Yuri Bravos replied to sol2070's status
@sol2070 boa, gosto mais dessa proposta hahaha
Cavalo doido cavalo de pau
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@sol2070 boa, gosto mais dessa proposta hahaha
@sol2070 É uma trilogia mesmo ou são ligadas apenas pelo tema geral de ecologia? hahah fiquei na dúvida lendo o post no blog.
Cinco jovens têm a vida abalada quando a polícia invade a Rocinha para instalar uma UPP. Esse é o evento …
O que me encantou nessa história é o fato de ser uma ficção científica com uma premissa que me pareceu completamente inovadora: e se de repente não existisse mais escassez porque existem infinitas Terras?
Gostei especialmente por estar voltado para a exploração. A premissa e o foco foram pra mim muito novos, um frescor de outras histórias, não as mesmas que já foram contadas.
É um belo livro para ver o mal que nos fazemos quando sempre esperamos o pior dos outros e criamos em nossas mentes motivos funestos para todas as ações. Como nos faz mal quando, sem conversar francamente com os outros, nos apressamos a julgar cada passo.
Pensar o pior dos outros é sempre uma denúncia de nós mesmos. O Nó de Víboras é uma história sobre isso.
Fiz a tolice de começar a leitura no original francês. Embora não fosse uma leitura muito complicada, exigia bem mais energia que o que esperava e isso me fez diminuir o ritmo de todas as leituras que estava fazendo.
Da metade pro fim peguei o livro traduzido e o ritmo foi plenamente outro.
@sol2070 verdades hahaha mas não é só no solarpunk, em qualquer punk a maioria das pessoas não entendem o que o punk quer comunicar, entendem que apenas é uma estética meio "suja", meio "rebelde".
Por isso que ressaltei mais ali em cima que o solarpunk me pegou quando compreendi que o punk da coisa estava voltada ao reúso e ao direito de consertar. Duas coisas muito palpáveis para hoje e que nós somos impedidos, seja pela produção que nunca pode deixar de crescer, seja por ser um direito negado mesmo, via obsolescência programada.
E, realmente, essa parte do solarpunk tende a ser relegada ao último plano.
@sol2070 de fato hahaha o solarpunk me chamou atenção quando captei que a maior proposta dele com tecnologia é o conserto, o reuso e não-descarte. Pq literalmente é algo que podemos fazer hoje e podemos ainda fazer bem (logo mais quando só as IAs souberem fazer coisas, talvez percamos de vez a capacidade de fazer bem).
Foi quando entendi o apelo de investigar outras formas de fazer para poder se dar conta que são aplicáveis hoje. Entra muito aí a cosmovisão dos povos tradicionais que conseguem enxergar possibilidades que para nós são muitas vezes invisíveis. O Ailton Krenak fala como a micropolítica é também um caminho de mudança: em cada um que abre um piso de cimento para plantar um jardim.
Talvez comece num nível "mero", mas se não começar por algum lugar, nunca chegará em efetiva mudança.
@sol2070 sobre uma possibilidade de ficção mais otimista, acho que todo o momento solarpunk precisa ser encarado como formas de sonhar hoje o amanhã que queremos. Um tipo de investigação hipotética de novas formas de fazer as coisas. Acho que tem o seu valor ao lado das distopias!
Não deixam de ser duas formas de chacoalhar as pessoas, uma pelo choque da bruteza, outra por um vislumbre de possibilidades.
@felipesiles tá sendo uma leitura transformadora, dando percepção social para algo que eu já tinha uma percepção espiritual.
Voilà ce qui me reste : ce que j'ai gagné, au long de ces années affreuses, cet argent dont vous avez la folie de vouloir que je me dépouille.
— Le Nœud de Vipères by François Mauriac (31%)
Está sendo mais cansativo que imaginei ler o original em francês, mas o livro é magistralmente escrito. É possível sentir as ondas de raiva e rancor que o personagem sente. E todo o problema está radicado aquí nesse trecho: tudo que ele tinha era o dinheiro que havia ganho. Sua personalidade estava baseada nisso. E ele só consegue ler as pessoas dentro dessa mesma lógica de valores mediados por dinheiro.
Cinco jovens têm a vida abalada quando a polícia invade a Rocinha para instalar uma UPP. Esse é o evento …
Los valores, en efecto, son la fuente de nuestra identidad, en ellos reconocemos nuestra verdad personal, lo que somos y lo que estamos llamados a ser, son parte de nosotros. Por esto, deben ser vividos y no solo proclamados; amados y no simplemente traducidos en la práctica; gozados, y no tristemente observados; descubiertos como fuente de identidad y sentido, y no solo mirados con admiración: en ellos me encuentro a mí mismo, de hecho, así ellos reviven en mí.
— Desde la aurora te busco by Amedeo Cencini (54%)
Os valores precisam dar sentido a nossa vida e serem de fato gozados. Não podem ser simplesmente impostos, mas ressoarem dentro de nós.
Como é triste viver valores por obrigação. Apaga toda chama de vitalidade.
(…) o Ocidente, na sua história, logra institucionalizar duas fontes de toda a moralidade possível: a noção de produtividade para o bem comum, aquilo que confere dignidade para qualquer indivíduo; e a noção de personalidade sensível, em parte criada contra o produtivismo como forma de se inventar narrativamente um novo tipo de ser humano. (…) aquilo que define o que há de mais alto, ou seja, a virtude, nos seres humanos não é apenas sua capacidade produtiva, mas a possibilidade de ser fiel aos próprios sentimentos e emoções mais íntimos. Como esses sentimentos e emoções são, por definição, reprimidos e silenciados para o bem da disciplina e da capacidade produtiva, nós temos que aprender a conhecê-los e expressá-los. (…) Foi o capitalismo financeiro que domou o conteúdo revolucionário do expressivismo e transformou as bandeiras da contracultura em estímulo à produção. Desde então, criatividade passa a ser encontrar soluções ágeis para os dilemas corporativos e sensibilidade passa a ser a habilidade de gerir pessoas. Mais importante ainda, pode-se agora ser expressivista sem qualquer crítica social que envolva efetiva distribuição de riqueza e de poder. Expressivismo, também em país de maioria pobre como o nosso, passa a ser a preservação das matas, o respeito às minorias identitárias e temas como sustentabilidade e responsabilidade social de empresas. O charme dessa posição é que ela “tira onda” de emancipadora, como na luta pelos direitos das minorias e pela preservação da natureza. Esses temas são, na verdade, realmente fundamentais. O engano reside na reversão das hierarquias. Em um país onde tantos levam uma vida miserável e indigna deste nome, a superação da miséria de tantos é a luta primeira e mais importante. (…) Tudo se dá como se esse pessoal “bem-intencionado” morasse em Oslo, e não no Brasil, e tivesse apenas relações com seus amigos de Copenhague e Estocolmo. Para um sueco que efetivamente resolveu os problemas centrais de injustiça social e distribuição de riquezas, não é estranho que se dedique à preservação de espécies raras e faça dessa luta sua atuação política principal. Que um brasileiro faça o mesmo e se esqueça da sorte de tantos seres humanos tão perto dele é apenas compreensível se ele os torna invisíveis.
— A Elite do Atraso by Jessé Souza (65%)
É muito forte essa denúncia central do livro: invisibilizamos os pobres desde a escravidão, mantendo-os na condição subumana de escravos.
E seguimos vivendo como se eles não existissem para outra coisa que não serem explorados e espoliados.
Quais os modos mais adequados para lhe falar à mente e ao coração [da classe média]? Quais seus medos específicos? Quais seus desejos particulares? É a partir dessas questões que podemos conhecer o comportamento de qualquer classe social, assim como o de qualquer indivíduo também. Saber a sua renda – a forma como o liberalismo (não) percebe as classes sociais – não nos esclarece nenhuma dessas questões. (...) Como a classe média é uma classe intermediária, entre a elite do dinheiro, de quem é uma espécie de “capataz moderno”, e as classes populares, a quem explora, ela tem que se autolegitimar tanto para cima quanto para baixo. (...)ela se justifica para cima com o moralismo e para baixo com o populismo. Não por acaso, precisamente as duas ideias centrais que a elite do dinheiro e seus intelectuais orgânicos construíram para tornar a classe média cativa e manipulável simbolicamente.
— A Elite do Atraso by Jessé Souza (Page 62)