User Profile

Yuri Bravos

[email protected]

Joined 1 year, 3 months ago

Cavalo doido cavalo de pau

This link opens in a pop-up window

Yuri Bravos's books

To Read

Currently Reading

avatar for yuribravos Yuri Bravos boosted
Matthew P. Walker: Por Que Nós Dormimos (EBook, Portuguese language, 2018, Intrínseca) 4 stars

Como o sono pode melhorar nossa saúde, ajudar nos relacionamentos e nos fazer produzir e …

Os seres humanos não estão dormindo tal como a natureza pretendia que fizessem. O número de turnos de sono, sua duração e o momento em que ele ocorre foram totalmente distorcidos pela modernidade.

Em todos os países desenvolvidos, a maioria dos adultos hoje dorme em um padrão monofásico — isto é, tentamos usufruir de um longo e único turno de sono à noite, cuja duração média é de menos de sete horas. Visite culturas intocadas pela eletricidade e com frequência você verá algo bem diferente. Tribos caçadoras-coletoras, como os gabras no norte do Quênia ou o povo san do deserto do Kalahari, cujo modo de vida mudou pouco nos últimos milhares de anos, dormem em um padrão bifásico. Esses grupos têm um período de sono similarmente mais longo à noite (de sete a oito horas na cama, conseguindo cerca de sete horas de sono), seguidos por uma sesta de trinta a sessenta minutos à tarde.

Há também indícios de uma mistura dos dois padrões de sono, determinada pela época do ano. Tribos pré-industriais, como os hadzas no norte da Tanzânia e os sans da Namíbia, dormem em um padrão bifásico nos meses mais quentes do verão, incorporando uma sesta de trinta a quarenta minutos ao meio-dia. Depois, passam a adotar um padrão em grande medida monofásico durante os meses mais frescos do inverno.

Mesmo quando dormem em um padrão monofásico, o momento do sono observado em culturas pré-industrializadas não é o visto em nosso modelo distorcido. Em média, os integrantes dessas tribos adormecem duas a três horas após o pôr do sol, em torno de nove da noite. Seus turnos de sono da noite terminam pouco antes ou logo depois do raiar do dia. Você já parou para pensar sobre o significado do termo “meia-noite”? Obviamente ele significa o meio da noite, ou, em termos mais técnicos, o ponto médio do ciclo solar. E o mesmo pode ser dito do ciclo de sono de culturas caçadoras-coletoras — e, como se pode presumir, de todas as que vieram antes. Agora considere nossas normas de sono culturais. Meia-noite não é mais o “meio da noite”. Para muitos de nós, meia-noite em geral é a hora em que pensamos em checar a caixa de e-mails uma última vez — e sabemos o que muitas vezes acontece no prolongado período subsequente. Para agravar o problema, não dormimos mais pela manhã para compensar o horário mais tardio do início do sono. Não podemos. Nossa biologia circadiana e as demandas insaciáveis do início da manhã, resultado de um modo de vida pós-industrial, nos negam o sono de que precisamos vitalmente. Houve uma época em que íamos para a cama poucas horas depois do anoitecer e acordávamos com as galinhas. Hoje muitos de nós ainda acordam cedinho assim, porém o anoitecer é simplesmente a hora em que encerramos o expediente no escritório, com grande parte da vigília noturna ainda por vir. Além disso, poucos de nós desfrutam de uma sesta da tarde completa, o que contribui ainda mais para nosso estado de falência do sono.

Contudo, a prática do sono bifásico não tem sua origem na cultura — ela é profundamente biológica. Todos os seres humanos, não importa a cultura ou a localização geográfica, têm um declínio do estado de alerta geneticamente programado para ocorrer nas horas do meio da tarde. Basta observar uma reunião depois do almoço para testemunhar esse fato. Como fantoches cujas cordas de controle tivessem sido afrouxadas para logo depois serem retesadas, as cabeças tombam e voltam ao lugar. Tenho certeza de que você já passou por esse cobertor de sonolência que parece se apossar de nós no meio da tarde, como se o cérebro estivesse a ponto de ingressar em uma hora de dormir inusitadamente precoce.

Tanto você quanto os outros participantes da reunião estão sendo vítimas de uma calmaria evolucionariamente incorporada à vigília, que favorece uma sesta da tarde, chamada declínio pós-prandial do estado de alerta (do latim prandium, “refeição”). Essa breve queda de um alto grau de vigília para um baixo nível de alerta reflete um impulso inato para estar adormecido e fazendo uma sesta à tarde, em vez de trabalhando. Acredita-se que ela seja uma parte normal do ritmo diário da vida. Caso você tenha de fazer uma apresentação no trabalho, para seu próprio bem — e o do estado consciente de seus ouvintes —, se puder, evite o horário do meio da tarde.

Ao analisar esses detalhes com certo distanciamento, fica patente que a sociedade moderna nos divorciou do que deveria ser um arranjo pré-ordenado de sono bifásico — o qual, não obstante, nosso código genético tenta reativar toda tarde. O abandono do sono bifásico ocorreu no momento da nossa mudança de uma existência agrária para uma existência industrial, ou talvez antes.

Por Que Nós Dormimos by  (21%)

avatar for yuribravos Yuri Bravos boosted
Matthew P. Walker: Por Que Nós Dormimos (EBook, Portuguese language, 2018, Intrínseca) 4 stars

Como o sono pode melhorar nossa saúde, ajudar nos relacionamentos e nos fazer produzir e …

O ritmo circadiano de 24 horas é o primeiro dos dois fatores que determinam a vigília e o sono. O segundo é a pressão do sono. Neste exato momento, uma substância química chamada adenosina está se acumulando em seu cérebro. Sua concentração continuará aumentando a cada minuto de vigília que transcorre. Quanto mais tempo você passar acordado, mais adenosina será acumulada. Pense na adenosina como um barômetro químico que registra continuamente o tempo transcorrido desde que você acordou esta manhã.

Uma consequência do aumento do nível de adenosina no cérebro é o crescente desejo de dormir, conhecido como pressão do sono — ela é a segunda força que determina quando você se sente sonolento e, por isso, tem que se deitar. Recorrendo a um engenhoso efeito de dupla ação, concentrações elevadas de adenosina ao mesmo tempo baixam o “volume” de regiões promotoras do estado de vigília no cérebro e elevam o mostrador das regiões indutoras de sono. Em virtude dessa pressão química do sono, quando a concentração de adenosina chega ao pico, uma irresistível ânsia de dormir se apodera de você.5 Isso acontece com a maioria das pessoas depois que passam de doze a dezesseis horas acordadas.

Entretanto, é possível suprimir artificialmente o sinal de sono da adenosina utilizando uma substância química que faz você se sentir mais alerta e desperto: a cafeína. Ela não é um suplemento alimentar; pelo contrário, é o estimulante psicoativo mais consumido (e abusado) no mundo. É o segundo produto mais comercializado no planeta, perdendo apenas para o petróleo. O consumo de cafeína representa um dos mais longos e maiores estudos não supervisionados sobre o uso de drogas pela raça humana já conduzidos — e que talvez só tenha o álcool como rival — e perdura até hoje.

A cafeína derrota a adenosina pelo privilégio de se conectar aos locais de ligação da adenosina — ou receptores — no cérebro. No entanto, depois que ocupa esses receptores, a cafeína não os estimula como a adenosina faz, deixando você sonolento. Ao contrário, ela bloqueia e inativa os receptores, se comportando como um agente encobridor. É o equivalente de enfiar o dedo no ouvido para deixar de ouvir um som. Ao sequestrar e ocupar esses receptores, a cafeína bloqueia o sinal de sonolência normalmente transmitido ao cérebro pela adenosina. O resultado: ela engana você, fazendo com que se sinta alerta e desperto, apesar dos elevados níveis de adenosina que de outro modo o teriam induzido a dormir.

Os níveis de cafeína circulante chegam ao máximo cerca de trinta minutos após a administração oral. Contudo, o problema é a persistência da substância em seu sistema. Na farmacologia, usa-se a expressão “meia-vida” ao discutir a eficácia de uma droga. O termo se refere simplesmente ao tempo que o corpo leva para remover 50% da concentração de uma droga. A cafeína tem uma meia-vida média de cinco a sete horas. Digamos que você tome uma xícara de café após o jantar, por volta de sete e meia da noite. Isso significa que, à uma e meia da manhã, 50% da cafeína ainda pode estar ativa e circulando por todo o seu tecido cerebral. Em outras palavras, à uma e meia da manhã você estará apenas a meio caminho de completar a tarefa de limpar o cérebro da cafeína ingerida após o jantar.

Mas não há nada de benigno na marca de 50%. Meia dose de cafeína ainda é muito poderosa e resta ainda muito trabalho de decomposição pela frente ao longo de toda a noite antes que a substância seja eliminada por completo. O sono não virá facilmente ou será tranquilo no decorrer da noite enquanto seu cérebro luta contra a força contrária da cafeína. A maioria das pessoas não se dá conta de quanto tempo é necessário para superar uma única dose da substância e por isso não consegue estabelecer pela manhã o vínculo entre a má noite de sono e a xícara de café tomada dez horas antes no jantar.

A cafeína — que não é predominante apenas no café, em certos chás e muitas bebidas energéticas, mas também em alimentos como o chocolate meio-amargo e o sorvete, bem como comprimidos para emagrecer e analgésicos — é um dos culpados mais comuns por impedir que as pessoas adormeçam com facilidade e depois durmam profundamente, o que em geral é tido por insônia, um problema médico real. É importante também ter consciência de que descafeinado não significa não cafeinado. Uma xícara de café descafeinado contém de 15% a 30% da dose de uma xícara de café normal, o que está longe de ser isento de cafeína. Tomar de três a quatro xícaras de café descafeinado à noite é tão danoso para o seu sono quanto uma xícara de café normal.

Mas a “sacudida” do café uma hora desaparece. A cafeína é removida do seu sistema por uma enzima do fígado,6 que a degrada aos poucos. Devido em grande parte à genética,7 algumas pessoas têm uma versão mais eficiente da enzima que degrada a cafeína, permitindo que o fígado a retire depressa da corrente sanguínea. Esses raros indivíduos conseguem tomar um espresso após o jantar e adormecer rapidamente à meia-noite sem nenhum problema. Já os outros têm uma versão da enzima que age mais lentamente. Por isso, são muito sensíveis aos efeitos dessa substância — uma xícara de chá ou de café tomada de manhã terá efeito por grande parte do dia, e se eles tomarem uma segunda xícara, mesmo que no começo da tarde, terão dificuldade para dormir à noite. O envelhecimento também afeta a velocidade da remoção da cafeína: quanto mais velhos ficamos, mais tempo o cérebro e o corpo levam para eliminar a substância, e assim mais sensíveis nos tornamos à influência perturbadora da cafeína sobre o sono durante a velhice.

Se você está tentando permanecer acordado tarde da noite tomando cafeína, prepare-se para uma consequência desagradável quando o fígado conseguir expulsar a substância do seu organismo: um fenômeno comumente conhecido como “choque de cafeína”. Como um robô de brinquedo cujas baterias estão se esgotando, seus níveis de energia despencam depressa. Você tem dificuldade para funcionar e se concentrar, sentindo de novo uma forte sensação de sono.

Hoje sabemos o motivo. Durante todo o tempo em que a cafeína está em seu sistema, a substância química da sonolência bloqueada por ela (a adenosina) continua a se acumular. No entanto, o cérebro não está ciente dessa maré montante de adenosina estimuladora do sono já que a parede de cafeína que você criou a está escondendo. Mas, assim que o fígado acaba com essa barricada de cafeína, você sente uma reação violenta: é atingido pela sonolência que havia experimentado duas ou três horas atrás, antes de tomar a xícara de café, mais toda a adenosina extra que se acumulou nas horas transcorridas desde então. Quando os receptores ficam vazios graças à decomposição da cafeína, a adenosina volta depressa e os abafa. Quando isso acontece, você é assaltado por uma vontade fortíssima de dormir provocada pela adenosina — o “choque de cafeína” mencionado há pouco. A menos que consuma ainda mais cafeína para reduzir o peso da adenosina, o que iniciaria um ciclo de dependência, você vai achar muito, muito difícil se manter acordado.

Por Que Nós Dormimos by 

Becky Chambers: A Psalm for the Wild-Built (Hardcover, 2021, Tordotcom) 5 stars

It's been centuries since the robots of Panga gained self-awareness and laid down their tools; …

Tem algo a dizer

3 stars

Acho que o livro traz algumas ideias boas. Algumas imagens interessantes. É bem fácil de ler. Não sei se fui com a cara da pessoa protagonista. Às vezes me soou insuportável, às vezes superficial, por vezes ingrata, vez por outra tem lampejos de sabedoria e bom senso. Pelo menos nisso soou bastante humano.

Mas parece ter uma interioridade muito pouco interior.

Becky Chambers: A Psalm for the Wild-Built (Hardcover, 2021, Tordotcom) 5 stars

It's been centuries since the robots of Panga gained self-awareness and laid down their tools; …

No todo en la Edad de las Fábricas era petróleo quemado. Hubo gente que captó las señales, que creó lugares como ese para servir de ejemplo de cómo podría ser el futuro. Pero solo eran islas en un mar tóxico. Las buenas intenciones de unos pocos individuos no habían bastado, nunca habrían sido suficiente para transformar todo el paradigma. Lo que el mundo necesitó al final fue un cambio radical. Habían evitado el desastre por los pelos, y todo gracias a un detonante que nadie había previsto

A Psalm for the Wild-Built by  (Monk and Robot, #1)

Houve gente que captou os sinais! Isso ressoa pra mim o Ailton Krenak falando de micropolítica e as pessoas que abrem o chão impermeabilizado para plantar alguma coisa.

Becky Chambers: A Psalm for the Wild-Built (Hardcover, 2021, Tordotcom) 5 stars

It's been centuries since the robots of Panga gained self-awareness and laid down their tools; …

Tras día y medio de pasear por la anarquía del bosque virgen, los pies de Dex pisaron el cuidado sendero con una profunda gratitud. Seguían ascendiendo, pero al menos ahora era mucho más sencillo. Comprendió, de un modo peligroso, por qué sus antepasades habían querido pavimentar todo el mundo.

A Psalm for the Wild-Built by  (Monk and Robot, #1)

Estamos tão cercados de comodidades que já pressupomos o mundo com elas. Mas elas não estiveram sempre lá. E nossa capacidade de construir e facilitar a vida é incrível. Desde que isso não se torne nosso objetivo único a qualquer custo.

Becky Chambers: A Psalm for the Wild-Built (Hardcover, 2021, Tordotcom) 5 stars

It's been centuries since the robots of Panga gained self-awareness and laid down their tools; …

Es difícil para alguien nacide y criade en una infraestructura humana internalizar de verdad el hecho de que su visión del mundo está al revés. Aunque comprenda por completo que vive en un mundo natural que existía antes que elle y seguirá existiendo mucho después, aunque entienda que la naturaleza es el estado por defecto de las cosas y no algo que solo se da en sitios cuidadosamente escogidos entre pueblos, algo que aparece en espacios vacíos si los ignoras durante una temporada. Aunque pase toda la vida creyendo estar en contacto estrecho con el flujo de las cosas, el ciclo, el ecosistema tal y como es en realidad, esa persona aún tendrá problemas para imaginarse el mundo virgen. Le costará comprender que las construcciones humanas han sido moldeadas y superpuestas, que esos son los lugares intermedios y no al revés.

A Psalm for the Wild-Built by  (Monk and Robot, #1)

Lugares intermédios… Me lembra a arquitetura vernacular que tem menos áreas construídas também porque tem poucos meios, então se edifica somente o essencial. Tende a usar materiais locais, baratos e muitas vezes, que se deterioram mais rápido.

Me lembrou o templo japonês que a cada cem anos é reconstruído do zero de frente ao templo antigo, respeitando o tempo de degradação da construção de madeira. Início, meio e fim, mesmo que passe o tempo de uma vida humana.

Becky Chambers: A Psalm for the Wild-Built (Hardcover, 2021, Tordotcom) 5 stars

It's been centuries since the robots of Panga gained self-awareness and laid down their tools; …

Sacó el ordenador de bolsillo, lo primero que hacía cada mañana por costumbre, y fue levemente consciente de la esperanza que siempre le incitaba a hacerlo: quizá encontrase algo bueno ahí, algo emocionante o vigorizante, algo que reemplazase el cansancio.

A Psalm for the Wild-Built by  (Monk and Robot, #1)

Quem nunca?

reviewed A Quinta Estação by N. K. Jemisin (A Terra Partida, #1)

N. K. Jemisin: A Quinta Estação (Paperback, português language, ‎ Morro Branco Editora) 4 stars

Vencedor do Hugo Awards É ASSIM QUE O MUNDO TERMINA. PELA ÚLTIMA VEZ. Três coisas …

Um livro de dores e questionamentos

4 stars

Foi um livro difícil a princípio porque só acontece desgraça. Mas aí você vai vendo um mundo interessante e cheio de nuances sociais, com relacionamentos muito humanos e complexos. Não tinha ideia do tema do livro antes de começar, mas fui conquistado pelo cenário cheio de dores e rancores e questionamentos por um lado e muita comodidade e conformismo de outro. Quando surgem as outras possibilidades de vida, um sopro de esperança surge. Se isso chegará a se concretizar é algo que não se sabe até aqui. Devo continuar a leitura, depois de um respiro.

finished reading A Quinta Estação by N. K. Jemisin (A Terra Partida, #1)

N. K. Jemisin: A Quinta Estação (Paperback, português language, ‎ Morro Branco Editora) 4 stars

Vencedor do Hugo Awards É ASSIM QUE O MUNDO TERMINA. PELA ÚLTIMA VEZ. Três coisas …

Foi um livro difícil a princípio porque só acontece desgraça. Mas aí você vai vendo um mundo interessante e cheio de nuances sociais, com relacionamentos muito humanos e complexos. Não tinha ideia do tema do livro antes de começar, mas fui conquistado pelo cenário cheio de dores e rancores e questionamentos por um lado e muita comodidade e conformismo de outro. Quando surgem as outras possibilidades de vida, um sopro de esperança surge. Se isso chegará a se concretizar é algo que não se sabe até aqui. Devo continuar a leitura, depois de um respiro.