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Miguel Medeiros

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Miguel Medeiros's books

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81% complete! Miguel Medeiros has read 49 of 60 books.

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas emitido num só impulso expiratório. Em português, o elemento essencial da sílaba é a vogal. Quanto à sua constituição, a sílaba pode ser simples ou composta, e esta última aberta (ou livre) ou fechada (ou travada). Diz-se que a sílaba é simples quando é constituída apenas por uma vogal: e, há, ah! Sílaba composta é a que encerra mais de um fonema: ar (vogal + consoante), lei (consoante + vogal + semivogal), vi (consoante + vogal), ou (vogal + semivogal), mas (consoante + vogal + consoante). A sílaba composta é aberta (ou livre) se termina em vogal ou semivogal: vi; é fechada (ou travada) em caso contrário, incluindo-se a vogal nasal, porque a nasalidade também vale por um travamento de sílaba: ar, mas, um, vãs. Quanto ao número de sílabas, dividem-se os vocábulos em: a) monossílabos (se têm uma sílaba): é, há, mar, de, dê; b) dissílabos (se têm duas sílabas): casa, amor, darás, você; c) trissílabos (se têm três sílabas): cadeira, átomo, rápido, cômodo; d) polissílabos (se têm mais de três sílabas): fonética, satisfeito, camaradagem, inconvenientemente.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 94)

Constituição da sílaba

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

[Letra diacrítica] É aquela que se junta a outra para lhe dar valor fonético especial e constituir um dígrafo. Em português as letras diacríticas são h, r, s, c, ç, u para os dígrafos consonantais e m e n para os dígrafos vocálicos: chá, carro, passo, quero; campo, onda. Portanto, na palavra hora não há dígrafo. OBSERVAÇÃO: Daí se tiram as seguintes conclusões aplicáveis à análise fonética: 1.ª) Não há ditongo em quero. 2.ª) M e n não são aqui fonemas consonânticos nasais em caMpo, oNda, mas há autores que os classificam como consoantes, por não aceitarem a existência de vogais nasais (Mattoso Câmara). 3.ª) Qu e gu se classificam como /k/ e /g/, respectivamente.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 93)

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

Chamam-se fonemas as unidades combinatórias que pertencem ao sistema de sons de uma língua, dotados de valor distintivo, nas palavras que o homem produz para expressar e comunicar ideias e sentimentos. Os fonemas estão em plano abstrato, no sentido de que só existem como uma imagem acústica armazenada no cérebro do falante [FS.1, 98]. A realização física do fonema, mediante emissão de ondas sonoras pelo aparelho fonador, denomina-se fone. Há casos em que um determinado fonema é realizado fisicamente por mais de um fone, de que decorre falar-se em alofones de um só fonema. [...] Desde logo uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema ou fone com letra. Fonema, conforme já observamos, é uma unidade fonológica que existe no plano abstrato, ao passo que o fone é sua realização articulatória,percebida pelo nosso aparelho auditivo. Letra é o sinal empregado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Não há identidade perfeita, muitas vezes, entre os fonemas e a maneira de representá-los na escrita, o que nos leva facilmente a perceber a impossibilidade de uma ortografia ideal, entendida como a representação gráfica de um fonema por uma só e única letra. Temos, no português do Brasil, como veremos mais adiante, sete vogais orais tônicas: /a/, /e/, /E/, /i/, /o/, //, /u/; no entanto, tais fonemas são representados graficamente por apenas cinco letras: a, e, i, o, u. Quando queremos distinguir um /e/ (fechado) de um /E/ (aberto), geralmente utilizamos sinais gráficos subsidiários: o acento agudo (fé) ou o circunflexo (vê). Há letras que se escrevem por várias razões, mas que não se pronunciam, e portanto não representam a vestimenta gráfica do fonema; é o caso do h em homem ou em oh!. Por outro lado, há fonemas que não se acham registrados na escrita; assim, no final de cantavam, há um ditongo em -am cuja semivogal não vem assinalada: [a’mavãw)]. A escrita, graças ao seu convencionalismo tradicional, nem sempre espelha a evolução fonética, como também não traça distinção entre os alofones de um fonema.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 64 - 65)

Fonema, fone, alofone

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

Chamam-se semivogais os fonemas vocálicos /y/ e /w/ (orais ou nasais) que acompanham a vogal numa mesma sílaba. Os encontros de vogais e semivogais dão origem aos ditongos e tritongos, ao passo que o encontro de vogais dá origem aos hiatos. Graficamente, a semivogal /y/ é representada pelas letras i (cai, lei, fui, Uruguai, etc.) nos ditongos e tritongos orais, e pela letra e (mãe, pães, etc.) nos ditongos nasais; a semivogal /w/ é representada pela letra u (pau, céu, viu, guaucá) nos ditongos e tritongos orais, e pela letra o (pão, mão, saguão, etc.) nos ditongos e tritongos nasais. DITONGO é o encontro de uma vogal e de uma semivogal, ou vice-versa, na mesma sílaba: pai, mãe, água, cárie, mágoa, rei. Sendo a vogal a base da sílaba ou o elemento silábico, é ela o som vocálico que, no ditongo, se ouve mais distintamente. Nos exemplos dados, são vogais: pai, mãe, água, cárie, mágoa, rei. OBSERVAÇÃO: Os ditongos, como os demais encontros vocálicos, podem ocorrer no interior da palavra (dizem-se intraverbais: pai, vaidade), ou pela aproximação, por fonética sintática, de duas ou mais palavras (dizem-se interverbais): Porto Alegre [pohtwa’lEgRI], parte amarga [pahtya’mahgA]. Os ditongos podem ser: a) b) crescentes ou decrescentes orais ou nasais Crescente é o ditongo em que a semivogal vem antes da vogal: água, cárie, mágoa.Decrescente é o ditongo em que a vogal vem antes da semivogal: pai, mãe, rei. Como as vogais, os ditongos são orais (pai, água, cárie, mágoa, rei) ou nasais (mãe). Os ditongos nasais são sempre fechados, enquanto os orais podem ser abertos (pai, céu, rói, ideia) ou fechados (meu, doido, veia). Nos ditongos nasais, são nasais a vogal e a semivogal, mas só se coloca o til sobre a vogal: mãe. Principais ditongos crescentes: Orais: 1) [ya]: glória, pátria, diabo, área, nívea 2) [ye]: (= yi): cárie, calvície 3) [yE]: dieta 4) [yo]: vário, médio, áureo, níveo 5) [y]: mandioca 6) [yo]: piolho 7) [yu]: miudeza 8) [wa]: água, quase, dual, mágoa, nódoa 9) [wi]: linguiça, tênue 10) [w]: quiproquó 11) [wo]: aquoso, oblíquo 12) [we]: coelho 13) [wE]: equestre, goela OBSERVAÇÃO: Em muitos destes casos pode ser discutível a existência de ditongos crescentes “por ser indecisa e variável a sonoridade que se dá ao primeiro fonema. Certo é que tais ditongos se observam mais facilmente na hodierna pronúncia lusitana do que na brasileira, em que a vogal [hoje semivogal], embora fraca, costuma conservar sonoridade bastante sensível” [SA.2, I 7]. De qualquer maneira registre-se o descompasso entre a realidade fonética (ora hiato, ora ditongo) e a maneira invariável de grafar miúdo com acento agudo no u, quer seja proferido como dissílabo (e ditongo, portanto) ou como trissílabo (e hiato). Também palavras como série, glória, que podem ser proferidas como dissílabas (mais usual) ou trissílabas, não têm os encontros vocálicos separados na divisão silábica: sé-rie, gló-ria, em ambosos casos de pronúncia. No plano fonético, o ditongo [ye] pode pronunciar-se como [yi], devido à neutralização entre /e/ e /i/ em silaba átona final: série [‘sERyI]. O mesmo fenômeno ocorre com o ditongo [wo], que pode pronunciar-se como [wu] devido à neutralização entre /o/ e /u/ em sílaba átona final: oblíquo [o’blikwu]. Nasais: 1) [y)ã]: criança 2) [y)e)]: paciência 3) [y)o)]: biombo 4) [y)u)]: médium 5) [w))a)]: quando 6) [w)e)]: frequente, quinquênio, depoente 7) [w)ĩ]: arguindo, quinquênio, moinho Os principais ditongos decrescentes são: Orais: 1) [ay]: pai, baixo 2) [aw]: pau, cacaus, ao 3) [Ey]: réis, coronéis 4) [ey]: lei, jeito, fiquei 5) [Ew]: céu, chapéu 6) [ew]: leu, cometeu 7) [iw]: viu, partiu 8) [y]: herói, anzóis 9) [oy]: boi, foice 10) [ow] vou, roubo, estouro 11) [uy] fui, azuis OBSERVAÇÃO 1: O ditongo [ay], diante de sílaba iniciada por consoante nasal, pode assimilar o traço de nasalidade em algumas regiões linguísticas do Brasil, de cujo fato decorre uma pronúncia [ãy)], como em faina, paina, andaime, etc. OBSERVAÇÃO 2: No plano fonético, devido ao processo da monotongação, o ditongo [ow] perde a semivogal na linguagem coloquial, vindo a pronunciar-se /o/: pouco diz-se [‘powkU] ou [‘pokU]. Também os ditongos [ay] e [ey] podem sofrer monotongação para /a/ e /e/ na pronúncia coloquial, o primeiro perante /Z/ ou /S/, e o segundo perante /Z/, /S/ ou /R/: caixa, baixo, queijo, freira, etc. OBSERVAÇÃO 3: Devido ao processo de vocalização do /l/ na maior parte das regiões linguísticas do Brasil, verifica-se, no plano fonético, a ocorrência dos ditongos [w], como em sol, anzol, atol, e [uw], como em azul, sul, culpa, etc. Nasais: 1) [ãy)]: alemães, cãibra 2) [ãw)]: pão, amaram 3) [˜ey)]: bem, ontem 4) [õy)]: põe, senões 5) [u)y)]: mui, muito NOTA: Nos ditongos nasais decrescentes [˜ey))], [ãy] e [ãw)] (cf SS.3, 320. 18, onde vãs rima com mães), a semivogal pode não vir representada na escrita. Escrevemos a interjeição hem! ou hein!, sendo que, a rigor, a primeira grafia é mais recomendável. TRITONGO é o encontro vocálico em que uma vogal se situa entre duas semivogais numa mesma sílaba. Os tritongos podem ser orais e nasais. Orais:Nasais: 1) [way]: quais, paraguaio1) /w)ãw)/: mínguam, saguão, quão 2) [wey]: enxaguei, averigueis 2) [w)˜ey)]: delinquem, enxáguem 3) [wiw]: delinquiu 3) [w)õy)]: saguões 4) [wow]: apaziguou OBSERVAÇÃO 1: Nos tritongos nasais [w)ãw) e w)˜ey)] a última semivogal pode não vir representada graficamente: mínguam, enxáguem. OBSERVAÇÃO 2: Entre portugueses, por não haver o maior relevo da primeira vogal – fato que se observa entre brasileiros –, o grupo de vogal seguida deum ditongo pode constituir-se num tritongo: fiéis, poeira, pião. HIATO é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes por guardarem sua individualidade fonética: saída, caatinga, moinho. Isto se dá porque a passagem da primeira para a segunda se faz mediante um movimento brusco, com interrupção da voz [MN. 1, 55]. Em português, como em muitas outras línguas, nota-se uma tendência para evitar o hiato, pela presença da ditongação ou da crase. OBSERVAÇÃO 1: Desenvolvem-se uma semivogal /y/ e uma semivogal /w/ nos encontros formados por ditongo decrescente seguido de vogal final ou ditongo átono: praia [‘prayyA], cheia [SeyyA] tuxaua [tu’SawwA], goiaba [goy’yabA]. OBSERVAÇÃO 2: Nos hiatos cuja primeira vogal for u e cuja segunda vogal for final de vocábulo (seguida ou não de s gráfico), o desenvolvimento de /w/ variará de acordo com as necessidades expressionais ou as peculiaridades individuais: nua = [‘nua] ou [‘nuwa]; recue = ou [‘nuwa]; recue = [{e’kue] ou [{e’kuwe]; amuo = [a’muo] ou [a’muwo]. OBSERVAÇÃO 3: Os encontros ia, ie, io, ua, ue, uo finais, átonos, seguidos ou não de s, classificam-se quer como ditongos, quer como hiatos, uma vez que ambas as emissões existem no domínio da língua portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie; pá-ti-o e pá-tio; ár-du-a e ár-dua; tê-nu-e e tê-nue; vá-cu-o e vá-cuo. Lembrando que, para efeito de divisão silábica, esses encontros finais não se separam. Nos encontros vocálicos costumam ocorrer dois fenômenos: a diérese e a sinérese. Chama-se DIÉRESE à passagem de semivogal a vogal, transformando, assim, o ditongo num hiato: trai-ção = tra-i-ção; vai-da-de = va-i-da-de; cai = ca-i. Chama-se SINÉRESE à passagem de duas vogais de um hiato a um ditongo crescente: su-a-ve = sua-ve; pi-e-do-so = pie-do-so; lu-ar = luar. A sinérese é fenômeno bem mais frequente que a diérese. A poesia antiga dava preferência ao hiatismo, enquanto, a partir do século XVI, se nota acentuada predominância do ditonguismo (sinérese). É claro que os poetas modernos continuaram a usar a diérese, mormente como efeito estilístico- fônico para a ênfase, a ideia de grandeza, etc. No conhecido verso deMachado de Assis, do soneto “Círculo vicioso”, auréola com quatro sílabas acentua o tamanho descomunal ressaltado pela leitura lenta: “Pesa-me esta brilhante auréola de nume...”.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 76 - 79)

Semivogais. Encontros vocálicos: ditongos, tritongos e hiatos

Evanildo Bechara: Moderna Gramática Portuguesa (Hardcover, Português language, 2024, Nova Fronteira) No rating

Com mais de meio milhão de exemplares vendidos apenas nas duas últimas edições, a Moderna …

A voz humana se compõe de tons (sons musicais) e ruídos, que o nosso ouvido distingue com perfeição. Caracterizam-se os tons, quanto às condições acústicas, por suas vibrações periódicas. Esta divisão corresponde, em suas linhas gerais, às vogais (= tons) e às consoantes (= ruídos). As consoantes podem ser ruídos puros, isto é, sem vibrações regulares (correspondem às consoantes surdas), ou ruídos combinados com um tom laríngeo (consoantes sonoras) [BM.1, 20]. Quanto às condições fisiológicas de produção, as vogais são fonemas durante cuja articulação a cavidade bucal se acha completamente livre para a passagem do ar. As consoantes são fonemas durante cuja produção a cavidade bucal está total ou parcialmente fechada, constituindo, assim, num ponto qualquer, um obstáculo à saída da corrente expiratória. OBSERVAÇÃO: Só por suas condições acústicas e fisiológicas de produção é que se distinguem as vogais das consoantes. Por imitação dos gregos, os antigos gramáticos definiam a vogal pela sua função na sílaba: elemento necessário e suficiente para formar uma sílaba. E daí chegavam à conceituação deficiente de consoante: fonema sem existência independente, que só se profere com uma vogal. Sabemos de idiomas em que há sílabas constituídas apenas de consoantes, e em que uma consoante pode fazer as vezes de vogal [LR.1, 75]. Na língua portuguesa a base da sílaba ou o elemento silábico é a vogal; os elementos assilábicos são a consoante e a semivogal, que estudaremos mais adiante.

Moderna Gramática Portuguesa by  (Page 70 - 71)

Vogais e consoantes

Piotr Stutchka: O Papel Revolucionário do Direito e do Estado (Paperback, Português language, 2023, Editora Contracorrente) No rating

A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro O papel revolucionário …

Uma excelente formulação do conceito revolucionário de classe foi dada pelo camarada Lênin ainda em 1919, em seu “Uma grande iniciativa”:

São chamadas de classes grandes grupos de pessoas que se diferenciam por seu lugar em um sistema de produção social historicamente determinado, por sua relação (em grande parte estabelecida, formulada por leis) com os meios de produção, por seu papel na organização social do trabalho e, consequentemente, pelo modo e pela dimensão da parcela de riqueza social de que dispõem. As classes são grupos de pessoas nos quais uma pode se apropriar do trabalho de outra, graças à diferença de seus lugares em um regime determinado de economia social.

O Papel Revolucionário do Direito e do Estado by  (35%)

Piotr Stutchka: O Papel Revolucionário do Direito e do Estado (Paperback, Português language, 2023, Editora Contracorrente) No rating

A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro O papel revolucionário …

A princípio, a ciência burguesa se calou sobre Marx, em parte porque de fato não o compreendeu, mas acima de tudo porque não o quis compreender. Não por muito tempo, pois a teoria de Marx não era uma teoria livresca, mas viva, que bateu à porta da burguesia na forma das massas proletárias. E depois de Marx foram possíveis apenas continuadores ou revisores (revisionistas) de sua teoria. É extremamente interessante que, quase ao mesmo tempo, em todo o mundo, tenha surgido entre os socialistas uma ala direita “traidora” do marxismo, mas isto era apenas o reflexo do revisionismo puramente burguês. A burguesia, que em geral não distingue sociologia e socialismo, como constantemente confunde revolução “social” e socialista, deu origem a uma série de novas tendências revisionistas na sociologia.

O Papel Revolucionário do Direito e do Estado by  (28%)

Piotr Stutchka: O Papel Revolucionário do Direito e do Estado (Paperback, Português language, 2023, Editora Contracorrente) No rating

A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro O papel revolucionário …

E eis que

as relações de produção, na sua totalidade, formam aquilo a que se dá o nome de relações sociais, a sociedade, e, na verdade, uma sociedade num estágio determinado de desenvolvimento histórico, uma sociedade com caráter próprio, diferenciado. A sociedade antiga, a sociedade feudal, a sociedade burguesa são conjuntos de relações de produção desse tipo, e cada uma delas caracteriza, ao mesmo tempo, um estágio particular de desenvolvimento na história da humanidade.¹²⁹

Assim, o conjunto das pessoas, conectadas em um determinado estágio histórico de desenvolvimento por um conjunto de condições de produção, como base de suas inter-relações, chama-se sociedade, e “as relações sociais” desses produtores são o que chamamos de relações de produção ou de trabalho.

A seguir, Marx adiciona, ainda, a relação de troca às relações de produção. Escreve Marx em 1846, em carta a P. V. Ánnienkov sobre Proudhon:

A um nível determinado do desenvolvimento das forças produtivas dos homens corresponde uma forma determinada de comércio e de consumo. A determinadas fases de desenvolvimento da produção, do comércio, do consumo correspondem formas determinadas de organização social, uma determinada organização da família, das camadas ou das classes; em resumo: uma determinada sociedade civil. A uma sociedade civil determinada corresponde uma situação política determinada que, por sua vez, nada mais é que a expressão oficial dessa sociedade civil.¹³⁰

Mas, ao falar sobre a sociedade como um conjunto de relações de produção e troca, Marx explica que a sociedade não é uma simples soma dessas relações, que, mais do que essa soma no processo de produção e troca, obtém-se um determinado sinal de mais puramente social. Dessa maneira, a pessoa, como parte da sociedade, não é simplesmente um indivíduo com inclinações sociais, é “a pessoa socializada” (Vergesellschafteter Mensch, “uma pessoa em processo de trabalho”). Se, em Marx, é possível encontrar a palavra sociedade também em outro sentido, como um conjunto de pessoas, é geralmente no sentido de que as pessoas são, em geral, a personificação das relações de produção (por exemplo, Marx fala com frequência do capitalista como a personificação do capital, da classe dos proprietários de terra como a personificação da propriedade de terra).

Assim, Marx entende a palavra sociedade, em primeiro lugar, como um conjunto de relações de produção e, em seguida, de relações de distribuição. “As relações de produção (e, acrescentamos, de troca) de qualquer sociedade constituem um todo”,¹³¹ diz Marx em seu Miséria da filosofia, do qual partimos para nossa definição de direito ao nos referirmos a um “sistema de relações sociais” como um todo, a ordem social, que encontra pleno acordo com a abordagem de Marx.

O Papel Revolucionário do Direito e do Estado by  (28%)

Cezar A. Mortari: Introdução à Lógica (Paperback, Português language, 2017, Editora Unesp) No rating

Ao contrário do que pensam alguns, a lógica é uma ciência apaixonante e viva, fruto …

Além de considerar que argumentos são válidos ou inválidos, tradicionalmente tem sido também feita uma distinção entre argumentos dedutivos e indutivos. É costume diferenciá-los dizendo que os argumentos dedutivos são não ampliativos, isto é, num argumento dedutivo, tudo o que está dito na conclusão já foi dito, ainda que implicitamente, nas premissas. Argumentos indutivos, por outro lado, seriam ampliativos, ou seja, a conclusão diz mais, vai além, do que o afirmado nas premissas.

Essa maneira de colocar as coisas, porém, é um tanto insatisfatória, pois não fica claro quando é que a conclusão diz só o afirma do nas premissas e quando diz mais do que isso. Uma saída seria dizer que a conclusão não diz mais do que está dito nas premissas se ela for consequência lógica das premissas e então estaríamos identificando argumento dedutivo e argumento válido, o que fazem muitos autores. Num sentido estrito, portanto, podemos começar dizendo que um argumento é dedutivo se e somente se ele for vá lido. Contudo, há um sentido mais amplo em que um argumento, ainda que invalido, pode ser chamado de dedutivo: quando há a in tenção, por parte de quem constrói ou apresenta o argumento, de que sua conclusão seja consequência lógica das premissas, ou seja, a pretensão de que a verdade de suas premissas garanta a verdade da conclusão. [...] Porém, independentemente de usarmos o termo 'dedutivo' num sentido estrito ou amplo, nem todos os argumentos que usamos são dedutivos, ou seja, nem sempre pretendemos que a conclusão do argumento seja uma consequência lógica das premissas. Muitas vezes raciocinamos por analogia, ou usando probabilidades - conforme os exemplos a seguir, nos quais se pretende apenas que a conclusão seja altamente provável, dado que as premissas são verdadeiras (A7) P 80% dos entrevistados vão votar no candidato X

►80% de todos os eleitores vão votar em X.

ou então:

(A8) P₁ Esta vacina funcionou bem em macacos.

P₂ Esta vacına funcionou bem em porcos.

► Esta vacına vai funcionar bem em seres humanos.

Os argumentos correspondentes a esses tipos de raciocínio são chamados de indutivos. O primeiro deles poderia ser chamado de um argumento estatístico, ao passo que o segundo poderia ser classificado como um argumento por analogia (pois está baseado nas grandes semelhanças entre os organismos de humanos, macacos e porcos). Repetindo, não há a pretensão de que a conclusão seja verdadeira caso as premissas o forem apenas que ela é provavelmente verdadeira ou que temos boas razões para acreditar que ela seja verdadeira

Como veremos em grande parte do que se segue, a lógica contemporânea é dedutiva. Afinal, estamos interessados, ao partir de proposições que sabemos ou supomos verdadeiras, em atingir conclusões das quais tenhamos uma garantia de que também sejam verdadeiras. Nesse sentido, o ideal a ser alcançado é uma linha de argumentação dedutiva, em que a conclusão não pode ser falsa, caso tenhamos partido de premissas verdadeiras.

Porém, na vida real, muitas vezes não temos esse tipo de garantia, e temos de fazer o melhor possível com aquilo de que dispomos É aqui que se abre espaço para argumentos como os indutivos. Mas, ao contrário da lógica dedutiva (que, afinal, é o objeto deste livro), a lógica indutiva não foi igualmente tão desenvolvida. Muitas pro postas foram e têm sido feitas poderíamos mencionar a lógica indutiva de Rudolf Carnap (1891-1970), por exemplo, mas tem sado muito difícil conseguir caracterizar de modo preciso o que seja um argumento indutivamente forte. Quando você diz, por exemplo, que, sendo as premissas verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira, qual o grau de probabilidade necessário para que argumento indutivo seja considerado forte? Certamente uma probabilidade de 95% é alta, enquanto uma probabilidade de, digamos, 10% é baixa. Onde, porém, colocar o limite?

Questões como essa sempre dificultaram o desenvolvimento de uma lógica indutiva num grau de sofisticação semelhante ao da lógica dedutiva. A última década, contudo, viu ressurgir um interesse muito grande em esquemas de inferência não dedutivos, em razão de aplicações em inteligência artificial Voltaremos a falar nisso. ainda que de modo breve, no final deste livro, mas, por enquanto. vamos começar estudando a lógica dedutiva.

Introdução à Lógica by  (Page 42 - 44)

Cezar A. Mortari: Introdução à Lógica (Paperback, Português language, 2017, Editora Unesp) No rating

Ao contrário do que pensam alguns, a lógica é uma ciência apaixonante e viva, fruto …

Com relação, agora, ao papel da logica na análise dos argumentos, ela se ocupa apenas da segunda questão, a da validade. E obvio que, no dia a dia, se quisermos empregar argumentos que realmente justifiquem sua conclusão argumentos corretos, a questão dia verdade das premissas também é da maior importância. Mas de terminar, para cada argumento, se suas premissas são verdadeiras ou não, não é uma questão de lógica. Caso contrário, a lógica teria de ser a totalidade do conhecimento humano, pois as premissas de nossos argumentos podem envolver os mais variados assuntos: zoologia, matemática, química industrial, a psicologia feminina, o que cozinhar para o almoço, e assim por diante. Mas a logica não pretende ser a ciência de tudo. Além do mais, muitas vezes fazemos inferências e procuramos obter conclusões a partir de premissas que sabemos serem falsas. Como mencionei algumas páginas atrás, frequentemente raciocinamos a partir de hipóteses: o que aconteceria se eu fizesse isso ou aquilo? Mesmo sabendo que o ponto de partida é falso, podemos tirar conclusões sobre o que poderia acontecer e basear nossas ações nisso

Para colocar isso de outro modo, a lógica não se interessa por argumentos específicos como (A1) ou (A3): o que se procura estudar são as formas de argumento, como (F1) e (F2); são essas formas que serão válidas ou não. Costuma-se dizer, a propósito, que a lógica não se ocupa de conteúdos, mas apenas da forma e eis a razão pela qual ela é chamada de lógica formal.

Assim, não deve ser motivo de surpresa que a lógica deixe de lado a primeira das questões, ou seja, se premissas de um argumento são, de fato, verdadeiras ou falsas. O que interessa é supondo que elas fossem verdadeiras, a conclusão teria obrigatoriamente de sê-lo? É essa relação de dependência entre premissas e conclusão que a lógica procura caracterizar.

Introdução à Lógica by  (Page 40 - 41)