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Passe livre by Daniel Santini
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@Miguel Obrigada pela resenha. Pode ser útil no meu projeto de mestrado.
O mais estranho de tudo é que alguns estão prometendo um futuro de alta tecnologia de "mobilidade autônoma", quando o modal que melhor se adequa a esse termo é a caminhada. As pessoas são "pedestres por design" e caminhar é uma mobilidade autônoma. Caminhar, entretanto, não gera dados monetizáveis. Paradoxalmente, portanto, para uma empresa de mobilidade orientada por dados, caminhar não conta como mobilidade.
— Autonorama by Peter Norton (Page 268)
A história do motordom nos Estados Unidos confirma o que o registro histórico geralmente demonstra: agendas, não dados, impulsionam a história. Uma agenda é o produto dos interesses, ideias e valores de um grupo social; a agenda de um grupo reflete o que seus membros julgam ser lucrativo, verdadeiro ou correto. Como todos os três constituintes de uma agenda variam de acordo com o grupo, nenhuma agenda serve para todos e as agendas não podem ser reduzidas a quantidades intercambiáveis. As agendas determinam quais dados importam e quais não; também determinam quantos dados são importantes e de que maneira. Como as agendas são diversas, não há objetificação e despolitização de dados, e os esforços para fazê-lo provavelmente serão esforços para o avanço da agenda. No começo está a agenda; os dados vão atrás.
— Autonorama by Peter Norton (Page 264)
Em 2017, qualquer pessoa que tivesse esperanças de ganhar dinheiro com a festa da monetização de dados em veículos autônomos poderia conseguir um guia de fácil leitura sobre o assunto. Enquanto as montadoras diziam ao público que VAs são para uma mobilidade segura, sustentável e eficiente, as empresas de tecnologia diziam às montadoras que os VAs são sua oportunidade para entrar no crescente mercado de dados monetizáveis.
— Autonorama by Peter Norton (Page 262)
"Mantenha o consumidor insatisfeito" era uma mensagem dirigida de empresa a empresa, não ao público em geral. Por mais válido que fosse como princípio de sucesso empresarial na aurora do consumismo, precisava ser expresso em outros termos para os próprios consumidores. Como as empresas poderiam transmitir de forma palatável a noção de que não pode haver um estado de satisfação duradoura, quando apenas compras de reposição são necessárias? Como poderiam seduzir positivamente os consumidores a seguir em frente, vendo cada conquista apenas como um passo de satisfação transitória em uma trilha infinita de aquisições? Na década de 1930, a resposta da General Motors estava na metáfora do horizonte. À medida que alguém se aproxima de um horizonte, ele se afasta, abrindo horizontes sempre novos. As recompensas do consumo estão na própria jornada, que nunca termina.
— Autonorama by Peter Norton (Page 84 - 85)
Eles [domingos sem carros na Av. Paulista, em São Paulo] são lembretes semanais de que o custo de um projeto não é o mesmo que o seu valor, que mobilidade urbana de sucesso não pode ser equiparada com alto volume de circulação de veículos, e de que inovação real não é o mesmo que inovações de alta tecnologia. Isso reafirma que não devemos confiar nosso destino a engenheiros, investidores ou mercados, porque o que precisamos não é algo futurístico ou caro. Acima de tudo, o sucesso dos domingos livres de carro exemplifica o fato de que mobilidade viável diária é de interesse público e requer tecnologias sociais, e que, na mobilidade, tecnologias sociais devem ser priorizadas.
— Autonorama by Peter Norton (Page 37)
Poucos médicos que eu conheço merecem alguma menção especial em relação ao seu trabalho ou sua atuação política. Drauzio Varella certamente é um deles. Drauzio escreveu alguns livros sobre sua atuação em presídios, especialmente no Carandiru [Casa de Detenção de São Paulo], um presídio na cidade de São Paulo desativado em 2002. Estação Carandiru, claro, é um desses livros.
Comprei esse livro numa visita aleatória a um sebo e foi uma ótima aquisição. Estação Carandiru foi lançado em 1999, antes mesmo do fechamento da Casa de Detenção, e tem as marcas temporais (não somente físicas, no caso da minha impressão de 2000) de 25 anos atrás. Por exemplo, ao tratar das travestis detentas, Drauzio mistura os pronomes femininos e masculinos. Hoje em dia, esse erro não passaria batido, e eu não acho que Drauzio o cometeria de qualquer forma.
O livro não toma um partido explícito de nenhuma das partes …
Poucos médicos que eu conheço merecem alguma menção especial em relação ao seu trabalho ou sua atuação política. Drauzio Varella certamente é um deles. Drauzio escreveu alguns livros sobre sua atuação em presídios, especialmente no Carandiru [Casa de Detenção de São Paulo], um presídio na cidade de São Paulo desativado em 2002. Estação Carandiru, claro, é um desses livros.
Comprei esse livro numa visita aleatória a um sebo e foi uma ótima aquisição. Estação Carandiru foi lançado em 1999, antes mesmo do fechamento da Casa de Detenção, e tem as marcas temporais (não somente físicas, no caso da minha impressão de 2000) de 25 anos atrás. Por exemplo, ao tratar das travestis detentas, Drauzio mistura os pronomes femininos e masculinos. Hoje em dia, esse erro não passaria batido, e eu não acho que Drauzio o cometeria de qualquer forma.
O livro não toma um partido explícito de nenhuma das partes envolvidas: nem funcionários, nem diretoria, nem presidiários. Drauzio tem um relacionamento bom com todas as partes. Entretanto, ao escolher trabalhar no presídio, o doutor acaba se tornando parte do amálgama social da prisão, que é majoritariamente composta por presidiários (na época, cerca de 7 mil pessoas), portanto, suas histórias são majoritárias no livro.
Para mim, poucos lugares são tão cruciais para entender relações sociais, sociologia e ciência política quanto um presídio, desde que você realmente esteja integrado dentro. O livro de Drauzio mostra isso com excelência. Aqui, há muitos vilões, mas também muitos vilões injustiçados em diversos momentos, todos vítimas da extrema desigualdade social do Brasil, inclusive funcionários e diretoria. Isso não significa que não sejam pessoas com agência, o que torna a análise complexa e deve-se tomar cuidado ao apontar vereditos com maniqueísmo.
É um livro triste, por causa das condições caóticas e desumanas do presídio, mas também altamente anedótico e que me deixou muito curiosa lendo. Ler histórias reais de pessoas reais é uma das razões pelas quais eu gosto de não-ficção. E esse livro entrega muito bem isso.
É um excerto sociológico, histórico, tudo. Vale muito a leitura.
“As bases foram lançadas para a autonomia total”, anunciou Elon Musk em 2016, quando garantiu ao mundo que a Tesla …
Depois do best-seller Estação Carandiru, Drauzio Varella volta ao universo das prisões para mostrar ao leitor o outro lado da …