A linguagem, entendida como atividade humana de falar, apresenta cinco
dimensões universais: criatividade (ou enérgeia), materialidade,
semanticidade, alteridade e historicidade.
Criatividade, porque a linguagem, forma de cultura que é, se manifesta
como atividade livre e criadora, ou “do espírito”, isto é, como algo que vai
mais além do aprendido, que não simplesmente repete o que já foi produzido.
Materialidade, porque a linguagem é, primeiramente, uma atividade
condicionada fisiológica e psiquicamente, pois implica, em relação ao falante,
a capacidade de utilizar os órgãos de fonação, produzindo signos fonéticos
articulados (fonemas, grafemas, quando representados na escrita, etc.) com
que estabelece diferenças de significado (por exemplo, Pala, Vala, Mala, Tala,
Rala, etc.); enquanto, em relação ao ouvinte, implica a capacidade de
perceber tais fonemas e interpretar o percebido como referência ao conteúdo
configurado pelo falante mediante os signos fonéticos articulados. É o nível
biológico da linguagem.
Semanticidade, porque a cada forma corresponde um conteúdo
significativo, já que na linguagem tudo significa, tudo é semântico.
Alteridade, porque o significar é originariamente e sempre um “ser com
outros”, próprio da natureza político-social do homem, de indivíduos que são
homens juntos a outros e, por exemplo, como falantes e ouvintes, são sempre
cofalantes e coouvintes.
Historicidade, porque a linguagem se apresenta sempre sob a forma de
língua, isto é, de tradição linguística de uma comunidade histórica. Não
existe língua desacompanhada de sua referência histórica: só há língua
portuguesa, língua francesa, língua inglesa, língua espanhola, língua latina,
etc.