Miguel Medeiros finished reading A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)

A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)
A Cor da Magia é um romance de fantasia publicado em 1983 por Terry Pratchett, sendo o primeiro livro da …
"Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.". — Pórcia
Sou um leigo que se entrega à filosofia, literatura, história e ciência. Leitor de Philip K. Dick a Platão, ouvinte de Arctic Monkeys a John Coltrane, jogador de Red Dead Redemption a Deus Ex.
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A Cor da Magia é um romance de fantasia publicado em 1983 por Terry Pratchett, sendo o primeiro livro da …
— De onde venho, não temos deuses — disse Duasflor. — Têm sim, você sabe — disse a Dama. — Todo mundo tem deuses. Só que você acha que os seus não são.
— A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)
( sol2070.in/2025/06/livro-snowden-eterna-vigilancia/ )
Apesar do interesse no tema, fui ler só agora Eterna Vigilância (2019, 288 pgs), em que o próprio Edward Snowden conta sobre a vigilância online massiva ilegal que descobriu nos serviços de inteligência dos EUA.
Um dos motivos porque não tinha lido é que imaginava que seu objeto poderiam ser tecnologias defasadas, já que se passa no início da década de 2010. Engano.
Na verdade, é mais assustador até: se há 15 anos, uma vigilância tão granular e invasiva já estava em plena operação, imagine agora, com a onipenetração big tech e sua agenda de extrema-direita.
Um dos programas, o PRISM, escaneava palavras-chave em tudo o que as pessoas faziam online. Como “bomba”, “protesto” etc. Ao detectá-las, infectava automaticamente os computadores e celulares dos alvos com malware, ganhando total controle sobre os dispositivos e transformando-os em aparelhos de escuta em tempo real.
A NSA dos EUA diz …
( sol2070.in/2025/06/livro-snowden-eterna-vigilancia/ )
Apesar do interesse no tema, fui ler só agora Eterna Vigilância (2019, 288 pgs), em que o próprio Edward Snowden conta sobre a vigilância online massiva ilegal que descobriu nos serviços de inteligência dos EUA.
Um dos motivos porque não tinha lido é que imaginava que seu objeto poderiam ser tecnologias defasadas, já que se passa no início da década de 2010. Engano.
Na verdade, é mais assustador até: se há 15 anos, uma vigilância tão granular e invasiva já estava em plena operação, imagine agora, com a onipenetração big tech e sua agenda de extrema-direita.
Um dos programas, o PRISM, escaneava palavras-chave em tudo o que as pessoas faziam online. Como “bomba”, “protesto” etc. Ao detectá-las, infectava automaticamente os computadores e celulares dos alvos com malware, ganhando total controle sobre os dispositivos e transformando-os em aparelhos de escuta em tempo real.
A NSA dos EUA diz ter desativado essa vigilância massiva ativa, após o escândalo. Só que eram negações exatamente como essa que eram dadas, antes das revelações. “Não existe nenhum programa de vigilância”, “Governos e corporações não têm como fazer isso”, “É ficção científica distópica” etc.
A capa da edição brasileira (li a versão em inglês) tem um subtítulo exagerado: “Como montei e desvendei o maior sistema de espionagem do mundo”. Snowden não montou o sistema. Era administrador de sistemas em diversas unidades da CIA e NSA, na maioria das vezes, terceirizado. Ao ver sinais da completa invasão de privacidade, dentro e fora dos EUA, começou a fuçar por conta própria. Reuniu provas, fugiu (abandonando a noiva, família e amizades) e entregou tudo para jornalistas. Hoje, vive como asilado político na Rússia, sendo procurado internacionalmente por revelar segredos de segurança nacional.
É um thriller da vida real envolvente como poucos. Li em três dias, sendo que costumo consumir não ficção em ritmo muito mais lento.
Vi o filme de Oliver Stone Snowden (2016) há uns anos e, apesar de irregular, não é ruim. Ele é baseado em outros livros sobre o caso. Mas Eterna Vigilância é muito mais interessante. Entra fundo, por exemplo, nos dilemas morais e convicções de Snowden, sua formação com zines hackers na infância, além do clímax no heist final quando rouba os dados e foge.
Do ponto de vista tecnológico, pode ser um pouco decepcionante para pessoas mais técnicas. Como é um livro para o público leigo, evita aprofundar demais esses detalhes. Mas também não faltam considerações técnicas mais amplas.
— Você não tem medo de altura? — conseguiu perguntar. Duasflor olhou a minúscula paisagem abaixo, salpicada de sombras de nuvem. Na verdade, a idéia de medo não lhe havia ocorrido. — Não — respondeu afinal. — Por que deveria? Caindo de 14 metros ou de 7 quilômetros a gente morre do mesmo jeito.
— A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)
Se palavras tivessem peso, uma única frase de Morte seria capaz de ancorar um navio.
— A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)
Rincewind suspirou outra vez. Era muito bom sair falando em coerência, na harmonia dos números e na lógica que governava o universo, mas a questão pura e simples era que o Discworld atravessava o espaço na casca de uma tartaruga gigante e que os deuses tinham o hábito de aparecer na casa dos ateus quebrando as janelas.
— A Cor da Magia by Terry Pratchett (Discworld, #1)
Esse livro foi demais para mim, passei batido por muitos tópicos que simplesmente não tinha capacidade de entender. Ainda assim me serviu extremamente bem para rever o português. Com certeza ainda servira de consulta eventualmente.
Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna Gramática Portuguesa alcança a 40.a …
A Cor da Magia é um romance de fantasia publicado em 1983 por Terry Pratchett, sendo o primeiro livro da …
São exemplos de anglicismos: 1) Léxicos: admitir (= julgar possível, dar como provável, acreditar, crer). Quando o significado vernáculo é ‘receber’, ‘deixar entrar’, ‘concordar’. assumir por supor, acreditar básico (p. ex.: inglês básico, francês básico, etc.) contactar por entrar em contacto com diferente por melhor (p. ex.: um produto diferente) doméstico (voo, ala) por nacional leasing (= tipo de financiamento) marketing (= mercadologia) politicamente correto praticamente por virtualmente, faltando pouco (p. ex.: O tanque está praticamente cheio) relax (= relaxamento, descanso)
2) Sintáticos [MC.4, s.v.]: a) a anteposição do adjetivo ao seu substantivo, com valor meramente descritivo, como nos nomes de hotéis e estabelecimentos comerciais: Majestoso Hotel. b) o emprego de um substantivo com função de adjetivo por vir anteposto: Rio Hotel. c) o emprego da preposição com isolada do nome que deveria reger ou da preposição contra no fim da oração: capa com e sem forro; eu sou pelo povo e tu és contra.
São exemplos de castelhanismos (léxicos): aficionado (= afeiçoado; dedicado) bolero (= jaqueta) charla (= conversa de passatempo) contestar (= responder, replicar). É vernáculo no significado de refutar, negar direitos. ensimesmar-se (= concentrar-se em si mesmo) entretenimento (= divertimento) frente a (= ante) muchacho (= garoto, rapazinho) piso (= andar, pavimento) quefazer (es) (= ocupações) recuerdo (= lembrança) redatar (= redigir) resultar (= tornar-se, ficar). É vernáculo no significado de provir, proceder. suelto (= breve comentário de jornal, nota crítica de jornal)
— Moderna Gramática Portuguesa by Evanildo Bechara (Page 642 - 644)
Estrangeirismo É o emprego de palavras, expressões e construções alheias ao idioma que a ele chegam por empréstimos tomados de outra língua. Os estrangeirismos léxicos que entram no idioma, por um processo natural de assimilação de cultura ou de contiguidade geográfica, assumem aspecto de sentimento político-patriótico que, aos olhos dos puristas extremados, trazem o selo da subserviência e da degradação do país. Esquecem-se de que a língua, como produto social, registra, em tais estrangeirismos, os contatos de povos. Este tipo de patriotismo linguístico (Leo Spitzer lhe dava pejorativamente o nome de patriotite) é antigo e revela reflexos de antigas dissensões históricas. Bréal lembra que os filólogos gregos que baniam os vocábulos turcos do léxico continuavam, à sua moda, a guerra da independência [MBr.1, 226]. Entre nós, o repúdio ao francesismo ou galicismo nasceu da repulsa, aliás, justa, dos portugueses aos excessos dos soldados de Junot quando Napoleão ordenou a invasão de Portugal. O que se deve combater é o excesso de importação de línguas estrangeiras, mormente aquela desnecessária por se encontrarem no vernáculo palavras e giros equivalentes. A introdução de uma palavra estrangeira para substituir uma vernácula em geral se explica pela debilidade funcional da palavra ameaçada de substituição. Modernamente no mundo globalizado em que vivemos, onde os contactos de nações e de culturas são propiciados por mil modos, os estrangeirismos interpenetram-se com muita facilidade e rapidez. Para nós, brasileiros, os estrangeirismos de maior frequência são os francesismos ou galicismos (de língua francesa), anglicismos (de língua inglesa), espanholismos ou castelhanismos (de língua espanhola), italianismos (de língua italiana). De modo geral, os estrangeirismos léxicos se repartem em dois grupos: os que se assimilam de tal maneira à língua que os recebe, que só são identificados como empréstimos pelas pessoas que lhes conhecem a história(guerra, detalhe, etc. – a esses os alemães chamam Lehnwörter, “empréstimos”); mas há os que facilmente mostram não ser prata da casa, e se apresentam na vestimenta estrangeira (maillot, ballet, feedback, footing, etc.) ou se mascaram de vernáculos, como maiô, abajur, tíquete, etc. (são os, em alemão, Fremdwörter, “estrangeirismos”). O termo empréstimo abarca estas duas noções e se aplica tanto aos estrangeirismos léxicos quanto aos sintáticos e semânticos. Os empréstimos lexicais durante muito tempo sofreram as críticas dos puristas, mas hoje vão sendo aceitos com mais facilidade, exceto aqueles comprovadamente desnecessários e sem muita repercussão em outros idiomas de cultura do mundo.
— Moderna Gramática Portuguesa by Evanildo Bechara (Page 640)
1) Elipse Chama-se elipse a omissão de um termo facilmente subentendido por faltar onde normalmente aparece, ou por ter sido anteriormente enunciado ou sugerido, ou ainda por ser depreendido pela situação ou contexto. É o que ocorre quando, diante de um quadro, uma pessoa dá sua opinião: “É belo!” [MC.4, s.v.]. São barulhentos, mas eu admiro meus alunos.
2) Pleonasmo É a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida, para fins de clareza ou ênfase: Vi-o a ele (pleonasmo do objeto direto). Ao pobre não lhe devo (pleonasmo do objeto indireto). “(...) o conde atirava à mísera cantora alguns soldos que ainda lhe reforçavam a ela as cordas vocais” [JR.2, 188] (pleonasmo do dativo de posse). Subir para cima.
3) Anacoluto É a quebra da estruturação lógica da oração: Os três reis magos, conta a lenda que um deles era negro.
4) Antecipação ou prolepse É a colocação de uma expressão fora do lugar que logicamente lhe compete: O tempo parece que vai piorar por Parece que o tempo vai piorar.
5) Braquilogia É o emprego de uma expressão curta equivalente a outra mais ampla ou de estruturação mais complexa: Estudou como se fosse passar por Estudou como estudaria se fosse passar.
6) Haplologia sintática É a omissão de uma palavra por estar em contato com outra (ou final de outra palavra) foneticamente igual ou parecida: Iracema antes quer que o sangue de Caubi tinja sua mão que a tua [JA.4, 223]. Isto é: antes quer que... que quer que a tua. (Ö 659)
7) Contaminação sintática “É a fusão irregular de duas construções que, em separado, são regulares” [ED.2, § 482]. Fiz com que Pedro viesse (fusão de Fiz com Pedro que viesse e Fiz que Pedro viesse). Caminhar por entre mares (fusão de Caminhar por mares e Caminhar entre mares). As estrelas pareciam brilharem (sintaxe que não é recomendada na língua-padrão) (fusão de As estrelas pareciam brilhar com Parecia que as estrelas brilhavam). Fazer de conta (fusão de Fazer conta = imaginar, supor, com expressões em que fazer é seguido da preposição de: fez de tolo, de sonso, etc). Ter como obrigação de fazer (fusão de Ter por obrigação fazer e Ter a obrigação de fazer). Chegou de a pé (fusão de Chegou de pé e Chegou a pé).
8) Expressão expletiva ou de realce É a que não exerce função gramatical: Nós é que sabemos viver Aqui é onde a ilusão se acaba. Oh! Que saudades que tenho! Quanto que é a conta?
9) Anáfora Repetição da mesma palavra em começo de frases diferentes: Quem pagará o enterro e as flores/ Se eu me morrer de amores?/ Quem, dentre amigos, tão amigo/ Para estar no caixão comigo?/ Quem, em meio ao funeral/ Dirá de mim: — Nunca fez mal.../ Quem, bêbedo, chorará em voz alta/ De não me ter trazido nada?/ Quem virá despetalar pétalas/ No meu túmulo de poeta? [VM.1].
10) Anástrofe Inversão de palavras na frase: De repente chegou a hora. (Por: De repente a hora chegou.)
11) Assíndeto Tipo de elipse que se aplica à ausência de conectivos: Vim, vi, venci. [Júlio César] “Sonha como a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores!” [AA.2] Espero sejas feliz! (Por: Espero que sejas feliz!)
12) Hipérbato Inversão violenta entre termos da oração: Sobre o banco de pedra que ali tens/ Nasceu uma canção. (...) [VM.1].
13) Polissíndeto Repetição enfática de conectivos: E corre, e chora, e cai sem que possamos ajudar o amigo.
14) Silepse Discordância de gênero, de pessoa ou de número por se levar mais em conta o sentido do que a forma material da palavra: Saímos todos desiludidos da reunião. (Por: Saíram todos desiludidos da reunião).
15) Sínquise Inversão violenta de palavras na frase que dificulta a compreensão. É prática a ser evitada. Quase sempre essa deslocação violenta dos termos oracionais exige, para o perfeito entendimento da mensagem, nosso conhecimento sobre as coisas e saber de ordem cultural: Abel matou Caim. (Por: Caim matou Abel)
16) Zeugma Costuma-se assim chamar a elipse do verbo: Não queria, porém, ser um estorvo para ninguém. Nem atrapalhar a vida da casa (omissão do verbo querer) [AMM.3].
— Moderna Gramática Portuguesa by Evanildo Bechara (Page 630 - 638)
“Sou um homem doente... Um homem mau. Um homem desagradável. Creio que sofro do fígado.” — Assim se abrem estas memórias, memórias de um homem doente de si mesmo, neurótico, do subsolo. Do subsolo tendo em conta que que afundou-se em suas cismas e maquinações. Um homem de língua mordaz, que se acha consciente, sábio, mas que devido a suas neuroses estagnou-se na imaturidade, incapaz de sociabilizar. No subsolo ele engendra sua filosofia, legitima sua inércia, abraça a dor e o sofrimento. Alimenta as vaidades enquanto esconde os hematomas. Em suas memórias remói as insignificâncias: a aparência, os olhares incapaz de manter, o homem na rua do qual sempre desvia o caminhar.
Dostoievski é muito exitoso em seu estudo de personagem, em suas contradições e peleios. A misantropia, insegurança e solidão atravessam o subsolo, seu habitante se vangloria das próprias doenças e ainda procura causar com elas um efeito.
Eu …
“Sou um homem doente... Um homem mau. Um homem desagradável. Creio que sofro do fígado.” — Assim se abrem estas memórias, memórias de um homem doente de si mesmo, neurótico, do subsolo. Do subsolo tendo em conta que que afundou-se em suas cismas e maquinações. Um homem de língua mordaz, que se acha consciente, sábio, mas que devido a suas neuroses estagnou-se na imaturidade, incapaz de sociabilizar. No subsolo ele engendra sua filosofia, legitima sua inércia, abraça a dor e o sofrimento. Alimenta as vaidades enquanto esconde os hematomas. Em suas memórias remói as insignificâncias: a aparência, os olhares incapaz de manter, o homem na rua do qual sempre desvia o caminhar.
Dostoievski é muito exitoso em seu estudo de personagem, em suas contradições e peleios. A misantropia, insegurança e solidão atravessam o subsolo, seu habitante se vangloria das próprias doenças e ainda procura causar com elas um efeito.
Eu em partes sou este homem do subsolo, todos podemos habitar essas profundezas. Esta novela existencialista é sobre um homem que em muito evito ser.
Obra-prima da literatura mundial, esta pequena novela traz, em embrião, vários temas da fase madura de Dostoiévski. Seu protagonista, um …
Em casa, o que mais fazia era ler. Tinha vontade de abafar com impressões exteriores tudo o que fervilhava incessantemente. E, quanto a impressões exteriores, só me era possível recorrer à leitura. Naturalmente, ela me ajudava muito: perturbava-me, deliciava-me, torturava. Mas, por vezes, tornava-se terrivelmente enfadonha. Apesar de tudo, tinha vontade de me movimentar, e me afundava de súbito uma escura, subterrânea e repelente... não digo devassidão, mas devassidãozinha. Tinha paixõezinhas agudas, ardentes, em virtude de minha contínua e doentia irritabilidade. Vinham-me impulsos histéricos, com lágrimas e convulsões. Além da leitura, não tinha para onde me voltar, isto é, não havia nada no meu ambiente que eu pudesse respeitar e que me atraísse. Além de tudo, a angústia fervilhava dentro de mim; surgia-me um anseio histérico de contradições, de contrastes, e eu me lançava na libertinagem. Não foi propriamente para me justificar que, ainda há pouco, eu disse tudo isso... Aliás, não! Estou mentindo! Eu quis, precisamente, justificar-me. Faço agora, meus senhores, uma anotaçãozinha para mim mesmo. Não quero mentir. Empenhei a palavra.