Agora eu quero fazer só um pequeno resumo sobre o que é a guerra de guerrilha, porque, antes que você se dê conta… antes que você se dê conta… é preciso coragem para ser um guerrilheiro, porque você estará por conta própria. Na guerra convencional, você tem tanques e várias outras pessoas com você para te proteger, aviões sobre sua cabeça e todo esse tipo de coisa. Mas um guerrilheiro está sozinho. Tudo que você tem é um rifle, um tênis e uma tigela de arroz, e isso é tudo de que você precisa – e muita coragem. Veja os japoneses, em algumas daquelas ilhas do Pacífico, quando os soldados americanos desembarcavam, um único japonês conseguia às vezes conter todo um exército. Ele só precisava esperar o sol se pôr, e, quando o sol se punha, eram todos iguais. Ele pegava sua faquinha e ia se esgueirando de arbusto em arbusto, de americano em americano. Os soldados brancos não conseguiram lidar com isso. Quando você encontra algum soldado branco que lutou no Pacífico, percebe que ele tem tremores, sofre de nervosismo, porque lá quase o mataram de medo.
A mesma coisa aconteceu com os franceses na Indochina Francesa. Pessoas que poucos anos antes eram camponeses plantadores de arroz se reuniram e expulsaram da Indochina aquele exército francês fortemente mecanizado. Ninguém precisa mais disso – a guerra moderna hoje não funciona. Esta é a era da guerrilha.
Aconteceu a mesma coisa na Argélia. Os argelinos, que não passavam de beduínos, pegaram uma espingarda e escaparam para as colinas; e De Gaulle e todo o seu pretensioso maquinário bélico não conseguiram derrotar aqueles guerrilheiros. Em nenhum lugar deste mundo o homem branco venceu uma guerra de guerrilha. Não é negócio para ele. Uma vez que a guerra de guerrilha está prevalecendo na Ásia, em partes da África e em partes da América Latina, só sendo muito ingênuo ou menosprezando muito o homem negro para achar que ele não vai acordar algum dia e descobrir que tem que ser o voto ou a bala.