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Miguel Medeiros

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Baruch Spinoza: Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar (EBook, Português language, Autêntica Editora) No rating

A Autêntica Editora apresenta a primeira tradução para o português desta obra clássica, que traz …

Uma coisa composta de partes diversas deve ser tal que, se suas partes são tomadas em particular, uma pode ser compreendida e entendida sem a outra. Assim, por exemplo, em um relógio que está composto de numerosas rodas e cordas diferentes e de outras coisas, cada roda, corda, etc., pode, digo eu, ser compreendida e entendida em particular, sem que seja necessário considerar o todo, tal como está composto. Igualmente na água, composta de partículas retas e oblongas, pode cada uma delas ser compreendida e entendida, e existir, sem o todo ; a extensão, contudo, sendo uma substância, não se pode dizer dela que tenha partes, dado que não pode se tornar nem menor nem maior, e nenhuma parte sua pode ser entendida em particular, porque ela deve ser infinita em sua natureza. Agora, que ela [a extensão] deva ser assim, isso segue de que, se não o fosse, mas consistisse em partes, não seria, como foi dito, de maneira nenhuma infinita por sua natureza. Porém, é impossível que se possam conceber partes em uma natureza infinita, porque todas as partes são finitas por sua natureza.

Breve tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar by 

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

A comunicação digital se desenvolve hoje cada vez mais em uma comunicação sem comunidade. O regime neoliberal força à comunicação sem comunidade, na medida em que cada um é isolado se tornando produtor de si mesmo. Produzir vem do verbo latino producere, que significa mostrar ou tornar visível. A palavra em francês produire ainda tem o senti- do de exibir. Se produzire, se produzir, significa se pôr em cena. A expressão coloquial alemă sich produzieren vem claramente dessa mesma etimologia. Hoje, nos produzimos em geral e compulsivamente, e as mídias sociais são um exemplo disso. O social está completamente subordinado à produção de si. Cada um se produz com o intuito de gerar mais atenção. A coação da autoprodução provoca uma crise da comunidade. A assim chamada "Community", invocada em tudo que é parte hoje, é ela mesma apenas um vestígio, uma forma de mercadoria e de consumo, da comunidade. Falta-lhe por completo a coesão simbólica.

O desaparecimento dos rituais by  (Page 27)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

O regime neoliberal isola as pessoas. As mesmo tempo, invoca-se a empatia. A sociedade ritual não necessita de empatia, pois é um corpo de ressonância. E justamente em uma sociedade atomizada que a exigência de empatia é mais forte. O badalo atual por empatia é antes de mais nada condicionado economicamente. A empatia é utilizada como meio de produção eficiente. Serve para influenciar e conduzir emotivamente as pessoas. No regime neoliberal, não apenas o tempo de trabalho, mas também a pessoa inteira é explorada. A gestão emocional se mostra aqui como ainda mais eficaz, pois, do que a gestão racional. Aquela penetra ainda mais profundamente na pessoa do que esta. A política psíquica neoliberal trabalha na obtenção de emoções positivas e na sua exploração. Ao fim e ao cabo, a liberdade é ela mesma explorada. Nisso se distingue a psicopolítica neoliberal da biopolítica da modernidade industrial que operava com suas coações e mandamentos disciplinares

O desaparecimento dos rituais by  (Page 26 - 27)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

Rituais criam uma comunidade de resso- nância capaz de um acorde, de um ritmo co- mum: "Rituais promovem eixos de ressonân- cia socioculturalmente estabelecidos, ao longo dos quais se tornam experienciáveis relações de ressonância verticais (com Deus, o cosmos, o tempo e a eternidade), horizontais (na co- munidade social) e diagonais (em relação às coisas)"11. Sem ressonância, a gente ecoa a si mesmo e se isola para si. O narcisismo cres cente impede a experiência de ressonância A ressonância não é um eco de si mesmo. A ela é inerente a dimensão do outro. Significa acorde. A depressão se origina no ponto zero da ressonância. A crise atual da comunidade é uma crise de ressonância. A comunicação digital consiste de câmeras de eco nas quais antes do que nada se ouve apenas a si mesmo falando. Likes, Friends e Followers não formam corpos de ressonância. Apenas aprofundam o eco de si mesmo.

O desaparecimento dos rituais by  (Page 23 - 24)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

À caça por novos estímulos, excitações e vivências, perdemos hoje a capacidade de repetição. Aos dispositivos neoliberais como autenticidade, inovação ou criatividade é inerente uma coação permanente ao novo. Eles produzem, contudo, ao fim e ao cabo, apenas variações do igual. O velho, o sido, que admite uma repetição realizadora, é abolido, pois se opõe à lógica do aumento de produção. Repetições, contudo, estabilizam a vida. Sua característica essencial é o encasamento.

O novo cai logo na rotina. É mercadoria que se gasta e provoca novamente a necessidade de algo novo. A coação de ter que rejeitar o rotineiro produz mais rotina. É inerente ao novo uma estrutura de tempo que logo esmaece em rotina. A coação de produção como coação ao novo apenas aprofunda o atoleiro da rotina. Para escapar da rotina, do vazio, consumimos ainda mais coisas novas, novos estímulos e vivências. Justamente a sensação de vazio impulsiona a comunicação e o consumo. A "vida intensiva" como reclame do regime neoliberal não é outra coisa do que consumo intensivo. Face à ilusão da "vida intensiva" vale refletir sobre uma outra forma de vida que seja mais intensiva do que o consumo e a comunicação contínuos

O desaparecimento dos rituais by  (Page 22 - 23)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

A repetição é a característica essencial do ritual. Ela se distingue da rotina pela sua capacidade de produzir uma intensidade. De onde vem a intensidade que marca a repetição e a protege da rotinização? Repetição e lembrança constituem o mesmo movimento para Kierkegaard, mas em direções opostas. O que é lembrado é algo passado, sendo "repeti- do para trás", enquanto a repetição autêntica "lembra pra frente"". A repetição como reconhecimento é, portanto, uma forma de união, de término. Passado e futuro são unidos em um presente vivo. Como forma de união, pro- move duração e intensidade. Zela para que o tempo permaneça. Kierkegaard opõe a repetição tanto à es- perança quanto à lembrança: "A esperança é uma nova peça de roupa, rígida, lisa e brilhan- te, mas a gente nunca a vestiu e não sabe como fica vestida, nem seu caimento. A lembrança é uma peça de roupa usada muito bonita, mas que não cabe mais, porque a gente cresceu. A repetição é uma roupa que não se desgasta, bem ajustada, mas delicada, que não aperta ou faz trepidar". É apenas "o novo", diz Kierke- gaard, "que nos dá fastígio, nunca o velho". O velho é o "pão diário que me sacia com bênção". Ele alegra: "Apenas é feliz de fato quem não trai a si mesmo imaginando que a repetição deveria ser algo novo, pois então se iria ficar farto dela"

O desaparecimento dos rituais by  (Page 20 - 21)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

Os valores também servem hoje como objetos de consumo individual. Tornaram-se eles mesmos mercadoria. Valores como justiça, humanidade ou sustentabilidade são explorados economicamente. "Mudar o mundo bebendo chá❞ é o slogan de uma empresa fair trade. Mudar o mundo pelo consumo seria o fim da revolução. Sapatos ou roupas também precisam ser veganos. Em breve certamente haverá smartphones veganos. O neoliberalismo se aproveita multiplamente da moral. Valores morais são consumidos como características distintivas. São contabilizados na conta do ego, elevando o valor do ego. Aumentam a autoestima narcisica. Com valores, não se esta referindo à comunidade, mas ao próprio ego

O desaparecimento dos rituais by  (Page 15 - 16)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

Hoje não consumimos meramente as coisas, mas também as emoções com as quais são carregadas. Coisas não se pode consumir infinitamente, emoções, contudo, sim. Inauguram todo um novo campo de consumo in- finito. A emocionalização e a estetização, que a acompanha, da mercadoria são regidas pela coação de produção. Têm que potencializar o consumo e a produção. Com isso, o estético fica colonizado pelo econômico

O desaparecimento dos rituais by  (Page 14 - 15)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

A coação atual de produção toma das coisas sua conservação. Ela destrói deliberadamente a duração com o intuito de produzir mais e de forçar mais o consumo. A permanência, contudo, pressupõe coisas que durem. Se as coisas são apenas exauridas e consumidas, a permanência já não é mais possível. E a mesma coação de produção desestabiliza a vida, na medida em que desmonta seu caráter duradouro. Destrói, assim, a conservação da vida, ainda que a prolongue

O desaparecimento dos rituais by  (Page 12 - 13)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. Fazem do mundo um local confiável. São no tempo o que uma habitação é no espaço. Fazem o tempo se tornar habitável. Sim, fazem-no víá- vel como uma casa. Ordenam o tempo, mobiliam-no. Em seu romance Cidadela, Antoine de Saint-Exupéry descreve os rituais como técnicas temporais do encasamento: "e os ritos são no tempo o que o lar é no espaço. Pois é bom quando o tempo que passa não nos pareça algo que nos gasta e destrói, como a um punhado de areia, mas como algo que nos realiza

O desaparecimento dos rituais by  (Page 10 - 11)

Byung-Chul Han: O desaparecimento dos rituais (Portuguese language, 2021, Editora Vozes) No rating

Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. …

Rituais são ações simbólicas. Transmitem e representam todos os valores e ordenamentos que portam uma comunidade. Geram uma comunidade sem comunicação, enquanto hoje predomina uma comunicação sem comunidade

O desaparecimento dos rituais by  (Page 9)

Juliana Ortegosa Aggio: Prazer e Desejo Em Aristóteles (Portuguese language, 2017, Universidade Federal da Bahia, Centro Editorial e Didactico) No rating

Nesta obra, Juliana realiza um estudo sólido sobre o problema da educação do desejo em …

Que o conhecimento é causa necessária, mas não suficiente para a educação moral é evidente na concepção aristotélica. O limite do conhecimento para a aquisição da virtude se explica com clareza a partir do paradigma da ciência médica, pois “nós não nos tornamos mais capazes de fazer ações saudáveis e exercícios físicos por ter a ciência da medicina ou da ginástica” (EN VI 12: 1143b27). Ou seja, do mesmo modo em que a posse do conhecimento médico não é causa suficiente para nos tornarmos saudáveis, o conhecimento moral do bem tampouco o é do tornar-se bom. Afinal, “o conhecimento sobre essas coisas justas, belas e boas não nos torna mais capazes de fazer tais coisas, pois que as virtudes são disposições” (EN VI: 1143b23-25) e não faculdades ou formas de conhecimento, como queria Sócrates. Ou seja, é preciso que certa disposição em desejar o que é justo, belo e bom se constitua para que o conhecimento sobre essas coisas tenha alguma eficácia.

Prazer e Desejo Em Aristóteles by 

Juliana Ortegosa Aggio: Prazer e Desejo Em Aristóteles (Portuguese language, 2017, Universidade Federal da Bahia, Centro Editorial e Didactico) No rating

Nesta obra, Juliana realiza um estudo sólido sobre o problema da educação do desejo em …

a opinião de que os prazeres são ruins pelo fato de haver algumas coisas prazerosas que são nocivas não se sustenta. Isso porque o fato de ser nocivo não torna má a própria natureza da coisa nociva. Seria o mesmo que dizer que a saúde não é boa por despender gastos. Mesmo que, para se recobrar a saúde, seja preciso fazer algo “ruim”, como gastar dinheiro com remédios custosos, nem por isso se curar seria ruim. Se o que é nocivo não é necessária e absolutamente ruim, também o que é bom não é necessária e absolutamente inócuo. Mesmo que algo seja em si mesmo bom, ele pode ser, em algum sentido, nocivo. O exemplo fornecido por Aristóteles certamente espantaria Platão: a contemplação, quando excessiva, pode ser nociva à saúde. A contemplação, que é, por natureza, prazerosa, saudável e boa pode ser nociva ou ruim sob certo aspecto, mas isso não a torna essencialmente ruim.

Prazer e Desejo Em Aristóteles by