nações. “Daremos ao mundo o homem cordial”, dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando a nossa difícil entrada na modernidade e refletindo criticamente sobre ela. Do latim “cor, cordis” deriva-se “cordial”, palavra que pertence ao plano semântico vinculado a “coração” e ao suposto de que, no Brasil, tudo passa pela esfera da intimidade (aqui, até os santos são chamados no diminutivo), num impressionante descompromisso com a ideia de bem público e numa clara aversão às esferas oficiais de poder. O pior é que mesmo Holanda foi reprovado pela ideologia do senso comum. Sua noção de “cordial”, na visão popular, tem sido castigada pelo juízo invertido. Foi reafirmada como um libelo das nossas relações cordiais, sim, mas cordiais no sentido de harmoniosas, sempre receptivas, e contrárias à violência, em vez de ser entendida a partir de seu sentido crítico — a nossa dificuldade de acionar as instâncias públicas. Outro exemplo de como são duradouras nossas representações é a mania de congelar a imagem de um país avesso ao radicalismo e parceiro do espírito pacífico, por mais que inúmeras rebeliões, revoltas e manifestações invadam a nossa história de ponta a ponta. Somos e não somos, sendo a ambiguidade mais produtiva do que um punhado de imagens oficiais congeladas.
— Brasil by Lilia Moritz Schwarcz, Heloisa Murgel Starling (Page 17 - 18)
Existem ainda outras facetas que fazem parte da cara (e da expressão) do país. Sarcástico, Lima Barreto termina seu texto em tom de desabafo: “Tenazmente ficamos a viver, esperando, esperando… O quê? O imprevisto, o que pode acontecer amanhã ou depois; quem sabe se a sorte grande, ou um tesouro descoberto no quintal?”. É a essa mania nacional de procurar pelo milagre do dia, pelo imprevisto salvador, que o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em seu clássico livro Raízes do Brasil, de 1936, chama de “bovarismo”. Aliás, a palavra foi usada também pelo literato carioca, que a partir do mesmo conceito desfaz de nosso vício de “estrangeirismo” e de “tudo copiar como se fosse matéria-prima nossa”. Já Buarque de Holanda afirma que o conceito se refere a “um invencível desencanto em face das nossas condições reais”.
O termo tem origem na famosa personagem Madame Bovary, criada por Gustave Flaubert, e define justamente essa alteração do sentido da realidade, quando uma pessoa se considera outra, que não é. O estado psicológico geraria uma insatisfação crônica, produzida pelo contraste entre ilusões e aspirações, e, sobretudo, pela contínua desproporção diante da realidade. Imagine-se, contudo, o mesmo fenômeno passado do indivíduo para toda uma comunidade, que se concebe sempre diferente do que é, ou aguarda que um inesperado altere a danada da realidade. Segundo Holanda (e Barreto), brasileiros teriam um quê de Bovary.
— Brasil by Lilia Moritz Schwarcz, Heloisa Murgel Starling (Page 16)
Aliando texto acessível e agradável, vasta documentação original e rica iconografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling propõem uma nova …
Último curso ministrado por Theodor W. Adorno, estas lições de Introdução à Sociologia são o registro privilegiado da capacidade do …
O tema do indivíduo é relativamente raro na Sociologia. De um modo geral, ela dedica-se ao estudo das "relações entre indivíduos", dos grupos, classes e instituições sociais, e a sua tendência é para considerar o indivíduo um dado irredutível confiando a sua análise à Biologia, à Psicologia e à Filosofia. [...] Desde o seu aparecimento, o conceito de indivíduo quis sempre designar algo concreto, fechado e auto-suficiente, uma unicidade que se caracteriza por propriedades peculiares que só a ele se aplicam. [...] A vida humana é essencialmente e não por mera casualidade convivência. Com esta afirmação, põe-se em dúvida o conceito do indivíduo como unidade social fundamental. [...] Mesmo antes de ser indivíduo o homem é um dos semelhantes, relaciona-se com os outros antes ao se referir explicitamente ao eu; é um momento das relações em que vive, antes de poder chegar, finalmente, à autodeterminação [...] A definição do homem como pessoa implica que, no âmbito das condições sociais em que vive e antes de ter consciência de si, o homem deve sempre representar determinados papéis como semelhante de outros. Em conseqüência desses papéis e em relação com os seus semelhantes, ele é o que é: filho de uma mãe, aluno de um professor, membro de uma tribo, praticante de uma profissão. Assim, essas relações não são, para ele, algo extrínseco mas relações em que se determina a seu próprio respeito, como filho, aluno ou o que for. Quem quisesse prescindir desse caráter funcional da pessoa, para procurar em cada um o seu significado único e absoluto, não conseguiria chegar ao indivíduo puro, em sua singularidade indefinível, mas apenas a um ponto de referência sumamente abstrato que, por seu turno, adquiriria significado em relação ao contexto social entendido como principio abstrato da unidade da sociedade. inclusivamente, a pessoa é, como entidade biográfica, uma categoria social. Ela só se define em sua correlação vital com outras pessoas o que constitui, precisamente, o seu caráter social. A sua vida só adquire sentido nessa correlação, com condições sociais específicas; e só em relação ao contexto é que a máscara social do personagem também é um indivíduo.
— Temas Básicos da Sociologia by Theodor W. Adorno, Max Horkheimer
Mas, acima de tudo, a sociologia que quer reconhecer somente o ''positivo corre o perigo de perder toda a consciência crítica. Tudo o que é diferente desse ''positivo" e obriga a formular interrogações sobre a legitimidade de uma determinada entidade social, em vez de se limitar a comprová-la e classificá-la, como dado verificável, torna-se alvo de suspeitas. [...] Desta forma, o imperativo de fidelidade ao dado começa a ser superado; o que é propriamente dado - as relações sociais que, em grande medida, determinam aos homens o seu comportamento - desaparece, de acordo com esta concepção, da investigação sociológica. Mas a ciência só pode ser algo mais do que simples duplicação da Realidade no pensamento se estiver impregnada de espírito crítico. Explicar a realidade significa sempre romper o círculo da duplicação. Crítica não significa, neste caso, subjetivismo mas confronto da coisa com o seu próprio conceito. O dado só se oferece a uma visão que o considere sob o aspecto de um verdadeiro interesse, seja de uma sociedade livre. de um Estado justo ou do desenvolvimento da humanidade. E quem não compara as coisas humanas com o que elas querem significar, vê-as não só de uma forma superficial mas definitivamente falsa.
— Temas Básicos da Sociologia by Theodor W. Adorno, Max Horkheimer
Diferentes formas de violência estão no fundamento das dores. Repressões, por exemplo, representam uma violência da negatividade. Elas são praticadas por outros. A violência, porém, não parte apenas do outro. A violência também é o excesso de positividade que se manifesta como hiperdesempenho, hipercomunicação e hiperestimulação. A violência da positividade leva a dores de sobrecarga. Algógenas são, hoje, sobretudo aquelas tensões físicas que são características para a sociedade do desempenho neoliberal. Elas indicam traços autoagressivos. O sujeito de desempenho comete violência consigo próprio. Ele explora a si mesmo voluntariamente, até que ele desmorone. O servo tira o chicote da mão do senhor e chicoteia a si próprio para se tornar senhor, sim, para ser livre. O sujeito do desempenho está em guerra consigo mesmo. As pressões internas que surgem aí o derrubam em depressão. Elas também causam dores crônicas.
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 57 - 58)
O dispositivo de felicidade individualiza o ser humano e leva à despolitização e à dessolidarização da sociedade. Cada um tem de cuidar da própria felicidade. Ela se torna um assunto privado. Também o sofrimento é interpretado como resultado do próprio fracasso. Assim há, em vez de revolução, depressão. Enquanto buscamos curar nossa própria alma, perdemos de vista os contextos sociais que levam a rejeições sociais. Se medos e incertezas nos assolam, responsabilizamos não a sociedade, mas nós mesmos por isso. O fermento da revolução é, porém, a dor sentida em comum. O dispositivo de felicidade neoliberal a sufoca no [seu] germe. A sociedade paliativa despolitiza a dor ao medicalizá-la e privatizá-la. É oprimida e reprimida, assim, também a dimensão social da dor. Nenhum protesto parte daquelas dores crônicas que podem ser interpretadas como fenômenos da sociedade do cansaço. O cansaço na sociedade do desempenho neoliberal é não político porque representa um cansaço-do-Eu [Ich-Müdigkeit]. Ele é um sintoma do sujeito do desempenho sobrecarregado e narcísico. Ele individualiza as pessoas, em vez de ligá-las em um Nós. Ele deve ser distinguido daquele cansaço-do-Nós [Wir-Müdigkeit], que promove a comunidade. O cansaço-do-Eu é a melhor profilaxia contra a revolução.
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 30 - 31)
Também a vontade incondicionada de combate à dor faz esquecer que esta é socialmente mediada. A dor reflete rejeições socioeconômicas que se inscrevem tanto no psíquico como também no corporal. Analgésicos, prescritos em massa, ocultam relações sociais que levam à dor. A medicalização e a farmacologização exclusiva da dor impedem que ela se torne fala, sim, crítica. Elas tiram da dor o caráter objetivo, o caráter social. Com a insensibilização induzida medicinal ou medialmente, a sociedade paliativa se imuniza contra a crítica. Também mídias sociais e jogos de computador atuam como anestésicos. A anestesia permanente social impede o conhecimento e a reflexão, reprime a verdade. Em Dialética negativa, Adorno escreve: “A necessidade de deixar o sofrimento se tornar eloquente é condição de toda verdade, pois o sofrimento é a objetividade que enfarda o sujeito; o que ele experimenta como o mais subjetivo é mediado objetivamente”[22].
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 29 - 30)
O dispositivo de felicidade neoliberal nos distrai do sistema de dominação [Herrschaftszusammenhang] existente ao nos obrigar apenas à introspecção da alma. Ele cuida para que cada um se ocupe apenas ainda consigo mesmo, com a sua própria psyché, em vez de interrogar criticamente as relações sociais. O sofrimento pelo qual a sociedade seria responsável é privatizado e psicologizado. Devem se melhorar não as condições sociais, mas sim as da alma. A demanda pela otimização da alma, que, na realidade, obriga a uma adequação às relações de dominação, oculta misérias sociais. Assim, a psicologia positiva sela o fim da revolução. Não revolucionários, mas treinadores de motivação tomam o palco, e cuidam para que não surja nenhum descontentamento [Unmut], sim, nenhuma raiva [Mut]: “Na véspera da crise econômica mundial na década de 1920, com as suas extremas oposições sociais, houve muitos representantes dos trabalhadores e ativistas radicais que denunciaram o excesso dos ricos e a miséria dos pobres. No século XXI, em contrapartida, uma ninhada numerosa e inteiramente diferente de ideólogos disseminou o contrário – que, em nossa sociedade profundamente desigual, tudo estaria bem, e que, para aqueles que se esforçassem, ficaria ainda melhor. Motivadores e outros representantes do pensamento positivo tinham uma boa oferta para as pessoas que, por causa do mercado de trabalho constantemente oscilante, estavam à beira da ruína econômica: Dê boas-vindas a toda ‘mudança’ angustiante e a veja como uma oportunidade”[21].
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 27 - 29)
Seja feliz é a nova fórmula da dominação. A positividade da felicidade reprime a negatividade da dor. Como capital positivo, a felicidade deve garantir uma capacidade para o desempenho ininterrupta. Automotivação e auto-otimização fazem o dispositivo de felicidade neoliberal muito eficiente, pois a dominação se exerce sem nenhum grande esforço. O submetido nem sequer tem consciência de sua submissão. Ele se supõe livre. Sem qualquer coação estranha, ele explora a si mesmo, crente de que, desse modo, ele se concretiza. A liberdade não é reprimida, mas explorada. Seja livre produz uma coação que é mais dominante do que seja obediente.
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 26 - 27)
A sociedade paliativa[6] coincide com a sociedade do desempenho. A dor é vista como um sinal de fraqueza. Ela é algo que deve ser ocultado ou ser eliminado por meio da otimização [wegzuoptimieren]. Ela não é compatível com o desempenho. A passividade do sofrer não tem lugar na sociedade ativa dominada pelo poder [Können]. Hoje se remove à dor qualquer possibilidade de expressão. Ela é, além disso, condenada a calar-se. A sociedade paliativa não permite avivar, verbalizar a dor em uma paixão.
— Sociedade paliativa by Byung-Chul Han (Page 13 - 14)