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Miguel Medeiros

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"Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.". — Pórcia

Sou um leigo que se entrega à filosofia, literatura, história e ciência. Leitor de Philip K. Dick a Platão, ouvinte de Arctic Monkeys a John Coltrane, jogador de Red Dead Redemption a Deus Ex.

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J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

A Fantasia é uma atividade natural humana. Ela certamente não destrói ou mesmo insulta a Razão; e não torna menos aguçado o apetite pela verdade científica, nem obscurece a percepção dela. Ao contrário. Quanto mais aguçada e clara a razão, melhor fantasia fará. Se os homens estivessem sempre num estado em que não quisessem conhecer ou não pudessem perceber a verdade (fatos ou evidências), então a Fantasia minguaria até que eles ficassem curados. Se alguma vez entrarem nesse estado (não pareceria de forma alguma impossível), a Fantasia perecerá, e tornar-se-á Desilusão Mórbida. Pois a Fantasia criativa está fundada sobre o reconhecimento duro de que as coisas são assim no mundo como ele aparece sob o sol; num reconhecimento desse fato, mas não numa escravidão a ele. Do mesmo modo, era sobre a lógica que se fundava o disparate que se mostra nos contos e versos de Lewis Carroll. Se os homens realmente não conseguissem distinguir entre sapos e seres humanos, estórias de fadas sobre reis-sapos não teriam surgido. A Fantasia pode, é claro, ser levada ao excesso. Pode ser feita de modo errado. Pode ser posta a serviço de fins maus. Pode mesmo iludir as mentes das quais veio. Mas de que coisa humana neste mundo caído isso não é verdade? Os homens conceberam não apenas elfos, mas imaginaram deuses e os adoraram, adoraram mesmo aqueles mais deformados pelo próprio mal de seus autores. Mas eles fizeram falsos deuses com outros materiais: suas nações, suas bandeiras, seus dinheiros; até suas ciências e suas teorias sociais e econômicas já exigiram sacrifício humano. Abusus non tollit usum.[60] A Fantasia continua a ser um direito humano; criamos, na nossa medida e ao nosso modo derivativo, porque fomos criados; e não apenas criados, mas criados à imagem e semelhança de um Criador.

Árvore e folha by 

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

Qualquer um que tenha herdado o aparato fantástico da linguagem humana pode dizer o sol verde. Muitos podem então imaginá-lo ou pintá-lo. Mas isso não é suficiente — embora já possa ser uma coisa mais potente do que muito “rascunho em miniatura” ou “transcrição da vida” que recebe elogios literários. Criar um Mundo Secundário dentro do qual o sol verde seja crível, compelindo a Crença Secundária, provavelmente vai requerer labor e pensamento e, certamente, vai exigir uma perícia especial, um tipo de engenho élfico. Poucos tentam tais tarefas difíceis. Mas, quando elas são tentadas e, em qualquer grau, completadas, então temos uma rara realização da Arte: de fato, arte narrativa, criação de estórias, em seu modo primário e mais potente.

Árvore e folha by 

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

As crianças são capazes, é claro, de crença literária, quando a arte do criador de estórias é boa o suficiente para produzi-la. Esse estado da mente tem sido chamado de “suspensão voluntária da descrença”. Mas isso não me parece uma boa descrição do que acontece. O que realmente acontece é que o criador de estórias mostra ser um “subcriador” bem-sucedido. Ele cria um Mundo Secundário que a sua mente pode adentrar. Dentro dele, o que relata é “verdadeiro”, está de acordo com as leis daquele mundo. Você, portanto, acredita, enquanto está, de certa forma, ali dentro. No momento em que a descrença surge, o feitiço se quebra; a magia, ou melhor, a arte, falhou. Você, então, sai para o Mundo Primário de novo, olhando para o pequeno e abortivo Mundo Secundário do lado de fora. Se você for obrigado, por bondade ou circunstância, a ficar, então a descrença tem de ser suspensa (ou abafada); do contrário, ouvir e olhar se tornariam intoleráveis. Mas essa suspensão da descrença é um substituto da coisa genuína, um subterfúgio que usamos quando condescendemos a jogos ou faz de conta ou quando tentamos (mais ou menos, voluntariamente) achar a virtude que pudermos numa obra de arte que, para nós, fracassou. Um verdadeiro entusiasta do críquete está no estado encantado: Crença Secundária. Eu, quando vejo uma partida, estou no nível inferior. Consigo atingir uma suspensão voluntária da descrença, quando estou preso lá e apoiado por algum outro motivo que mantenha o tédio a distância: por exemplo, uma preferência selvagem, heráldica, por azul-escuro em vez de azul-claro. Essa suspensão da descrença pode, assim, ser um estado algo cansado, desmazelado ou sentimental da mente e, portanto, inclinar-se para o “adulto”. Imagino que esse seja frequentemente o estado dos adultos na presença de uma estória de fadas. Eles são mantidos ali e apoiados por sentimentos (memórias da infância, ou noções de como a infância deveria ser); acham que deveriam gostar da estória. Mas, se realmente gostassem dela, por si mesma, não teriam de suspender a descrença: eles acreditariam — nesse sentido.

Árvore e folha by 

Aqui Tolkien pega o conceito de "Circulo Magico" do Huizinga e transfere para a literatura. Interessante.

Terry Pratchett: A Luz Fantástica (Portuguese language, Conrad) No rating

Em A Luz Fantástica, Pratchett continua a mostrar as andanças de Rincewind, um mago picareta …

Pois bem, nessas horas, existe uma tendência de olharmos a garota da capa de alguma revista e nos entregarmos a detalhes sobre couro, botas que chegam à altura da coxa e facas afiadas. Palavras como “farta”, “roliça” e mesmo “ousada” se infiltram na narrativa, até o escritor ter que ir tomar um banho frio e se deitar. O que é uma grande besteira, porque nenhuma mulher que se proponha a ganhar a vida com a espada vai andar por aí parecendo capa do mais avançado catálogo de lingerie para especialistas.

A Luz Fantástica by  (Discworld Vol. 2)

Terry Pratchett: A Luz Fantástica (Portuguese language, Conrad) No rating

Em A Luz Fantástica, Pratchett continua a mostrar as andanças de Rincewind, um mago picareta …

A Universidade Invisível jamais admitira mulheres, alegando qualquer coisa sobre problemas com o encanamento, mas o verdadeiro motivo era um temor tácito de que, se as mulheres pudessem se meter a feiticeiras, era provável que acabassem sendo constrangedoramente boas no negócio...

A Luz Fantástica by  (Discworld Vol. 2)

Terry Pratchett: A Luz Fantástica (Portuguese language, Conrad) No rating

Em A Luz Fantástica, Pratchett continua a mostrar as andanças de Rincewind, um mago picareta …

Os druidas do Disco se orgulhavam de sua atitude progressista diante da descoberta dos mistérios do universo. E claro que, como druidas de qualquer lugar, acreditavam na unidade essencial da vida, no poder de cura das plantas, no ritmo natural das estações e na incineração de qualquer um que não visse tudo isso com a disposição de espírito adequada. Mas também fazia muito tempo vinham pensando sobre a essência da criação e chegaram a seguinte teoria:

Para o seu funcionamento, o universo dependia do equilíbrio de quatro forças, identificadas como sedução, persuasão, indecisão e birra.

Assim, o sol e a lua giravam ao redor do Disco, porque eram persuadidos a não cair, mas não saíam voando por aí por indecisão. Sedução permitia às árvores brotarem, birra as mantinha crescendo, e assim por diante.

Alguns druidas achavam que a teoria apresentava falhas, mas os druidas seniores sempre deixaram muito claro que havia de fato lugar para a argumentação baseada em informações fidedignas — o método de tentativas frustradas de um emocionante debate científico —, e esse lugar ficava no alto da fogueira no solstício seguinte.Os druidas do Disco se orgulhavam de sua atitude progressista diante da descoberta dos mistérios do universo. E claro que, como druidas de qualquer lugar, acreditavam na unidade essencial da vida, no poder de cura das plantas, no ritmo natural das estações e na incineração de qualquer um que não visse tudo isso com a disposição de espírito adequada. Mas também fazia muito tempo vinham pensando sobre a essência da criação e chegaram a seguinte teoria:

Para o seu funcionamento, o universo dependia do equilíbrio de quatro forças, identificadas como sedução, persuasão, indecisão e birra.

Assim, o sol e a lua giravam ao redor do Disco, porque eram persuadidos a não cair, mas não saíam voando por aí por indecisão. Sedução permitia às árvores brotarem, birra as mantinha crescendo, e assim por diante.

Alguns druidas achavam que a teoria apresentava falhas, mas os druidas seniores sempre deixaram muito claro que havia de fato lugar para a argumentação baseada em informações fidedignas — o método de tentativas frustradas de um emocionante debate científico —, e esse lugar ficava no alto da fogueira no solstício seguinte.

A Luz Fantástica by  (Discworld Vol. 2) (24%)

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

A seguir, depois das estórias de viajantes, eu também excluiria, ou julgaria imprópria, qualquer estória que usasse a maquinaria do Sonho, o sonhar do sono humano real, para explicar a aparente ocorrência de suas maravilhas. No mínimo, mesmo que o sonho relatado fosse em outros aspectos, em si mesmo, uma estória de fadas, eu condenaria o todo como gravemente defeituoso: como uma boa pintura numa moldura desfiguradora. É verdade que o sonho não está desconectado de Feéria. Nos sonhos, estranhos poderes da mente podem ser destrancados. Em alguns deles, um homem pode, por algum tempo, empunhar o poder de Feéria, aquele poder que, mesmo enquanto concebe a estória, faz com que ela tome forma e cor viva diante dos olhos. Um sonho verdadeiro pode, de fato, às vezes, ser uma estória de fadas de facilidade e habilidade quase élficas — enquanto está sendo sonhado. Mas, se um escritor desperto lhe diz que sua estória é só algo imaginado em seu sono, ele engana deliberadamente o desejo primevo no coração de Feéria: a realização, independente da mente que o concebe, do assombro imaginado. Com frequência se relata das fadas (verdadeira ou mentirosamente, eu não sei) que elas são criadoras de ilusões, que são enganadoras dos homens por meio da “fantasia”; mas isso é assunto bem diferente. E é problema delas. Tais truques acontecem, de qualquer forma, dentro de estórias nas quais as fadas não são, elas próprias, ilusões; por trás da fantasia, vontades e poderes reais existem, independentes das mentes e propósitos dos homens.

Árvore e folha by 

J. R. R. Tolkien: Árvore e folha (Portuguese language, HarperCollins) No rating

Apesar de ser universalmente conhecido pelo seu magnum opus, O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien …

A definição de uma estória de fadas — o que é, ou o que deveria ser — não depende, então, de qualquer definição ou relato histórico sobre elfos ou fadas, mas da natureza de Feéria: o próprio Reino Perigoso e o ar que sopra naquele país. Não tentarei defini-lo, ou descrevê-lo diretamente. Isso não pode ser feito. Feéria não pode ser capturada numa rede de palavras, pois é uma de suas qualidades ser indescritível, embora não imperceptível. Ela tem muitos ingredientes, mas a análise não necessariamente revelará o segredo do todo. Contudo, espero que o que tenho depois a dizer sobre as outras questões traga alguns vislumbres da minha própria visão imperfeita dela. Para o momento direi apenas isto: uma “estória de fadas” é aquela que aborda ou usa Feéria, qualquer que possa ser seu próprio propósito central: sátira, aventura, moralidade, fantasia. A própria Feéria talvez possa ser traduzida mais aproximadamente por Magia[17] — mas é magia de um ânimo e poder peculiares, no polo oposto ao dos artifícios vulgares do mágico laborioso e científico. Há um único pré-requisito: se houver algo de sátira presente na estória, de uma coisa não se pode zombar — da magia em si. Essa deve, naquela estória, ser levada a sério, não sendo ridicularizada nem explicada. Dessa seriedade o texto medieval “Sir Gawain and the Green Knight”[18] é um exemplo admirável.

Árvore e folha by 

Oswaldo Aranha Bandeira de Mello: Princípios gerais de direito administrativo (Paperback, Português language, 2010, Malheiros Editores) No rating

Uma obra clássica do nosso Direito, que embasou todo o desenvolvimento do Direito Administrativo entre …

Dentro da ordem jurídica vigente e nos regimes democráticos, o órgão representativo, que espelha as diferentes correntes de opinião pública nacional, denomina-se Poder Legislativo, porque se lhe reconhece a prerrogativa principal de fazer as leis, de estabelecer normas de direito, informadoras da ordem jurídica do Estado-sociedade; e o órgão que realiza como especial cometimento, de modo prático, essas normas efetivando, de moto próprio, como parte, o programa de ação por elas dispostas - denomina-se Poder Executivo, e se nomeia de Poder Judiciário o órgão que objetiva, em posição eminente, a resolução de controvérsias entre as partes, para assegurar essas normas e firmar situação jurídica definitiva.

Contudo, se não podem confundir os órgãos do Estado-poder com suas funções, nem mesmo com as ações que os especificam.

Assim, tanto o Legislativo como o Judiciário, para consecução dos seus fins precípuos de legislar e julgar, necessitam de organizar repartições denominadas suas secretarias, que realizam atividades estranhas àqueles cometimentos, de natureza executiva, concreta. Demais, os próprios órgãos legislativo e judicante desempenham outras atividades meramente executivas.

Aí estão, para comprovação da assertiva, os atos do Legislativo de aprovação do orçamento, autorizando a despesa e receita do Estado-poder, como a aprovação de nomes de candidatos apresentados pelo Executivo para serem por ele nomeados para altos cargos públicos.

Por sua vez, os atos do Judiciário, da chamada jurisdição voluntária, que perante ele são processados com a finalidade de dar maior garantia a esses atos, sem que se cogite da resolução de qualquer controvérsia jurídica - como o inventário de bens a serem partilhados e a execução dos testamentos, a arrecadação e a administração de bens de ausentes, a nomeação e remoção de tutores e curadores, os desquites amigáveis por mútuo consentimento, e mesmo os atos judiciários nos processos contenciosos, e que tenham por objetivo a execução da lei como quando o juiz, antes da decisão, despacha: "Selados e preparados, voltem os presentes autos conclusos para sentença", são atos de caráter meramente executivo.

Por outro lado, o Legislativo tem competência jurisdicional nos chamados processos de impeachment, isto é, nos juízos políticos, em que julga os titulares dos órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário por crimes funcionais ou má conduta no exercício das suas atividades.

É verdade, na maioria dos países o juízo politico se restringe a afastar o agente público do seu cargo e inabilitá-lo para o exercício de funções públicas, cabendo ao Judiciário a aplicação de outras penas, acaso comportáveis.

Afinal, o Executivo decide sobre pretensões das partes, administrativamente, na defesa dos seus direitos, frente ao Estado poder, e pune, disciplinarmente, seus próprios agentes públicos, mediante pro cesso regular, por faltas funcionais.

Certo, a decisão dos direitos das partes pelo Executivo é suscetivel de reapreciação pelo Judiciário, e mesmo os processos administrativos de punição dos seus agentes sujeitam-se ao seu exame, para verificação sobre se foram observadas as formalidades legais e se não ocorreu abuso de direito na aplicação das penalidades. Demais, decidido em juízo não ter existido a falta atribuída ao acusado administrativamente, ou que ela foi praticada por outrem, prevalece a decisão judicial. Não obstante, todas essas atividades têm um aspecto se não plenamente jurisdicional, ao menos quase-judicial.

Por fim, o Executivo, além de participar com o Legislativo na obra de elaboração da lei, também prescreve atos normativos: através dos regulamentos promulgados para dar execução às leis, impondo regras de conduta aos particulares, sem falar nos regulamentos independentes ou autônomos e autorizados ou delegados, de normas inovadoras da ordem jurídica, acolhidos em muitos países; e mesmo através de instruções aos seus agentes para consecução de obras e serviços públicos.

Aliás, o Judiciário, outrossim, baixa regimentos normativos para regular a marcha dos seus respectivos trabalhos.

Princípios gerais de direito administrativo by  (Page 46 - 48)

Oswaldo Aranha Bandeira de Mello: Princípios gerais de direito administrativo (Paperback, Português language, 2010, Malheiros Editores) No rating

Uma obra clássica do nosso Direito, que embasou todo o desenvolvimento do Direito Administrativo entre …

O objetivo do direito público é o bem comum a ser alcançado pelo Estado, valendo-se para tanto de processos técnicos apropriados, de manifestação de vontade autoritária, de dar a cada um o que lhe é particularmente devido, mas o que lhe é devido como participante do todo social. Já o objeto do direito privado é o bem de cada um, a ser alcançado pelos indivíduos como partes do todo social, utilizando-se de processos técnicos para isso adequados, de livre acordo de vontades, ou ao menos de livre aquiescência de vontades, dentro dos limites impostos pelo Estado, que, assim, de modo mediato, trabalha, ainda, para o bem comum.

A distinção do direito em público e privado não quebra a unidade da ordem jurídica, pois com ela se não pretende dividir o direito em duas ciências em apartado, mas considerar dois aspectos fundamentais de uma mesma Ciência.

Por outro lado, a circunstância de certas relações jurídicas, em dado momento histórico ou segundo a organização dos povos, se classificarem, diferentemente, ora no direito público, ora no Privado, não prejudica a fixação de um critério diferenciador desses ramos jurídicos.

Princípios gerais de direito administrativo by  (Page 44)

Terry Pratchett: A Luz Fantástica (Portuguese language, Conrad) No rating

Em A Luz Fantástica, Pratchett continua a mostrar as andanças de Rincewind, um mago picareta …

O mago sempre achou que pânico era o melhor meio de sobrevivência. Sua teoria sustentava que, nos primórdios da existência, podíamos dividir em dois grupos bem definidos as pessoas confrontadas com um tigre-de-dente-de-sabre faminto: as que se deixavam tomar pelo pânico e aquelas que ficavam ali dizendo “Que besta magnífica” e “Vem aqui, gatinho”.

A Luz Fantástica by  (Discworld Vol. 2)

Terry Pratchett: A Luz Fantástica (Portuguese language, Conrad) No rating

Em A Luz Fantástica, Pratchett continua a mostrar as andanças de Rincewind, um mago picareta …

Duasflor era um turista, o primeiro daquela espécie no Disco, e fundamental à sua própria existência era a crença inabalável que nada de mau lhe aconteceria, porque ele não estava envolvido. Também acreditava que qualquer indivíduo podia entender sua língua — desde que falasse alto e devagar —, que as pessoas eram dignas de confiança e que tudo sempre se resolvia entre homens de boa vontade, uma vez que agissem com sensatez.

À primeira vista, isso lhe dava uma expectativa de vida menor que, digamos, a de um sabonete de arenque, mas, para perplexidade de Rincewind, tudo parecia funcionar. A total desatenção do homenzinho a qualquer tipo de perigo, de alguma forma desencorajava o perigo, que desistia e ia embora.

A Luz Fantástica by  (Discworld Vol. 2)