1) Elipse
Chama-se elipse a omissão de um termo facilmente subentendido por faltar onde normalmente aparece, ou por ter sido anteriormente enunciado ou sugerido, ou ainda por ser depreendido pela situação ou contexto. É o que ocorre quando, diante de um quadro, uma pessoa dá sua opinião:
“É belo!” [MC.4, s.v.].
São barulhentos, mas eu admiro meus alunos.
2) Pleonasmo
É a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida, para fins de clareza ou ênfase:
Vi-o a ele (pleonasmo do objeto direto).
Ao pobre não lhe devo (pleonasmo do objeto indireto).
“(...) o conde atirava à mísera cantora alguns soldos que ainda lhe reforçavam a ela as cordas vocais” [JR.2, 188] (pleonasmo do dativo de posse).
Subir para cima.
3) Anacoluto
É a quebra da estruturação lógica da oração:
Os três reis magos, conta a lenda que um deles era negro.
4) Antecipação ou prolepse
É a colocação de uma expressão fora do lugar que logicamente lhe compete:
O tempo parece que vai piorar
por
Parece que o tempo vai piorar.
5) Braquilogia
É o emprego de uma expressão curta equivalente a outra mais ampla ou de estruturação mais complexa:
Estudou como se fosse passar
por
Estudou como estudaria se fosse passar.
6) Haplologia sintática
É a omissão de uma palavra por estar em contato com outra (ou final de outra palavra) foneticamente igual ou parecida:
Iracema antes quer que o sangue de Caubi tinja sua mão que a tua
[JA.4, 223]. Isto é: antes quer que... que quer que a tua. (Ö 659)
7) Contaminação sintática
“É a fusão irregular de duas construções que, em separado, são regulares” [ED.2, § 482].
Fiz com que Pedro viesse
(fusão de Fiz com Pedro que viesse e Fiz que Pedro viesse).
Caminhar por entre mares
(fusão de Caminhar por mares e Caminhar entre mares).
As estrelas pareciam brilharem (sintaxe que não é recomendada na língua-padrão)
(fusão de As estrelas pareciam brilhar com Parecia que as estrelas brilhavam).
Fazer de conta
(fusão de Fazer conta = imaginar, supor, com expressões em que
fazer é seguido da preposição de: fez de tolo, de sonso, etc).
Ter como obrigação de fazer
(fusão de Ter por obrigação fazer e Ter a obrigação de fazer).
Chegou de a pé
(fusão de Chegou de pé e Chegou a pé).
8) Expressão expletiva ou de realce
É a que não exerce função gramatical:
Nós é que sabemos viver
Aqui é onde a ilusão se acaba.
Oh! Que saudades que tenho!
Quanto que é a conta?
9) Anáfora
Repetição da mesma palavra em começo de frases diferentes:
Quem pagará o enterro e as flores/ Se eu me morrer de amores?/
Quem, dentre amigos, tão amigo/ Para estar no caixão comigo?/
Quem, em meio ao funeral/ Dirá de mim: — Nunca fez mal.../
Quem, bêbedo, chorará em voz alta/ De não me ter trazido nada?/
Quem virá despetalar pétalas/ No meu túmulo de poeta? [VM.1].
10) Anástrofe
Inversão de palavras na frase:
De repente chegou a hora. (Por: De repente a hora chegou.)
11) Assíndeto
Tipo de elipse que se aplica à ausência de conectivos:
Vim, vi, venci. [Júlio César]
“Sonha como a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores!”
[AA.2]
Espero sejas feliz! (Por: Espero que sejas feliz!)
12) Hipérbato
Inversão violenta entre termos da oração:
Sobre o banco de pedra que ali tens/ Nasceu uma canção. (...)
[VM.1].
13) Polissíndeto
Repetição enfática de conectivos:
E corre, e chora, e cai sem que possamos ajudar o amigo.
14) Silepse
Discordância de gênero, de pessoa ou de número por se levar mais em conta o sentido do que a forma material da palavra:
Saímos todos desiludidos da reunião. (Por: Saíram todos desiludidos da reunião).
15) Sínquise
Inversão violenta de palavras na frase que dificulta a compreensão. É prática a ser evitada.
Quase sempre essa deslocação violenta dos termos oracionais exige, para o perfeito entendimento da mensagem, nosso conhecimento sobre as coisas e saber de ordem cultural:
Abel matou Caim. (Por: Caim matou Abel)
16) Zeugma
Costuma-se assim chamar a elipse do verbo:
Não queria, porém, ser um estorvo para ninguém. Nem atrapalhar a
vida da casa (omissão do verbo querer) [AMM.3].