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Estação Carandiru by Drauzio Varella
Com mais de 7200 presos, a Casa de Detenção de São Paulo é o maior presídio do país. Está situada …
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Com mais de 7200 presos, a Casa de Detenção de São Paulo é o maior presídio do país. Está situada …
O livro de Audrei Gesser, ouvinte pesquisador e imerso no contexto da cultura surda, destina-se principalmente a ouvintes leigos sobre a realidade da pessoa surda no Brasil, com o intuito de servir de introdução a esse universo.
É dividido em três partes: "A língua de sinais", "O surdo" e "A surdez". A primeira parte é essencial para o leitor desmistificar erros no senso comum do que seria a LIBRAS e as línguas de sinais como um todo. Em seguida, os outros dois capítulos abordam aspectos da cultura surda e as disputas políticas em relação ao paradigma médico contra o modelo social da deficiência.
Senti falta no livro de referências a uma parte relevante da comunidade de deficientes auditivos que recusa a identificação com a cultura surda e insiste em ser chamada de deficiente auditivo, procurando compensações como aparelhos auriculares, entre outros. Existe essa tensão entre deficientes auditivos e surdos, e …
O livro de Audrei Gesser, ouvinte pesquisador e imerso no contexto da cultura surda, destina-se principalmente a ouvintes leigos sobre a realidade da pessoa surda no Brasil, com o intuito de servir de introdução a esse universo.
É dividido em três partes: "A língua de sinais", "O surdo" e "A surdez". A primeira parte é essencial para o leitor desmistificar erros no senso comum do que seria a LIBRAS e as línguas de sinais como um todo. Em seguida, os outros dois capítulos abordam aspectos da cultura surda e as disputas políticas em relação ao paradigma médico contra o modelo social da deficiência.
Senti falta no livro de referências a uma parte relevante da comunidade de deficientes auditivos que recusa a identificação com a cultura surda e insiste em ser chamada de deficiente auditivo, procurando compensações como aparelhos auriculares, entre outros. Existe essa tensão entre deficientes auditivos e surdos, e o livro foca exclusivamente no segundo. Uma escolha importante, mas seria interessante pelo menos citar essa tensão em algum momento.
Recomendo a leitura a todos os ouvintes que leem essa resenha.
Ainda é preciso insistir no fato de que a Libras é língua? Desde a década de 1960, ela recebeu o …
@yuribravos Eu já li em 2018 quando cursei LIBRAS na faculdade (fiz licenciatura). Estou revisitando.
Ainda é preciso insistir no fato de que a Libras é língua? Desde a década de 1960, ela recebeu o …
Sou suspeitíssima para falar do Lalo, o autor do livro, porque ele foi meu orientador de iniciação científica e é uma excelente pessoa. Assim como o faz em suas aulas, no livro ele coloca nome nos bois sem medo.
A Educação Baseada em Evidências (EBE) é, para o autor, um movimento não epistemológico de disputa científica e sim um movimento político entranhado no modus operandi neoliberal. Lalo nos mostra como a EBE bebe da teoria do capital humano diretamente, renomeando e acelerando processos que já são velhos conhecidos de professores, gestores educacionais e pesquisadores críticos. Mais do que propor uma abordagem científica da educação, os proponentes da EBE descartam e subjugam as já estabelecidas linhas de pesquisa em faculdades de educação como anti-científicas e pseudocientíficas. Além disso, nutrem-se de lógicas circulares que buscam, a partir de dados matemáticos e estatísticos, justificar as premissas que eles mesmos julgaram corretas de início. …
Sou suspeitíssima para falar do Lalo, o autor do livro, porque ele foi meu orientador de iniciação científica e é uma excelente pessoa. Assim como o faz em suas aulas, no livro ele coloca nome nos bois sem medo.
A Educação Baseada em Evidências (EBE) é, para o autor, um movimento não epistemológico de disputa científica e sim um movimento político entranhado no modus operandi neoliberal. Lalo nos mostra como a EBE bebe da teoria do capital humano diretamente, renomeando e acelerando processos que já são velhos conhecidos de professores, gestores educacionais e pesquisadores críticos. Mais do que propor uma abordagem científica da educação, os proponentes da EBE descartam e subjugam as já estabelecidas linhas de pesquisa em faculdades de educação como anti-científicas e pseudocientíficas. Além disso, nutrem-se de lógicas circulares que buscam, a partir de dados matemáticos e estatísticos, justificar as premissas que eles mesmos julgaram corretas de início. Como o autor coloca, "Como forma contemporânea das disputas no campo educacional, a EBE se vê diante de uma tarefa contraditória: radicalizar os fundamentos do neoliberalismo, que operam contra qualquer finalidade construtiva para a educação, e reposicionar ideologicamente a educação como solução para a crise da qual o neoliberalismo é expressão." (Minto, 2023).
Dividido em três capítulos, o livro esmiúça as armadilhas da EBE e seus tentáculos nas políticas públicas voltadas à educação, enquanto seus proponentes buscam colocá-la como a única solução possível para a educação, no sentido mais castrador possível. Recomendo a leitura a todos educadores de esquerda e afins.
Educação baseada em evidências se tornou uma espécie de slogan que, crescentemente, vem dando forma e sentidos novos ao conjunto …
Educação baseada em evidências se tornou uma espécie de slogan que, crescentemente, vem dando forma e sentidos novos ao conjunto …
Muito antes de liderar o Exército Vermelho na vitoriosa Revolução de 1917, o jovem Liev Trótski já participava dos levantes …
Content warning Contém spoilers substanciais e sobre o final do livro, aborda temas muito pesados de capacitismo
P.S.: fui ver e é autobiográfico sim. O cara realmente tem uma opinião bem radical sobre o autismo do filho: oglobo.globo.com/cultura/livros/noticia/2022/07/bienal-de-sp-portugues-valerio-romao-lanca-autismo-sobre-a-experiencia-com-o-filho.ghtml
Content warning Contém spoilers substanciais e sobre o final do livro, aborda temas muito pesados de capacitismo
A temática autismo sempre me chama atenção. Quando cruzei com esse livro na livraria, o título, a capa e a encadernação em capa dura me chamaram mais atenção ainda (apesar do preço salgado). De primeira eu já vi que era um livro de literatura e não um livro de guia médico, diagnóstico, autoajuda para autistas ou qualquer outra coisa. Mas foi justamente isso que me interessou, um livro de literatura em que o autismo é um dos personagens do show.
Esse é um livro português, então precisei ler com um dicionário PT-PT do lado. Não foi natural navegar por sua linguagem no começo do livro, mas com o tempo fui me acostumando.
Logo nos primeiros capítulos, somos expostos ao tom do livro: seco, controverso e politicamente incorreto. Aqui, somos expostos ao mais bruto pensamento das pessoas, e não o filtro que lhes ocupa o que sai da boca. Demorei um pouco para entender a mistura de focos e estilos narrativos, mas ao longo das 300 páginas a gente pega o jeito. Tem prosa corrida, prosa curta, tem diário, tem blog, tem carta, tem narrativa em primeira e terceira pessoas, uma hora é o ponto de vista do avô, outro do narrador acompanhando o pai, tudo isso fora da narrativa linear... Apesar dessa salada, gostei da ousadia do autor nesse ponto.
O que me aporrinhou o saco foram os capítulos do hospital. Logo no começo do livro, a gente é exposto ao fato de que Henrique, filho autista não-verbal de Marta e Rogério, foi atropelado ao sair da escola por descuido. Durante o livro, há alguns capítulos intercalados que acompanham a tensão dos pais e dos avós maternos na sala de espera das emergências, sem notícias de Henrique. Esses capítulos são arrastados, chatos e dá vontade de pulá-los, apesar de apresentarem algumas informações importantes para entendermos a dinâmica dessas pessoas entre si e em relação a Henrique. No último capítulo do livro, entretanto, entendemos por que essa série de capítulos são importantes: Rogério ao menos cogitou planejar a morte do próprio filho com a ajuda de seu pai, o avô paterno de Henrique, para que Marta não o deixasse por divórcio. Ficamos na dúvida se ele realmente executou seu plano, o que culminaria na internação de Henrique no hospital (que não sabemos se está vivo ou não), ou se está se sentindo culpado pelos acontecimentos terem se desenrolado de forma independente dele.
Seja como for, a mera possibilidade narrativa de um pai arquitetar o assassinato de seu filho autista e vocalizar com todas as palavras que odeia o autismo e que tudo seria melhor se Henrique não fosse nascido é altamente controverso. Em momentos de perseguição ao controverso na arte, esse livro com certeza não seria bem recebido por ser MUITO indigesto. Mas, curiosamente, isso foi o que eu gostei nele. É nojento, é abjeto, a gente odeia o Rogério por ter planejado o assassinato do seu filho que depende dele, eu odeio o Rogério e tudo o que envolve ele, odeio até o pai de Marta, Abílio, que é um velho nojento, mas eu gosto da ousadia artística de Valério Romão de colocar no papel pensamentos fétidos que às vezes passam pela mente humana. E em uma narrativa seduzente.
Valério Romão é, inclusive, pai de autista. Se isso é uma narrativa meio pessoal, eu realmente espero que não.
Em resumo, NÃO é um livro leve que deve ser lido para orgulho autista, MUITO pelo contrário. Mas se você gosta de narrativas brutais, sinceras e controversas, esse livro é pra você. Eu não sou, ou melhor, não costumo ser essa pessoa, mas mesmo assim achei interessante a experiência. Me lembrou de quando li Lolita.
Com mais de 7200 presos, a Casa de Detenção de São Paulo é o maior presídio do país. Está situada …
O Processo é um romance escrito por Franz Kafka entre 1914 e 1915 e publicado postumamente em 1925. Uma de …
@felipesiles e aí?