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Miguel Medeiros

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commented on O capital by Karl Marx

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Achei que O Capital seria um livro apenas de teoria, mas ele também faz um trabalho importante de denúncia dos tempos. Ele fala sobre horas de trabalho absurdas em fábricas, trabalho infantil, comida adulterada e a situação das costureiras e trabalho noturno

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Michela Murgia: Instruções para se tornar um fascista (Portuguese language, 2021, Âyiné) No rating

Instruções para se tornar um fascista é um livro urgente, que nasce para despertar consciências, …

«Mas será mesmo que os democratas progressistas e conservadores estarão dispostos a acreditar que não somos fascistas?», vocês podem muito bem se perguntar. Claro que sim, e a razão é obvia: no fundo eles desejam, com todas as forças, acreditar que o fascismo não existe, que é um fenômeno histórico superado e que não há nenhuma possibilidade de que volte a se apresentar Como consequência, vão espontaneamente ignorar todos os sinais que poderiam obrigá-los a reconhecer o fato de que sempre estivemos aqui, nunca fomos embora e há anos estamos nos reorganizando. Seremos chamados de «nostálgicos», «nova direitas», «nacionalistas» ou de outras formas, mas eles próprios não vão querer pronunciar a palavra fascistas, porque desperta não a nós, que estamos despertissimos, mas seus próprios fantasmas.

Instruções para se tornar um fascista by  (Biblioteca Âyiné) (Page 32 - 33)

O fascismo esta aí

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

“A mercadoria que eu te vendi distingue-se da massa das outras mercadorias pelo fato de seu uso criar valor e, mais do que isso, um valor maior do que aquele que ela mesma custou. Foi por isso que a compraste. O que do teu lado aparece como valorização do capital, do meu lado aparece como dispêndio excedente de força de trabalho. Tu e eu só conhecemos, no mercado, uma lei, a da troca de mercadorias. E o consumo da mercadoria pertence não ao vendedor que a aliena, mas ao comprador que a adquire. A ti pertence, por isso, o uso de minha força de trabalho diária. Mas por meio do preço que a vendo diariamente eu tenho de reproduzi-la a cada dia, pois só assim posso vendê-la novamente. Desconsiderando o desgaste natural pela idade etc., tenho de ser capaz de trabalhar amanhã com o mesmo nível normal de força, saúde e disposição que hoje. Não cansas de pregar-me o evangelho da ‘parcimônia’ e da ‘abstinência’. Pois bem! Desejo, como um administrador racional e parcimonioso, gerir meu próprio patrimônio, a força de trabalho, abstendo-me de qualquer desperdício irrazoável desta última. Quero, a cada dia, fazê-la fluir, pô-la em movimento apenas na medida compatível com sua duração normal e seu desenvolvimento saudável. Por meio de um prolongamento desmedido da jornada de trabalho, podes, em um dia, fazer fluir uma quantidade de minha força de trabalho maior do que a que posso repor em três dias. O que assim ganhas em trabalho eu perco em substância do trabalho. A utilização de minha força de trabalho e o roubo dessa força são coisas completamente distintas. Se o período médio que um trabalhador médio pode viver executando uma quantidade razoável de trabalho é de 30 anos, o valor de minha força de trabalho, que me pagas diariamente, é de 1/365 × 30, ou 1/10.950 de seu valor total. Mas se a consomes em 10 anos, pagas-me diariamente 1/10.950 em vez de 1/3.650 de seu valor total; portanto, apenas 1/3 de seu valor diário, e me furtas, assim, diariamente, 2/3 do valor de minha mercadoria. Pagas-me pela força de trabalho de um dia, mas consomes a de 3 dias. Isso fere nosso contrato e a lei da troca de mercadorias. Exijo, portanto, uma jornada de trabalho de duração normal, e a exijo sem nenhum apelo a teu coração, pois em assuntos de dinheiro cessa a benevolência. Podes muito bem ser um cidadão exemplar, até mesmo membro da Sociedade para a Abolição dos Maus-Tratos aos Animais, e viver em odor de santidade, mas o que representas diante de mim é algo em cujo peito não bate um coração. O que ali parece ecoar é o batimento de meu próprio coração. Exijo a jornada de trabalho normal porque, como qualquer outro vendedor, exijo o valor de minha mercadoria.”40

O capital by 

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Como, por um lado, o valor do capital variável é igual ao valor da força de trabalho por ele comprada, e o valor dessa força de trabalho determina a parte necessária da jornada de trabalho, enquanto o mais-valor, por outro lado, é determinado pela parte excedente da jornada de trabalho, concluímos que o mais-valor está para o capital variável como o mais-trabalho está para o trabalho necessário, ou, em outras palavras, que a taxa de mais-valor m/v = (mais-trabalho)/(trabalho necessário). Ambas as proporções expressam a mesma relação de modo diferente, uma na forma de trabalho objetivado, a outra na forma de trabalho fluido.

A taxa de mais-valor é, assim, a expressão exata do grau de exploração da força de trabalho pelo capital ou do trabalhador pelo capitalista30a.

De acordo com nossa suposição, o valor do produto é = £410 const. + £90 var. + £90 mais-val., e o capital adiantado é = £500. Como o mais-valor é = 90 e o capital adiantado é = 500, teríamos, de acordo com o modo habitual de cálculo, uma taxa de mais-valor (geralmente confundida com a taxa de lucro) = 18%, um taxa suficientemente baixa para deixar emocionado o sr. Carey e outros harmonistasa. Na realidade, porém, a taxa de mais-valor não é = m/C, ou m/(c + m), mas = m/v, portanto, não 90/500, mas 90/90 = 100%, mais do que o quíntuplo do grau aparente de exploração. Embora, no caso em questão, seja-nos desconhecida a grandeza absoluta da jornada de trabalho, bem como o período do processo de trabalho (dia, semana etc.), e tampouco saibamos o número de trabalhadores que põem em movimento o capital variável de £90, a taxa de mais-valor m/v nos mostra com exatidão, por meio de sua convertibilidade em (mais-trabalho)/(trabalho necessário), a relação mútua entre as duas partes da jornada de trabalho. Ela é de 100%. De modo que o trabalhador trabalha metade da jornada para si e a outra metade para o capitalista.

O método de cálculo da taxa de mais-valor pode, portanto, ser resumido da seguinte forma: tomamos o valor total do produto e igualamos a zero o capital constante que meramente reaparece nesse produto. A soma de valor restante é o único produto de valor efetivamente criado no processo de produção da mercadoria. Estando dado o mais-valor, temos, então, de deduzi-lo desse produto de valor, a fim de encontrarmos o capital variável. Se, ao contrário, dispomos deste último, temos, então, de encontrar o mais-valor. Se ambos estão dados, basta realizar a operação final, isto é, o cálculo da relação do mais-valor com o capital variável: m/v.

O capital by  (Page 294 - 295)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Vimos que o trabalhador, durante uma parte do processo de trabalho, produz apenas o valor de sua força de trabalho, isto é, o valor dos meios necessários à sua subsistência. Produzindo sob condições baseadas na divisão social do trabalho, ele produz seus meios de subsistência não diretamente, mas na forma de uma mercadoria particular, por exemplo, do fio, um valor igual ao valor de seus meios de subsistência, ou ao dinheiro com o qual ele os compra. A parte de sua jornada de trabalho que ele precisa para isso pode ser maior ou menor a depender do valor de seus meios de subsistência diários médios ou, o que é o mesmo, do tempo médio de trabalho diário requerido para sua produção. Se o valor de seus meios diários de subsistência representa em média 6 horas de trabalho objetivado, o trabalhador tem de trabalhar, em média, 6 horas diárias para produzi-los. Se não trabalhasse para o capitalista, mas para si mesmo, independentemente, ele continuaria a dedicar, mantendo-se iguais as demais circunstâncias, a mesma média diária de horas de sua jornada à produção do valor de sua força de trabalho e, desse modo, à obtenção dos meios de subsistência necessários à sua manutenção ou reprodução contínua. Mas como na parte de sua jornada de trabalho em que produz o valor diário da força de trabalho, digamos, 3 xelins, o trabalhador produz apenas um equivalente do valor já pago pelo capitalista28a – e, desse modo, apenas repõe, por meio do novo valor criado, o valor do capital variável adiantado –, essa produção de valor aparece como mera reprodução. Portanto, denomino “tempo de trabalho necessário” a parte da jornada de trabalho em que se dá essa reprodução, e “trabalho necessário” o trabalho despendido durante esse tempo29. Ele é necessário ao trabalhador, porquanto é independente da forma social de seu trabalho, e é necessário ao capital e seu mundo, porquanto a existência contínua do trabalhador forma sua base.

O segundo período do processo de trabalho, em que o trabalhador trabalha além dos limites do trabalho necessário, custa-lhe, de certo, trabalho, dispêndio de força de trabalho, porém não cria valor algum para o próprio trabalhador. Ele gera mais-valor, que, para o capitalista, tem todo o charme de uma criação a partir do nada. A essa parte da jornada de trabalho denomino tempo de trabalho excedente [Surplusarbeitszeit], e ao trabalho nela despendido denomino mais-trabalho [Mehrarbeit] (surplus labour). Do mesmo modo como, para a compreensão do valor em geral, é indispensável entendê-lo como mero coágulo de tempo de trabalho, como simples trabalho objetivado, é igualmente indispensável para a compreensão do mais-valor entendê-lo como mero coágulo de tempo de trabalho excedente, como simples mais-trabalho objetivado. O que diferencia as várias formações econômicas da sociedade, por exemplo, a sociedade da escravatura daquela do trabalho assalariado, é apenas a forma pela qual esse mais-trabalho é extraído do produtor imediato, do trabalhador30.

O capital by  (Page 292 - 293)

Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Todos os fenômenos são no tempo, no qual, como substrato (como forma persistente da intuição interna), tanto a simultaneidade quanto a sucessão534 podem exclusivamente ser representadas. O tempo, portanto, no qual é para ser pensada toda mudança B225 dos fenômenos, perdura e não muda535, posto que é aquilo em que a sucessão ou a simultaneidade536 podem ser representadas apenas como determinações dele. Ora, o tempo não pode ser percebido por si. Resulta que é nos objetos da percepção, isto é, nos fenômenos, que tem que ser encontrado o substrato que representa o tempo em geral e no qual toda mudança ou simultaneidade são perceptíveis na apreensão mediante a relação dos fenômenos com ele. O substrato, porém, de todo real, isto é, de tudo que pertence à existência das coisas, é a substância, da qual tudo pertencente à existência pode ser pensado somente como determinação. Daí o persistente, em relação ao qual exclusivamente podem ser determinadas todas as relações temporais dos fenômenos, é substância no fenômeno, isto é, o real nele, o qual, como substrato de toda mudança, permanece sempre o mesmo. Como, portanto, este não pode mudar na existência, sua quantidade na natureza igualmente não pode ser nem aumentada nem diminuída.

Nossa apreensão do múltiplo do fenômeno é sempre sucessiva, sendo, portanto, sempre mutável. Consequentemente, jamais podemos determinar exclusivamente através disso se esse múltiplo, como objeto da experiência, é simultâneo ou sucessivo se algo não lhe dá fundamento, que sempre existe, isto é, algo duradouro e persistente,537 do que toda mudança e simultaneidade B226 não são senão tantos quantos modos (modi do tempo), no que o persistente existe. Portanto, somente no persistente são possíveis relações temporais (com efeito, simultaneidade e sucessão são as únicas relações no tempo), A183 isto é, o persistente é o substrato da representação empírica do próprio tempo, pelo que exclusivamente é possível toda determinação temporal. A persistência expressa, em geral, o tempo como o correlato constante de toda existência dos fenômenos, toda mudança e toda simultaneidade538. Com efeito, a mudança não afeta o próprio tempo, mas tão só os fenômenos no tempo (tal como a simultaneidade não é um modus para o próprio tempo em que as partes não são simultâneas, mas se sucedem todas). Fosse para atribuir tal sucessão ao próprio tempo, e seria necessário pensar ainda outro tempo no qual seria possível essa sucessão. Exclusivamente através do persistente, a existência em distintas partes da série temporal adquire uma grandeza, que se denomina duração539. Com efeito, na mera sucessão, isoladamente, a existência está sempre desvanecendo e surgindo e jamais tem a mínima grandeza. Sem esse persistente, portanto, não existe nenhuma relação temporal. Ora, o tempo não pode ser percebido em si mesmo; consequentemente, esse persistente nos fenômenos é o substrato de toda determinação temporal, do que resulta ser também a condição da possibilidade de toda unidade sintética das percepções, isto é, da experiência, e nesse persistente B227 toda existência e toda mudança no tempo só podem ser consideradas um modus da existência daquilo que dura e persiste. Assim, em todos os fenômenos, o persistente é o próprio objeto, isto é, a substância (phaenomenon), mas tudo o que muda ou que pode mudar A184 pertence somente à maneira como essa substância ou substâncias existem e, portanto, às suas determinações.

Crítica da Razão Pura by  (Page 178 - 180)

Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Experiência é um conhecimento empírico, isto é, um conhecimento que determina um objeto por meio de percepções. É, portanto, uma síntese das percepções que não está contida ela mesma na percepção, mas contém a unidade sintética do múltiplo dela em uma consciência, a qual constitui o essencial 520 em um conhecimento dos objetos dos sentidos, isto é, da experiência B219 (não meramente da intuição ou sensação dos sentidos521). Ora, na experiência, decerto as percepções combinam-se apenas de maneira contingente, de modo que nenhuma necessidade de sua associação se evidencia ou pode se evidenciar nas próprias percepções, visto que a apreensão não passa de uma justaposição do múltiplo da intuição empírica, enquanto nenhuma representação da necessidade da existência combinada dos fenômenos que ela justapõe no espaço e tempo é nela encontrada. Como, porém, experiência é um conhecimento dos objetos através de percepções, resulta que a relação na existência do múltiplo deve nele ser representada não como justaposta no tempo, mas como está objetivamente no tempo, uma vez que, não podendo o tempo ele mesmo ser percebido, a determinação da existência dos objetos no tempo só pode ocorrer mediante sua combinação no tempo em geral e, portanto, somente mediante conceitos associados a priori. Ora, como estes sempre se fazem acompanhar da necessidade,522 consequentemente experiência somente é possível através de uma representação da associação necessária das percepções.

Os três A177 modos523 do tempo são persistência, sucessão e simultaneidade524. Resultado: três regras de todas as relações temporais dos fenômenos, em conformidade com as quais a existência de cada uma é determinável no tocante à unidade de todo tempo, precedem toda experiência, começando por torná-la possível.

O princípio B220 geral de todas as três analogias apoia-se na unidade necessária da apercepção, com referência a toda consciência empírica possível (da percepção), a cada tempo, resultando que, como se trata de um fundamento a priori, repousa na unidade sintética de todos os fenômenos segundo suas relações no tempo. Com efeito, a apercepção original está relacionada ao sentido interno (o conjunto de todas as representações) e, na verdade, a priori à sua forma, isto é, a relação da consciência empírica múltipla no tempo. Ora, na apercepção original, todo esse múltiplo, no que diz respeito às suas relações temporais, deve ser unificado; com efeito, isso é o que sua unidade transcendental diz a priori, ao que está submetido tudo que deve pertencer ao meu conhecimento (isto é, ao meu próprio) e, portanto, pode se converter em objeto para mim. Essa unidade sintética na relação temporal de todas as percepções, que é determinada a priori, é, assim, a lei de que todas as determinações temporais empíricas têm que se submeter às regras de determinação temporal A178 universal, e as analogias da experiência, das quais vamos nos ocupar agora, têm que ser regras de tal gênero.

Esses princípios apresentam em si a particularidade de não considerarem os fenômenos e a síntese de sua intuição empírica, mas meramente a existência deles e sua relação recíproca com respeito a essa sua existência.525 B221 Ora, a maneira como algo é apreendido no fenômeno pode ser determinada a priori, do que resulta que a regra de sua síntese concomitantemente fornece essa intuição a priori em todo exemplo empírico que se apresente, isto é, ela pode realizar esta a partir daquela526. Todavia, a existência dos fenômenos não pode ser conhecida a priori, e mesmo que pudéssemos obter êxito por esse caminho concluindo por alguma existência, permaneceríamos incapazes de conhecê-la de modo determinado, isto é, sem pod

Crítica da Razão Pura by  (Page 174 - 176)

Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Ora, chamo de grandeza intensiva a grandeza que só pode ser apreendida como unidade e na qual a pluralidade só pode ser representada mediante aproximação da negação = 0. Consequentemente, toda realidade no fenômeno tem grandeza intensiva, isto é, um grau. Caso se considere essa realidade causa (seja da sensação ou de outra realidade no fenômeno, por exemplo uma alteração), chama-se o grau de realidade de causa de um momento496, por exemplo, o momento de gravidade, porque, em verdade, o grau designa A169 tão só aquela grandeza cuja apreensão não é sucessiva, mas instantânea. Mas é só de passagem que toco nisso aqui, pois agora não estou ainda me ocupando da causalidade.

Em consonância B211 com isso, toda sensação e, portanto, toda realidade no fenômeno, não importa quão pequena possa ser, possuem um grau, isto é, uma grandeza intensiva, que sempre pode ser diminuída, e entre realidade e negação existe uma contínua conexão de realidades possíveis, e de percepções menores possíveis. Toda cor, por exemplo, o vermelho, possui um grau, o qual, por menor que possa ser, jamais é o menor, e assim ocorre por toda parte com o calor, o momento de gravidade etc.

Crítica da Razão Pura by  (Page 169)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

O capital C decompõe-se em duas partes: uma quantia de dinheiro c, gasta com meios de produção, e uma quantia v, gasta com a força de trabalho; c representa a parte do valor transformada em capital constante e v a parte transformada em capital variável. Originalmente, portanto, C = c + v, de modo que, se o capital adiantado é, digamos, £500, temos £500 = £410 const. + £90 var. Ao final do processo de produção, resulta uma mercadoria cujo valor é = (c + v) + m, onde m representa o mais-valor, por exemplo, (£410 const. + £90 var.) + £90 mais-val. O capital original C transformou-se em C’, de £500 ele passou a £590. A diferença entre os dois é = m, um mais-valor de 90. Como o valor dos elementos de produção é igual ao valor do capital adiantado, é uma mera tautologia dizer que o excedente do valor do produto sobre o valor de seus elementos de produção é igual à valorização do capital adiantado ou ao mais-valor produzido.

Essa tautologia requer, no entanto, uma análise mais detalhada. O que é comparado com o valor dos produtos é o valor dos elementos consumidos em sua produção. Ora, vimos que a parte do capital constante investido que é constituída de meios de trabalho transfere apenas uma porção de seu valor ao produto, ao passo que outra porção é conservada em sua antiga forma de existência. Como esta última não desempenha nenhum papel na formação do valor, ela pode, aqui, ser deixada de lado. Sua inclusão no cálculo não faria nenhuma diferença. Tomemos nosso exemplo anterior, segundo o qual c = £410, e suponha que essa quantia consista de £312 de matéria-prima, £44 de matéria auxiliar e £54 do desgaste da maquinaria usada no processo, sendo o valor total da maquinaria empregada £1.054. Como valor adiantado para a formação do valor do produto temos de calcular, assim, apenas as £54 que a maquinaria perde devido a seu funcionamento e, desse modo, transfere ao produto. Se calculássemos nessa soma as £1.000 que continuam a existir em sua forma antiga, como máquina a vapor etc., também teríamos de calculá-la como parte do valor adiantado, de modo que ela apareceria nos dois lados da equação, do lado do valor adiantado e do lado do valor do produto26a, e obteríamos, respectivamente, £1.500 e £1.590. A diferença ou o mais-valor seria, tal como antes, £90. Por capital constante, adiantado para a produção de valor, entendemos sempre, salvo exceções evidentes, o valor dos meios de produção consumidos na produção.

Dito isso, retornemos à fórmula C = c + v, que vimos se transformar em C’ = (c + v) + m, de modo que C se transformou em C’. Sabe-se que o valor do capital constante apenas reaparece no produto. O produto de valor [Wertprodukt] efetivamente criado no processo é, portanto, diferente do valor do produto [Prokutenwert] que resulta do processo; ele não é, como parece à primeira vista, (c + v) + m ou £410 const. + £90 var. + £90 mais-val., mas v + m ou £90 var. + £90 mais-val.; não £590, mas £180. Se c, o capital constante, fosse = 0, em outras palavras, se existisse algum ramo da indústria em que o capitalista não empregasse nenhum meio de produção produzido, nem matéria-prima, nem matérias auxiliares, nem instrumentos de trabalho, mas tão somente matérias preexistentes na natureza e mais força de trabalho, não haveria nenhuma parte de valor constante a ser transferida ao produto. Esse elemento do valor do produto, que em nosso exemplo soma £410, seria eliminado, mas o produto de valor de £180, que contém £90 de mais-valor, permaneceria com a mesma grandeza que teria se c representasse o maior valor imaginável. Teríamos C = (0 + v) = v, e C’, o capital valorizado, = v + m, e, desse modo, C - C’ seria, tal como antes = m. Se, ao contrário, m = 0, ou, em outras palavras, se a força de trabalho, cujo valor é adiantado na forma de capital variável, não produzisse mais do que um equivalente, então C = c + v, e C’ (o valor do produto) = (c + v) + 0, de modo que C = C’. O capital adiantado não se teria, então, valorizado.

O capital by  (Page 289 - 290)

Immanuel Kant: Crítica da Razão Pura (Paperback, Português language, Edipro) 4 stars

Publicada pela primeira vez em 1781, a Crítica da Razão Pura é um divisor de …

Todos os fenômenos contêm, no que toca à sua forma, uma intuição no tempo e espaço que dá fundamento a todos eles a priori. Consequentemente, não podem ser apreendidos, isto é, acolhidos na consciência empírica, salvo através da síntese do múltiplo mediante a qual são geradas as representações de um determinado espaço ou tempo, isto é, através da composição do homogêneo e a consciência da unidade sintética B203 desse múltiplo (homogêneo). Ora, a consciência do múltiplo homogêneo na intuição em geral, na medida em que através dela a representação de um objeto começa por se tornar possível, é o conceito de uma grandeza (Quanti478). Assim, mesmo a percepção de um objeto, como fenômeno, somente é possível mediante a mesma unidade sintética do múltiplo da intuição sensível dada, através da qual a unidade da composição do múltiplo homogêneo é pensada no conceito de uma grandeza, isto é, os fenômenos todos são grandezas e, na verdade, grandezas extensivas, visto que, como intuições no espaço ou no tempo, eles têm que ser representados através da mesma síntese mediante a qual espaço e tempo são em geral determinados.

Chamo A162 de uma grandeza extensiva479 aquela na qual a representação das partes torna a representação do todo possível (e, por conseguinte, precede necessariamente essa última). Não posso me representar linha alguma, por pequena que seja, sem traçá-la no pensamento, isto é, gerando de maneira sucessiva todas as suas partes a partir de um ponto, e com isso esboçando pela primeira vez essa intuição. É precisamente idêntico no que diz respeito inclusive à menor parte do tempo.480 A163 Penso aí somente o avanço sucessivo de um momento a outro, onde, mediante todas as partes do tempo e sua adição, é gerada finalmente uma determinada grandeza do tempo481. Como a mera intuição em todos os fenômenos é ou o espaço ou o tempo, todo fenômeno, na qualidade de intuição, é uma grandeza B204 extensiva, porquanto só pode ser conhecido mediante síntese sucessiva (de parte à parte) em apreensão. Todos os fenômenos, em decorrência disso, já estão intuídos como agregados (conjunto de partes antecedentemente dadas), o que não é o caso com toda espécie de grandeza, mas apenas daquelas por nós representadas e apreendidas como extensivas.

Crítica da Razão Pura by  (Page 164 - 165)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Em nossa exposição dos diferentes papéis desempenhados pelos diversos fatores do processo de trabalho na formação do valor do produto, caracterizamos as funções dos diversos componentes do capital em seu próprio processo de valorização. O excedente do valor total do produto sobre a soma dos valores de seus elementos formadores é o excedente do capital valorizado sobre o valor do capital originalmente desembolsado. Meios de produção, de um lado, e força de trabalho, de outro, não são mais do que diferentes formas de existência que o valor do capital originário assume ao se despojar de sua forma-dinheiro e se converter nos fatores do processo de trabalho.

Portanto, a parte do capital que se converte em meios de produção, isto é, em matérias-primas, matérias auxiliares e meios de trabalho, não altera sua grandeza de valor no processo de produção. Por essa razão, denomino-a parte constante do capital, ou, mais sucintamente: capital constante.

Por outro lado, a parte do capital constituída de força de trabalho modifica seu valor no processo de produção. Ela não só reproduz o equivalente de seu próprio valor, como produz um excedente, um mais-valor, que pode variar, sendo maior ou menor de acordo com as circunstâncias. Essa parte do capital transforma-se continuamente de uma grandeza constante numa grandeza variável. Denomina-o, por isso, parte variável do capital ou, mais sucintamente: capital variável. Os mesmos componentes do capital, que, do ponto de vista do processo de trabalho, distinguem-se como fatores objetivos e subjetivos, como meios de produção e força de trabalho, distinguem-se, do ponto de vista do processo de valorização, como capital constante e capital variável.

O capital by  (Page 286)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

O valor, se desconsideramos sua expressão meramente simbólica nos signos de valor, existe apenas num valor de uso, numa coisa. (O próprio homem, considerado como mera existência de força de trabalho, é um objeto natural, uma coisa, embora uma coisa viva, autoconsciente, sendo o próprio trabalho a exteriorização material dessa força.) Por isso, a perda do valor de uso implica a perda do valor. Com a perda de seu valor de uso, os meios de produção não perdem, ao mesmo tempo, seu valor, uma vez que, por meio do processo de trabalho, eles só perdem a figura originária de seu valor de uso para, no produto, ganhar a figura de outro valor de uso. Mas do mesmo modo que para o valor é importante que ele exista num valor de uso qualquer, também lhe é indiferente em qual valor determinado ele existe, como fica evidente na metamorfose das mercadorias. Disso se segue que, no processo de trabalho, o valor do meio de produção só se transfere ao produto na medida em que o meio de produção perde, juntamente com seu valor de uso independente, também seu valor de troca. Ele só cede ao produto o valor que perde como meio de produção. A esse respeito, porém, nem todos os fatores objetivos do processo de trabalho se comportam do mesmo modo.

O capital by  (Page 280)

Karl Marx: O capital (Paperback, Português language, 2013, Boitempo) 5 stars

Tradução vencedora do Prêmio Jabuti de Melhor Tradução (2014). O clássico de Marx foi originalmente …

Se o trabalho produtivo específico do trabalhador não fosse a fiação, ele não poderia transformar o algodão em fio e, portanto, tampouco transferir ao fio os valores do algodão e dos fusos. Se, ao contrário, o mesmo trabalhador trocar de ramo e se tornar carpinteiro, ele continuará a adicionar valor a seu material por meio de uma jornada de trabalho. Ele adiciona valor ao material por meio de seu trabalho, não como trabalho de fiação ou de carpintaria, mas como trabalho abstrato, trabalho social em geral, e adiciona uma grandeza determinada de valor não porque seu trabalho tenha um conteúdo útil particular, mas porque dura um tempo determinado. Portanto, é por sua qualidade abstrata, geral, como dispêndio de força humana de trabalho, que o trabalho do fiandeiro adiciona um valor novo aos valores do algodão e dos fusos, e é em sua qualidade concreta, particular e útil como processo de fiação que ele transfere ao produto o valor desses meios de produção e, com isso, conserva seu valor no produto. Daí decorre a duplicidade de seu resultado no mesmo tempo.

Por meio da adição meramente quantitativa de trabalho, um valor novo é adicionado; por meio da qualidade do trabalho adicionado, os valores antigos dos meios de produção são conservados no produto. Esse efeito duplo do mesmo trabalho, decorrência de seu caráter duplo, pode ser detectado em vários fenômenos.

Suponha que, em consequência de uma invenção qualquer, o fiandeiro possa fiar em 6 horas a mesma quantidade de algodão que ele antes fiava em 36 horas. Como atividade adequada a um fim, útil e produtiva, seu trabalho sextuplicou sua força. Seu produto é seis vezes maior, 36 libras de fio em vez de 6. Mas as 36 libras de algodão absorvem agora apenas o mesmo tempo de trabalho antes absorvido por 6 libras. A quantidade de trabalho novo que lhes é adicionada é 6 vezes menor do que com o método antigo, portanto apenas 1/6 do valor anterior. Por outro lado, o valor de algodão agora contido no produto é 6 vezes maior, isto é, 36 libras. Nas 6 horas de fiação é conservado e transferido ao produto um valor de matéria-prima 6 vezes maior, embora à mesma matéria-prima seja adicionado um novo selo, 6 vezes menor. Isso revela a diferença essencial entre as duas propriedades do trabalho, que agem simultaneamente, uma conservando, a outra criando valor. Quanto mais tempo de trabalho necessário é incorporado na mesma quantidade de algodão durante a fiação, maior é o valor novo adicionado ao algodão; porém, quanto mais libras de algodão são fiadas no mesmo tempo de trabalho, maior é o valor antigo conservado no produto.

Suponha, ao contrário, que a produtividade do trabalho de fiação se mantenha inalterada, e que o fiandeiro continuasse a necessitar do mesmo tempo de trabalho que antes para transformar 1 libra de algodão em fio. Mas suponha, também, que ocorra uma variação no valor de troca do algodão, de modo que o preço de 1 libra de algodão aumente ou caia 6 vezes. Em ambos os casos, o fiandeiro continuará a adicionar o mesmo tempo de trabalho e, assim, o mesmo valor à mesma quantidade de algodão; e em ambos os casos ele produzirá a mesma quantidade de fio no mesmo tempo. No entanto, o valor que ele transferirá do algodão ao fio será ou um sexto do valor anterior, ou seu sêxtuplo. O mesmo ocorreria se o valor dos meios de trabalho aumentasse ou caísse, porém continuando a prestar o mesmo serviço no processo de trabalho.

Se as condições técnicas do processo de fiação permanecerem as mesmas e não ocorrer nenhuma variação de valor nos meios de produção, o fiandeiro continuará a consumir, no mesmo tempo de trabalho, a mesma quantidade de matéria-prima e maquinaria, cujos valores permanecem os mesmos. O valor que ele conserva no produto permanece na razão direta do novo valor que ele adiciona a este. Em duas semanas, ele incorpora ao produto o dobro de trabalho – e, assim, o dobro de valor – de uma semana de trabalho; ao mesmo tempo, ele consome o dobro de material que vale o dobro e desgasta duas vezes mais maquinaria, que também vale o dobro, de maneira que, no produto de duas semanas, ele conserva o dobro de valor que é conservado no produto de uma semana. Sob condições invariáveis de produção, o trabalhador conserva tanto mais valor quanto mais valor ele adiciona, mas conserva mais valor não porque adiciona mais valor, e sim porque o adiciona sob condições invariáveis e independentes de seu próprio trabalho.

Em certo sentido, pode-se dizer que o trabalhador sempre conserva valores anteriores na mesma proporção em que adiciona novo valor. Se o algodão aumenta de 1 para 2 xelins ou cai para 6 pence, o trabalhador continua a conservar no produto de 1 hora de trabalho apenas a metade do valor do algodão que ele conserva no produto de 2 horas de trabalho, independentemente da variação daquele valor. Se, além disso, a produtividade de seu próprio trabalho variar, seja para cima ou para baixo, ele poderá fiar mais ou menos algodão que antes e, desse modo, conservar no produto de 1 hora de trabalho mais ou menos valor em algodão. Contudo, em duas horas de trabalho ele conservará o dobro de valor do que em uma.

O capital by  (Page 278 - 280)