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Miguel Medeiros

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"Este mundo grande cansa-me à exaustão o pequeno corpo.". — Pórcia

Sou um leigo que se entrega à filosofia, literatura, história e ciência. Leitor de Philip K. Dick a Platão, ouvinte de Arctic Monkeys a John Coltrane, jogador de Red Dead Redemption a Deus Ex.

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Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

A necessidade que a sociedade tem de promover a iniciação, por assim dizer, de seus membros mais jovens em um estado definido de conhecimentos parece recuar ao passado biológico da humanidade. No período da infância não só os seres humanos, mas também os animais superiores aparentemente desenvolveram uma aptidão especial para a aprendizagem. Isso talvez possa declinar um pouco com a maturidade, porém nunca será perdido por completo. O ser humano, independentemente da idade, sempre permanece com sua característica de aprendibilidade.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 33)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

A sociedade provavelmente contribui muito mais para a publicação de um livro impresso do que o autor que o escreveu. O processo mecânico pelo qual o manuscrito inicial é reproduzido em muitos exemplares impressos evoluiu graças aos esforços acumulados de muitas pessoas através de muitas gerações. A aparelhagem com a qual o livro é atualmente impresso exigiu também para sua fabricação o esforço cooperativo de um grupo incontável de indivíduos em dezenas de indústrias. Nenhuma mente isolada algum dia planejou sua coordenação, porém, do mineiro que tira do solo o minério ao tipógrafo que põe em movimento a máquina pronta, houve uma organização de iniciativas e realizações que envolve todo o tecido social. A sociedade empregou para um propósito comum final aquilo que indivíduos pensaram para finalidades imediatas e pessoais. Passou a existir algo diferente e maior do que uma mera soma. O impulso civilizatório cego e inconsciente fez mais do que simplesmente combinar e adicionar a totalidade dessas unidades de vontade consciente. A própria sociedade construiu a imprensa. Enquanto o autor trabalhando sozinho poderia no decorrer de anos fazer alguns exemplares de seu livro e distribuí-los em seu círculo imediato, pessoas de sua comunidade, organizadas como empresa, teriam reproduzido e divulgado seu escrito. Sua dependência, porém, da organização social é mais completa do que isso. A língua que ele emprega e a forma escrita com a qual a registra não são de sua invenção. Esses sons simbólicos e símbolos gráficos não têm outro significado a não ser em virtude de uma convenção social. Suas ideias e os padrões segundo os quais ele as combina são nada mais do que empréstimos tomados do grupo social do qual faz parte. Embora a pena seja guiada pelo escritor, pode-se dizer, em sentido muito real, que comumente ela só pode escrever aquilo que a própria sociedade ditou.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 29 - 30)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

Tendo em vista que nenhuma fase da civilização tem mais envolvimento com esses valores espirituais do que a literatura, é imperativo que a biblioteconomia sempre abrangerá extensas áreas de grande importância que jamais serão campo de uma ciência. Há questões que, por sua própria natureza, são essencialmente humanas. Os métodos científicos podem ser empregados com proveito para elucidar seus elementos mecanísticos. Para seus efeitos subjetivos qualquer explicação em termos de causas equivalentes deve permanecer totalmente impensável. Um poema, por exemplo, pode ser estudado com os métodos científicos consagrados quanto a seu ritmo, sua fonética, sua linguagem, sua retórica e seu desenvolvimento histórico. Não obstante, depois que o cientista tiver dado sua última palavra, não terá tocado, nem remotamente, naquele algo indefinível que coloca essa composição literária à parte como manifestação única de beleza espiritual. Há pessoas, naturalmente, que são totalmente intransigentes quanto a qualquer indagação científica mesmo sobre os elementos estruturais da forma poética. Outros, de feitio mais tolerante, veem essas coisas como esclarecedoras e que não são absolutamente incompatíveis com a apreciação estética mais aguçada. Se conhecer só fosse possível às custas de sentir, o preço a pagar pelo conhecimento seria muito alto. Na realidade a coexistência desses dois no mesmo campo é mais uma questão de adição do que de substituição. Eles não são mutuamente exclusivos.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 27)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

A ciência, como todos sabem, possui limitações definidas. Ela só lida com fenômenos e não se aventura no território da metafísica. A natureza final das coisas e as realidades últimas de suas relações não são suscetíveis de uma investigação científica. Mesmo o cientista mais otimista nunca se aventura a prever que seus métodos um dia resolverão os problemas residuais que constituem matéria própria da filosofia. Existe, portanto, uma nítida fronteira para a ciência na direção de abstrações generalizadas. Por outro lado, ela chega a um limite imutável sempre que for atingido um certo grau de particularidade. A ciência nada tem a ver com o que é único, nem pode explorar valores emocionais subjetivos.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 26)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

Em suma, o pensamento moderno do modo como se apresenta nas ciências físicas segue estas fases: 1. Coleta de dados mediante observação. 2. Explicação em termos de causalidade imediata. 3. Avaliação mediante o processo de integração.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 17)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

As mentes pré-modernas não eram tão plásticas. Faltava-lhes por completo aquela unidade orgânica que é tão característica das práticas intelectuais de nossos dias. Em geral, nossos antecessores não percebiam um elemento comum presente em toda a faixa de seus conhecimentos, com exceção do próprio processo lógico. Não alcançavam qualquer generalização mais ampla do que sua crença de que o silogismo era universalmente válido. Repetidas vezes, indivíduos de extraordinária originalidade — Aristóteles, Plínio, o velho, Bacon, Alberto Magno e Lull, para citar só os mais conhecidos — mostraram uma tendência de imaginar o corpo total de conhecimentos não simplesmente como uma enciclopédia, mas como um verdadeiro corpus. Essas mentes, no entanto, eram, de modo rudimentar, modernas antes do tempo. Esta fase de seu pensamento passou sem ser notada, não chegou a circular entre seus pares ou descendentes espirituais. Foi só com a chegada dos tempos modernos que o conhecimento deixou de ser um mero conglomerado de unidades individuais e se tornou um organismo unificado, conquanto celular.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 17)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

A história dos instrumentos científicos testemunha o grande papel que a observação desempenhou no desenvolvimento do pensamento moderno. Com a invenção de cada novo dispositivo que ampliava o alcance dos sentidos naturais do homem sua mente adquiria novas reservas de dados a serem racionalmente examinados. Com frequência, a evidência que assim se introduzia pela primeira vez tinha efeito revolucionário. A teoria copernicana, a primeira fenda a separar o pensamento medieval do pensamento moderno, brotou diretamente das novas observações astronômicas que o telescópio de Galileu viabilizara. A biologia apartou-se da antiga história natural pelo acúmulo de observações ao microscópio de detalhes estruturais invisíveis a olho nu. O eletroscópio, o espectroscópio, o polariscópio e o interferômetro, inventados sucessivamente, permitiram que a observação penetrasse ainda mais na estrutura do universo físico e cada um deles propiciou que se chegasse mais perto de uma compreensão adequada do todo. As aplicações das forças assim reveladas, seja em dispositivo mecânico ou em síntese artificial, tendem, por suas qualidades espetaculares, a obscurecer o caráter fundamentalmente observacional do pensamento moderno. Invenção, entretanto, é só um redemoinho da ciência; a corrente principal é um fluxo de curiosidade intelectual, a ânsia de perscrutar cada vez mais profundamente a natureza das coisas. A história dos instrumentos científicos também revela que os primeiros equipamentos eram “-scópios' enquanto os últimos são comumente “metros. Isso corresponde ao princípio segundo o qual uma observação, para ser científica, deve ser quantitativa. A questão crucial não é tanto o 'quê mas 'quanto. Enquanto o último quesito não for respondido, uma investigação científica pouco avançará. Conclusões permanentes foram extraídas de dados quantitativos, embora estudos posteriores hajam revelado que a natureza do fenômeno investigado tenha sido, na época, completamente equivocada. Gay-Lussac, trabalhando com dispositivos de medida rudimentares, descobriu leis de combinação química que ainda são aceitas como válidas apesar de a teoria do flogisto na qual ele incluía todos os fenômenos químicos haja sido nos tempos atuais não só rejeitada mas quase esquecida. Essas conquistas são possíveis porque os processos de contar, pesar e medir provavelmente sejam os juízos mais objetivos em todo o domínio da observação humana. Teorias sobre relações derivadas de proporções quantitativas em geral implicam menos risco de equivocos subjetivos.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 12 - 13)

Pierce Butler: Uma introdução à biblioteconomia (Portuguese language, 2024, Briquet de Lemo) No rating

Edição em português de uma nova tradução (2024) de An Introduction to Library Science, de …

O homem moderno raramente se preocupa com dificuldades metafísicas. Seus interesses são essencialmente pragmáticos. Pouco pensa acerca do abismo intransponível entre uma mente perceptiva e o objeto de sua percepção. Para ele a verdade parece uma conformidade absoluta entre suas ideias e a realidade externa. É fácil, portanto, para ele supor que todo conhecimento válido decorre de dados obtidos pela observação direta. Esse é, na verdade, o método das ciências físicas que são, metafisicamente falando, exclusivamente empíricas.

A observação direta, porém, é só uma fase do processo da ciência. A síntese completa dos conhecimentos inclui não simplesmente observação, mas as fases posteriores de explicação e avaliação. É verdade que essas últimas fases podem, em certo sentido, não passar de observações generalizadas. A diferença de grau entre elas, contudo, é tão grande que as separam como níveis mentais distintos.

Uma introdução à biblioteconomia by  (Page 12)

reviewed Alerta vermelho by Martha Wells (Diários de um Robô-Assassino)

Martha Wells: Alerta vermelho (Portuguese language, Editora Aleph)

Qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando você pensa em um …

Agradável leitura de fim de tarde.

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Alerta vermelho é uma pequena e bem-humorada ficção cientifica sobre um retraído robô de segurança assassino que consegue livre-arbítrio e decide passar a maior parte do seu tempo livre assistindo series de TV. Apesar de um conceito chave cativante essa é uma narrativa despretensiosa, não espere Asimov mas sim John Scalzi.

Talvez eu esteja acostumado com romances longos mas essa curta novela perde as chances de se desenvolver melhor, o ritmo é acelerado, é uma historia curta, as coisas acontecem bem rápido. Em poucas páginas você descobre que o robô é livre e isso é um segredo e em poucas páginas isso já deixa de ser um segredo. Os humanos também são muito poucos desenvolvidos, você sabe que eles são "legais" porque tratam bem o robô e só. Os "vilões" que você passa boa parte do livro sem saber quem são também não tem grandes motivações além daquele blá-blá-blá de …